As eleições presidenciais francesas estão cada vez mais animadas, ou mais confusas, se preferirem. Aqui há meses, os socialistas estavam arrumados, Hollande em cheque, Marine LePen em alta e esperava-se que o seu adversário, e mais que provável futuro presidente, fosse Allain Juppé, vencedor antecipado das primárias de direita. Mas os votantes, surpreendentemente, preferiram eleger como candidato o antigo primeiro-ministro (cargo em tempos exercido também por Juppé) François Fillon, não sem antes dar uma votação humilhante a Nicolas Sarkozy. Fillon, tido como íntegro e sério, tornou-se por sua vez no "futuro presidente", até rebentar a história do emprego atribuído à própria mulher, como sua assessora, sumptuosamente pago e comprovadamente pouco exercido, que resultou num tremendo golpe no seu favoritismo. Emanuel Macron, ex-ministro de governos socialistas, mas sem o apoio do PSF, que preferiu Benoit Hamon, e que lançara o movimento social-liberal En Marche, viu-se assim guindado à preferência na segunda volta, embora as sondagens continuassem a pôr Marine LePen como vencedora da primeira. Entretanto, a própria LePen viu-se metida num caso de atribuição abusiva de fundos, embora, tal como Fillon, invoque supostas conspirações contra a sua candidatura.
Com apoios à esquerda e à direita, colhendo simpatias na Europa e sendo uma lufada de ar fresco na classe política francesa, tudo indicava, até hoje, que Macron seria mesmo o próximo ocupante do Eliseu, mas entretanto, uma sondagem indicou que caso Fillon desistisse e Juppé fosse repescado, seria este o grande favorito à vitória, tanto na primeira volta como na segunda, além de que LePen ficaria em terceiro lugar. A acontecer, o que é duvidoso, porque Fillon mantém-se inflexível e até convocou uma manifestação de desagravo, apesar das deserções nas hostes, seria uma enorme reviravolta em todo este atribulado processo eleitoral, e faria com que o favorito de há meses, entretanto descartado, voltasse subitamente às preferências dos franceses, além de que a decisiva luta abandonaria os extremos e centrar-se-ia no centro, passe a redundância.
Improvável, sim. Mas improbabilidades é o que não tem faltado nesta campanha pré-eleitoral francesa.
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