terça-feira, julho 31, 2012

Cruzes e Quinas




...ou a Sagres vista do Creoula, Julho 2012.

quinta-feira, julho 26, 2012

Os méritos de Hermano Saraiva



O desaparecimento de José Hermano Saraiva foi dos acontecimentos mais comentados nos últimos dias. Como seria de esperar, de resto, tanto pela morte propriamente dita, já que por aparições recentes parecia extremamente doente e envelhecido, como pelos sentimentos que o seu falecimento despertou.

Era uma daquelas figuras que me habituei sempre a ver na televisão, em sucessivos programas de título inspirado. Havia quem não tivesse a melhor das impressões dele, do seu desempenho no cargo de Ministro da Educação ao tempo da crise académica de 1969, e os célebres "gorilas" da Situação. Mas Hermano Saraiva conseguiu livrar-se em boa parte dessa imagem graças ao mediatismo televisivo que adquiriu mais tarde. Foi o ministro de Salazar que, a par talvez de Adriano Moreira (que tinha fama de "liberal"), melhor acolhimento teve no actual regime. Caricaturável, acarinhado por pessoas como Herman José, com grande audiência e o seu muito peculiar estilo e forma de apresentar, a sua voz roufenha com assomos de gravidade, os gestos sincronizados, as frases marcantes (o inconfundível "...aqui, precisamente aqui..."), transmitia alguma bonomia, e apesar de ser até ao fim admirador confesso de Salazar, nunca se mostrou um homem amargurado ou derrotado. A sua obra mais conhecida é a "História Concisa de Portugal", que deve existir em cada estante ou pequena biblioteca por esse país fora. Não era exactamente um académico de imensa craveira e prestígio como tal, e nas suas dissertações criava amiúde algumas situações fictícias (como a dos comerciantes que na Idade média desciam o Guadiana até Vila Real de Santo António...que se fundou por vontade do Marquês de Pombal, ou a forma como Camões perdeu o olho, outro dos episódios que lhe mereceu algumas críticas). Mas teve o não pequeno mérito de contar a História de Portugal e das suas terras aos portugueses, fazendo com que muitos ficassem a saber mais sobre o seu país, ou pelo menos mais curiosos sobre isso. Percorreu Portugal de lés-a-lés, andou por vilas e aldeias, visitou castelos, igrejas, conventos, solares, museus, ruínas de todo o tipo. Deu a conhecer o país pela televisão e não só, sugeria mesmo propostas líricas, como levar os jovens portugueses pelo Mediterrâneo fora, para conhecer os vestígios da Grécia Antiga. Podia ser um pouco efabulador e criador de mitos; mas não será precisamente através da busca do que é fascinante, de conhecer as fábulas, de procurar no lendário e no mitológico, que se percebe e se descobre a História?

PS: de referir também o desaparecimento de Helena Cidade Moura, responsável pela edição da obra de Eça tal como a maior parte a conhece hoje, pelas extensas campanhas de alfabetização pós-25 de Abril e antiga dirigente e deputada do MDP/CDE, e uma das promotoras da definitiva secessão daquele histórico movimento de esquerda fundado por católicos progressistas das coligações com o PCP. Aqui fica um excelente epitáfio.

terça-feira, julho 24, 2012

As Astúrias de novo como fonte de tensão


A revolta dos mineiros nas Astúrias (e Aragão, e Castela-Leão), culminada na "Marcha Negra" até Madrid, recorda outros confrontos mais antigos e ilustra bem os problemas sociais e económicos que a Espanha atravessa. E não anuncia nada de bom.

Com os juros a crescer assustadoramente de cada vez que o estado espanhol se tem de "abastecer", o governo de Mariano Rajoy decidiu cortar radicalmente nos subsídios da indústria mineira de carvão sediada no Norte do país, sobretudo nas Astúrias. A medida ameaça encerrar praticamente toda a actividade extractiva e lançar mais de vinte mil pessoas, cujo trabalho depende directa ou indirectamente das minas, no desemprego. Recorde-se que a Espanha já tem 25% de desempregados.

As medidas do governo causaram pânico e fúria nas regiões afectadas. Imediatamente começou a contestação, e houve mesmo confrontos entre mineiros e a polícia de choque, com as primeiros a responder com engenhos artesanais de arremesso de projécteis e foguetes ao gás lacrimogêneo lançado pela guarda.


