domingo, março 12, 2017

Em defesa do fato de três peças


 
Com boa vontade, pode-se dizer que o Inverno está perto do fim, o que  permitiu que nos últimos tempos um certo tipo de roupa, que se julgava ultrapassado e fora de uso, fizesse o seu reaparecimento, demonstrando uma vez mais que nos tempos que correm, as modas e o vestuário mais distintos nunca passam completamente (excepto as calças de boca de sino, graças a Deus). Sim, estou a falar do fato de três peças, esse ícone do aprumo.

Ultimamente não faltam políticos, jornalistas (José Rodrigues dos Santos, entre uma piscadela de olho e uma teoria política inventada na hora, não tira o seu fato tweed com colete), funcionários públicos, escritores, homens do desporto, etc, a retirar o seu casaco/calça/colete do armário onde esteve injustamente quase desterrado. António Costa já apareceu um par de vezes assim vestido. Rui Vitória, seja a deitar olhares de preocupação para dentro do relvado seja numa "flash-interview", já não passa sem o seu fato de três peças cinzento com gravata vermelha. E poderia citar mais um par de exemplos se a minha memória visual mo permitisse.

A verdade é que o fato de três peças já não é o "uniforme" usado por políticos conformistas dos anos 70 e 80, nem a decoração pirosa usada por alguns visionários datados na segunda meta de 90, em que os coletes emparelhavam com casacos de 5 botões, sendo eles próprios abotoados quase até ao nó da gravata. Agora regressou no seu modelo mais clássico, digno dos elegantes anos trinta, em que gentlemen e menos gentlemen não o dispensavam. Ao mesmo tempo, o revivalismo também conhece uma nova adaptação criativa, e os fatos já não são apenas às riscas, de tweed, ou lisos, combinando estilos variados e até cores entre eles, mesmo que os resultados nem sempre sejam satisfatórios. Mas para além da elegância e da ideia de aprumo que transmite, o colete é uma peça óptima para usar no Inverno sem que se torne supérfluo ou incómodo num ambiente interior, como aliás se prova nesta eficaz apologia, que me recorda que no Brasil se lhe dá o nome de "terno".
 
Deixemos pois o fato de três peças regressar à vontade. Acabemos com as últimas resistências. Tiremo-lo do armário, levemo-lo para a rua, para o trabalho, para festas e comemorações. Há que dar de novo a dignidade e a visibilidade que esta elegante combinação calças-casaco-colete merece. Façamos justiça ao fato de três peças e coloquemo-lo de novo onde ele deve estar, no panteão do vestuário quotidiano masculino.
 
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