Tal como a Grande Enciclopédia do Ludopédio (o único programa de debate futebolístico que realmente interessa), também eu me lembrei do caso da pala de Alvalade a propósito da interrupção do Estoril-FCP, por causa de defeitos na estrutura da bancada. Já em tempos falei de mais este episódio pitoresco do futebol português, que reedito aqui:
A cobertura datava da construção do estádios, nos anos 50, e um parecer técnico do LNEC (a mesma entidade que o Sporting queria que fizesse uma vistoria à cobertura da Luz), tendo detectado falhas estruturais, determinou a interdição daquela bancada e a remoção da pala. A secretaria de estado da Cultura, com Santana Lopes à frente, decidiu que o espaço teria de ficar suspenso até nova decisão. O sporting protestou e chamou o veterano Edgar Cardoso, um dos autores da obra, que passeando e saltando por cima da pala, afirmou que aquilo era seguríssimo e que não havia qualquer problema. Imediatamente se levantou a suspensão (em vésperas de um importante concerto rock programado para quele estádio), fizeram-se umas pequenas obras de melhoramento e não se pensou mais no caso, até à efectiva demolição do estádio, mais de dez anos depois. Só uma pessoa protestou contra o desfecho do caso: Maria José nogueira Pinto, que era Subsecretária de Estado da Cultura, e que, sentindo-se desautorizada e achando que tudo aquilo era uma insensatez, pediu a demissão.
A memória deste episódio é pertinente: é que se o jogo entre o Estoril e o Porto tivesse ocorrido uma semana antes, em plena campanha para a liderança do PSD entre Rio e o mesmo Santana Lopes, o episódio seria provavelmente recordado pelos apoiantes do primeiro e desvalorizado pelo segundo (que seria aliás presidente do Sporting três anos depois). Mas os dias não se cruzaram, impedindo a coincidência, e o episódio acabou por ser escassamente recordado. É pena, porque seria mais um pitoresco micro-caso a juntar futebol e política.
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