As escaramuças recordam os anos de chumbo da década de 1930, quando os mineiros, influenciados pelo anarco-sindicalismo e socialismo radical, se revoltaram, ocuparam as cidades e chegaram mesmo a proclamar uma "república socialista" nas Astúrias. A revolta, muito à base de ataques com explosivos, e que não poupou igrejas nem clérigos, seria esmagada pelas forças comandadas por Francisco Franco e as famigeradas tropas marroquinas de elite, célebres pela sua ferocidade. E anunciou a Guerra Civil que se seguiria poucos anos depois.

O tom e os protestos não atingem a dimensão dos anos trinta, é certo. Não há mortes, nem fuzilamentos, nem atentados. E os mineiros não têm o anti-clericalismo de outrora, até exibem imagens de santos Mas há mini-barricadas, arremesso de projécteis, contestação, ameaças de caos social. A "Marcha Negra" dos homens do carvão chegou a Madrid e teve logo o apoio de milhares de manifestantes e de "indignados". E não faltaram confrontos com a polícia e alguns feridos e detidos, embora em abono da verdade não tivessem sido os mineiros a despoletar, mas sim os anarcas anti-sistema que fazem disto o seu modo de vida.


"Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão". O ditado parece fazer sentido neste caso bicudo. No entanto, todos têm a sua razão. Os mineiros, porque a descida dos subsídios ameaça lançar milhares no desemprego. Num país onde isto é um problema crónico, e para pessoas com mais de quarenta anos que sempre trabalharam nesta área, pode ser traumático e cruel. Existe o real perigo de comunidades inteiras perderem o seu trabalho. é o velho erro de se apostar apenas numa actividade económica num mesmo espaço geográfico.
Mas o governo também tem as suas razões. O défice público é imenso e há que cortar em alguma coisa, e se as minas não são rentáveis, até porque o carvão que vem de fora é mais barato, não parece exequível mantê-las em funcionamento. Além do mais, exigências ecológicas e normas da União Europeia obrigam ao progressivo abandono do carvão como fonte de energia até ao fim desta década.

É uma situação complicada de difícil solução. Mais avisado seria talvez o governo diminuir os cortes à indústria do carvão (tendo obrigatoriamente que fazer alguns), diminuindo progressivamente os subsídios, de modo a evitar uma situação ainda mais explosiva e socialmente insustentável. O desemprego exige novas despesas por parte do estado. Já bastam as querelas ideológicas que subsistem desde há décadas, e o ambiente tenso e o medo que se vive no país. Recordar a História, sobretudo a não tão antiga, é imperioso, e aprender com as suas lições ainda mais. Há que usar bom senso. Do governo e dos que se lhe opõem, porque não será com certeza com greves sucessivas e "indignações" inconsequentes que Espanha irá enfrentar os gravíssimos problemas que tem pela frente.

sexta-feira, julho 20, 2012

Grandes veleiros em Lisboa


Quem for a Lisboa por estes dias não deve perder um espectáculo raro e majestoso. A Tall Ship Race, regata dos grandes veleiros, deitou as amarras na capital, mais concretamente em Santa Apolónia, até Domingo. A entrada é livre e a oportunidade de combinar beleza de navios como a Sagres, o Creoula, o alemão Alexander von Humboldt e o neerlandês Europa com o estuário do Tejo não pode ser desaproveitada. Afinal, os apelos do regresso de Portugal aos mares podem também começar por aqui.





 

 

God Forgive America



Talvez tenha passado despercebida a reportagem e a pequena entrevista do Expresso a Jonathan Winer, ex-secretário de Estado de Bill Clinton, sobre o caso de Joe Wright e a sua hipotética extradição para os Estados Unidos. Independentemente da justiça  da decisão dos juízes portugueses (recordemos que essa hipótese não se coloca no caso da haver pena de morte aplicável aos casos imputados), interessam-me os comentários do ex-governante americano, que sugere que caso Portugal (ou seja, o sistema judicial) não queria proceder à extradição, se devem "considerar outras opções". Quais? "Detenções extrajudiciais" (sequestro), engodos, caçadores de prémios; o entrevistado ainda acha que a sorte é não ser no Paquistão, senão dever-se-ia usar um drone para o eliminar, e que o caso é "anormal e injusto". Menos anormal para Winer será usar-se operações secretas para apanhar alguém em território português, uma vez que "não quer saber da lei portuguesa para nada". Sim, mesmo tendo em conta que Portugal é um aliado e fundador da NATO.

