O súbito desaparecimento de Dolores O´Riordan causou comoção por esse mundo fora. Não é para menos: era a voz e a alma dos Cranberries, um dos grupos rock mais populares das últimas décadas. Não era propriamente fã da banda irlandesa, mas quem passou a adolescência em meados dos anos noventa não pôde ficar indiferente a músicas como Zombie ou Ode to my Family, que se ouviam por toda a parte e que os tornaram estrelas globais. Para além de ser das canções mais populares dos anos noventa, Zombie teve ainda um importante papel social, como relembra o Diogo Noivo. No Need to Argue, o álbum dessas duas canções, tinha o icónico sofá na capa e vendeu cerca de 17 milhões de cópias. Curiosamente, quando o sofá deixou de aparecer na face dos álbuns, o sucesso começou a resvalar, levando mesmo à separação dos membros da banda durante alguns anos, até se reunirem novamente.
Os Cranberries vieram várias vezes a Portugal, entre festivais e concertos em nome próprio. Curiosamente, a primeira vez que actuaram em solo português seria, à partida, para fazer a primeira parte - juntamente com os Oasis - dos REM, num espectáculo que teria lugar em Alvalade. Mas o grupo de Athens, por problemas de saúde vários, teve de cancelar o concerto (só se estreariam anos mais tarde no Pavilhão Atlântico, numa actuação a que tive a sorte de assistir), pelo que o grupo irlandês entrou em cena no Coliseu dos Recreios, dando ao público um concerto memorável e vibrante, segundo os testemunhos. Seria o primeiro de vários, concluído com uma actuação no festival Marés Vivas, no cabedelo de Gaia, em 2011.
No ano passado chegou a estar anunciada nova vinda dos Cranberries a Portugal, à feira industrial anual de Cantanhede, o que me levou a pensar que o grupo estaria algo decadente (quando bandas consagradas começam a ir a Queimas das Fitas e festivais industriais é sinal disso mesmo). Acabariam por cancelar, dados os problemas de saúde de Dolores. sem imaginar que não teríamos nova oportunidade de os e de a ver.
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