quarta-feira, outubro 21, 2015

O regresso ao futuro com o "Grande Educador"



Hoje, 21 de Outubro de 2015, é o célebre dia em que Marty Mcfly chegou ao futuro, vindo dos longínquos anos oitenta. Não há os carros voadores, skates propulsores, alimentos cozinhados por hidratação previstos pelo filme, e a saga Tubarão há muito que acabou. Pelo contrário, se esteticamente e nos elementos superficiais as coisas nem mudaram assim tanto, a revolução das comunicações e da net mudou a forma de nos interligarmos, como seria impossível, à data, de prever.


O que certamente não se imaginaria nos anos oitenta é que trinta anos depois Arnaldo Matos, o "grande educador da classe operária", estaria de volta para liderar (ou educar?) o MRPP, que quase não mudou nos últimos quarenta anos, a não ser pela saída de militantes que entretanto ganharam notoriedade.

Nos últimos dias tem sido um corrupio no velho partido maoísta, que nestas últimas eleições se destacou pelo slogan "morte aos traidores!" e por ter o médico Pinto da Costa como mandatário nacional. Agora, os comunicados do seu site lamentam os fracos resultados eleitorais, suspendem os membros do Comité Central do partido e o secretário-geral por "incompetência, oportunismo e anticomunismo primário", e marcam um congresso extraordinário para breve. Tudo assinado pelo "camarada Espártaco" (o nome é de antologia) com auxílio da "camarada Marta", e rematado com o potente "Morte aos traidores!". Ao que tudo indica, Garcia Pereira será um dos dirigentes suspensos.

Entretanto, no jornal, agora online, do partido, o Luta Popular, os editoriais têm sido assinados pelo mítico Arnaldo Matos, que não se coíbe de comentar a actualidade política, e não é particularmente meigo com os partidos representados na AR, muito menos com a esquerda e com um eventual governo formado por PS, BE e PCP. Ao que tudo indica, as tumultuosas movimentações dentro de velho partido terão mesmo a ver com um eventual regresso do próprio Arnaldo Matos à liderança. Ou seja, se a linguagem, os propósitos e a estética e o grafismo já eram devedores dos anos setenta, só faltava mesmo lá recolocar o líder carismático que há muito se tinha afastado para se dedicar à advocacia. Definitivamente, a esquerda em Portugal movimenta-se.



Se a moda pega, poderemos ver Jorge Sampaio e Vítor Constância a enfrentarem-se para substituir António Costa, caso a este as coisas não lhe corram bem (só porque Soares talvez não esteja disponível); ou Cavaco, quando sair da presidência, disputar o PSD com Balsemão, se Passos também sair. Portas poderá ser substituído por Freitas do Amaral, enfim de regresso ao CDS, quiçá com a oposição de Adriano Moreira. Jerónimo pode estar ameaçado por Carvalhas, Catarina Martins por Louçã ou Mário Tomé, Paulo Estêvão (PPM) ou José Inácio Faria (MPT) por Gonçalo Ribeiro Telles, o general Eanes a reconstituir o PRD com Hermínio Martinho e Pedro Canavarro, e assim sucessivamente. Nada como os clássicos. É bem verdade quando dizem que o retro está na moda.

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