Por mais Obamas, okupas de Wall Street e activistas de tudo quanto são "direitos civis" que os EUA produzam, continua a ser a nação que se desenvolveu com a Bíblia e o revólver. Está-lhes entranhado, e quando se tornaram uma super-potência, espalharam a sua particular Pax pelo mundo, ou pelo menos pelas suas zonas de influência. É o excepcionalismo americano em todo o seu esplendor, a "nação indispensável", os Estados Unidos como farol da liberdade (outros consideravam-se o "farol do socialismo"), de democracia e da economia livre, espalhando-as nem que seja à bomba ou ao drone.

A same old America de sempre. A lei do Faroeste, a reminiscência puritana dos Founding Fathers e a sua influência cultural são demasiado fortes para não se aplicarem até aos dias de hoje. É inevitável. Está-lhes no sangue e na pele.


domingo, julho 15, 2012

Música nos jardins



E a propósito do recente trabalho de Miguel Araújo (Jorge), o próprio vai estar esta tarde nos jardins do Passeio Alegre a dar música aos transeuntes e a todos os que se disponham a lá ir, em mais uma sessão do Porto Sunday Sessions, que já vai na terceira sessão e que funcionará até ao fim do Verão. Tardes de Domingo passadas em jardins portuenses, com um DJ diferente em cada semana, colocando música mais alegre ou mais relaxante. Este mês as sessões funcionarão no Passeio Alegre, passando para o jardim de S. Lázaro em Agosto e para o Parque da Cidade em Setembro. À excepção deste último espaço, a música será emitida dos coretos dos respectivos jardins, verdadeiros pontos de referência, tal como acontecia outrora, quando era trivial as famílias dirigirem-se aos jardins públicos para ouvirem as bandas tocarem nesses grandes quiosques musicais. Os coretos voltam agora à sua função original, de espaços musicais, se bem que de forma ligeiramente alterada. Como diria o Príncipe de Salina, "é preciso que mude uma ou duas coisas para que tudo permaneça igual"


sábado, julho 14, 2012

Novas músicas portuguesas



A música portuguesa continua a demonstrar uma saudável avalanche criativa e a oferecer-nos também pequenas pérolas visuais. Exemplos recentes:
Os Capitães da Areia, espalhando ao redor o seu Verão Eterno, trazem-nos agora As Raparigas da Minha (sua?) Idade, num ritmo de electro-roque quase em looping, provocador e dançável.


Os Salto prosseguem no seu caminho para o estrelato e laçaram o single Deixar Cair, também numa toada entre a electrónica e o roque (riffs bem destacados), com um video irresistível composto por umas dezenas de personagens sub-30.


Uma das músicas mais tocadas nas rádios nacionais nos últimos meses, Os Maridos das Outras. Num intervalo entre dois discos dos Azeitonas, do qual é compositor e co-vocalista, Miguel Araújo Jorge subtraiu o último nome, ficando simplesmente Miguel Araújo (depois de usar o pseudónimo "Mendes" nos duetos com João Só), e lançou o disco Cinco Dias e Meio. As músicas revelam letras irónicas e agridoces, entre a observação da pequena vida contemporânea urbana e uma certa nostalgia de tempos dos fins da infância, que será familiar a muita gente que ande entre os trinta e os trinta e cinco. Fica aqui o video, que perde em qualidade o que ganha em genuinidade, de Os Maridos das Outras em versão ukelele.

quarta-feira, julho 11, 2012

Elvas Património da Humanidade


Já vai com uns dias de atraso, mas não podia deixar de saudar a classificação como Património da Humanidade das fortificações de Elvas, uma das mais encantadoras cidades portuguesas.

A UNESCO classificou o conjunto das muralhas da cidade, o forte de Santa Luzia, setecentista, o forte da Graça, saído do génio militar do Conde de Lippe (um grande "cabo de guerra" do Séc. XVIII que reorganizou o exército em tempos do Marquês de Pombal), o centro histórico da cidade (o que pressupõe a Sé, julgo eu), o soberbo e imponente Aqueduto da Amoreira, e ainda alguns fortins adjacentes. Ou seja, todo o conjunto abaluartado e algumas construções não estritamente militares. Um enorme, precioso e belíssimo testemunho da arquitectura militar e não só, que apesar das inúmeras guerras com estremenhos, castelhanos e franceses, chegou aos nossos dias intacto. Tudo graças aos elvenses, que souberam conservar a sua cidade e merecem bem este reconhecimento da UNESCO.






PS: logicamente, há que dar o mérito a quem o merece, em especial aos representantes portugueses na UNESCO.

segunda-feira, julho 09, 2012

Ler os outros e ouvir outras Vozes



Há para aí muitas remissões em muitos blogues com o simples título "ler os outros". Pois aqui vai uma. Um texto essencial de Tiago Cavaco (em tempos conhecido nos meios musicais por Guillul), no seu eterno Voz do Deserto, que exprime aquilo que muitas vezes não se diz, ou por temor reverencial de críticas situacionistas, ou porque realmente não se pensa no assunto. A ler, reflectir, discutir.


Há pessoas que, como eu, não vêm o aborto como um mal necessário mas como simplesmente um mal. Para nós o facto do aborto ser hoje um direito civil não derreteu a ideia que dele temos como uma coisa terrível. (...) Suspeito que parte das pessoas que foram contra o aborto sente-se aliviada que a sua posição tenha perdido. Porque a tarefa difícil que é defender convicções na praça pública parece no momento da derrota desnecessária. E todos os que nos envolvemos nesse debate sabemos que custa divergir de pessoas que respeitamos e amamos. Alguns saem meio traumatizados com discussões que tiveram com amigos achando que àquele lugar não querem mais voltar. Mas deixar de lutar por ideias pelo facto de que os nossos amigos que não as têm ficam escandalizados connosco parece-me um modo triste de revelar que essas ideias não são assim tão importantes para nós. As convicções vêem-se no que nos custam junto dos que nos são próximos mas distantes delas (...).
Os nossos adversários não devem admirar-se que queiramos reverter a Lei do Aborto. Isso não é aos nossos ouvidos uma acusação mas um elogio. Um sinal que estamos firmes no que dissemos no Passado. Do mesmo modo como lhes reconhecemos a vitória legítima no Referendo que ganharam, devem oferecer-nos a mesma legitimidade se fizermos que os mesmos cidadãos mudem de opinião. Democracia também é isto.

(Voz do Deserto, 06/07/2012)

domingo, julho 08, 2012

A miséria académica


O caso Miguel Relvas - mais um, depois das dispensas de Pedro Rosa Mendes, das pressões sobre o Público e dos contactos que afinal eram mais do que um, com Jorge Silva Carvalho - que tantas parecenças tem com os de Sócrates e outros elementos da política nacional obriga inevitavelmente a olhar para o nosso sistema académico e para o ensino universitário privado. O facto em si já é grave, e devia, por acumulação, levar à demissão de Relvas, o perfeito fura-vidas da política, que está em toda a parte sem se saber bem como. Mas como o "licenciado" tem igualmente o controlo do aparelho partidário do PSD, é mais inamovível do que uma lapa.

A tal licenciatura em não-se-sabe-bem-o-quê de Relvas deve, espera-se, ser ser a gota de água neste tipo de procedimentos, depois do famosíssimo caso da licenciatura de José Sócrates num Domingo, da de Armando Vara, e das de várias figuras da política portuguesa, ávidas de adquirirem um "canudo" que lhes dê o tratamento de "doutor" ou "engenheiro". A tampa soltou-se, e será doravante impossível que as coisas fiquem na mesma, tal o brado que têm provocado. O ensino privado tal como existe em Portugal passa por horas de amargura. Já tivemos a tristemente célebre Universidade Moderna, pertença da maçonaria da Casa do Sino, a sua publicidade maciça e os inúmeros atritos em que esteve envolvida; a Universidade Independente e as suas licenciaturas a pedido; e temos agora os estilhaços da antiga Universidade Livre, sobretudo a Lusófona, que distribui diplomas consoante o "currículo". Definitivamente, fora do ensino público e concordatário (Católica), poucas são as privadas que se destaquem pela positiva. Mal na fotografia  ficam também as instituições às quais cabem a supervisão destes centros de "ensino", que mais não são do que empresas que vendem cursos com alguma aparência de mérito. Depois dos tristes exemplo do Banco de Portugal sob essa ilusão chamada Vítor Constâncio, e da Autoridade para a Concorrência, temos agora as universidades privadas com rédea solta, onde o estudo, o mérito e o conhecimento são pormenores secundários face à posição e meios de certos alunos. Tudo isto numa altura em que licenciados, pós-graduados, mestres e doutorados em universidades a sério, a tal "geração mais qualificada de sempre", se vêem sem trabalho e muitas vezes emigram para onde o haja e onde os seus conhecimentos são aproveitados. É compreensível que se revoltem, ao lado destas nulidades que trepam na vida com cursos adquiridos a trouxe-mouxe.

Mas há outros aspecto que sobressai deste levantar do tapete do mundo das privadas e dos que nelas tiram cursos ao minuto: o de que a classe política, de há uns anos para cá, tem uma preparação medíocre, consequência de terem vindo dos partidos e respectivas juventudes e não terem carreira profissional ou académica minimamente relevantes. Repare-se: Mário Soares, ainda que sem notas brilhantes, tem duas licenciaturas. Cavaco Silva, Freitas do Amaral, Adriano Moreira, e o desaparecido Mota Pinto eram docentes respeitados nas suas áreas, com currículos assinaláveis nas suas universidades. Guterres formou-se em engenharia com nota 19. Durão Barroso ficou a meio do Doutoramento em Georgetown. Santana Lopes formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa e esteve como bolseiro na Alemanha. Depois, de súbito, chega-se à fissura, a partir de Sócrates e do citado curso da Independente, passando por Passos Coelho e António José Seguro, com cursos tirados rapidamente e já com trinta e tais (as respectivas juventudes era impeditivas de maior aplicação ao estudo), e chegando aos casos extremos como Relvas. Olhemos para os líderes dos principais partidos: Francisco Louçã é catedrático do ISEG, em economia; Paulo Portas é licenciado em Direito, pela Católica; Jerónimo de Sousa não tem estudos universitários e não o esconde de ninguém (no PC até é bem visto, faz parte do sector "operário"). E se formos mais além, ainda descobrimos Garcia Pereira, doutorado em Direito do Trabalho. Passos e  Seguro, líderes dos partidos do poder, são o que se vê, e representam bem a miséria académica que grassa no centrão, de onde emanam políticos sem currículo além da vida partidária, e sem instrução, estudos ou obra relevantes ou sentido de serviço público.


quinta-feira, julho 05, 2012

Pininfarina


Sergio Pininfarina (1926 - 2012)
Desapareceu o grande arquitecto do design automóvel dos últimos cinquenta anos.











(Pronto, o primeiro não é da autoria de Sergio, embora seja obra da Pininfarina, mas não resisti...)

terça-feira, julho 03, 2012

E para encerrar o Europeu


Ficam aqui duas máximas lidas por estes dias, que bem merecem ser recordadas:

"Interceptar os passes de Pirlo é como roubar a Mona Lisa do Louvre", da autoria de um jornalista anglo-saxónico.

"La Furia virou La Roja, e agora está virando La Siesta", lido num fórum brasileiro.

O Tiki-Takennacio há de acabar



Não conseguimos levar a Espanha de vencida nas meias finais, apesar da excelente disposição táctica de Paulo Bento, e tivemos agora de ver a equipa de Del Bosque ganhar novo caneco europeu depois de dar 4-0 à Itália. Depois da desilusão de ver a equipa nacional falhar o acesso à final, nova desilusão. Jamais pensei que os transalpinos perdessem por tanto, depois de uma primorosa meia-final (também já é hábito vencerem os alemães), e quando até tinham empatado no primeiro jogo com os adversários de ontem. Uma equipa com Pirlo e Buffon nunca deveria perder por quatro. E sobretudo, causa-me espécie esta equipa de Espanha ter ganho três títulos consecutivos, o último com uma goleada final, e ser apelidade agora de "melhor equipa de todos os tempos", e outros disparates parecidos. Ainda por cima, o resultado de ontem é enganador: embora a Itália parecesse estar fisicamente em baixo, viu dois jogadores lesionarem-se, um deles quando já não podiam fazer substituições e com meia hora para jogar. O título caiu no regaço da Espanha com uma facilidade inaudita. Poderiam ficar na fase de grupos caso dois penaltys fossem assinalados a favor da Croácia; podiam perder com Portugal, se Ronaldo tivesse sido mais clarividente e os penaltys pendessem para o outro lado; e como teria terminado o jogo de ontem se os lesionados fossem espanhóis? Impossível adivinhar, mas dizer que esta selecção formada por Aragonês e Del Bosque (técnico com quem até simpatizo e que o Real Madrid, num dia de delírio, substituiu por Carlos Queiroz) é a melhor da história é brincar com o desporto-rei. Bem melhores eram a Hungria de 1954, ou a Holanda de 1974, entre outras, e nem venceram. Ganhariam de caras à Espanha actual, mas nem sempre os vencedores são os mais virtuosos. Infelizmente, o infame Tiki-Taka, ou Tiki-Takanaccio, como brilhantemente lhe chamou o New York times, não só não morreu como deu a ilusão de ser imbatível. Sonho com o momento em que será abatido, e pelas amostras (até a Wikipédia em inglês o demonstra), pode muito bem ser Portugal, caso tenha a oportunidade, a cravar-lhe o golpe fatal.