Um rumor dizia que além de Alberto João Jardim, também Luís Filipe Menezes e, imagine-se, Pinto da Costa, apoiariam a ida de Santana para o governo. É apenas isso, um rumor, mas a confirmar-se seriam razões acrescidas para combater o mais possível a hipotética nomeação.
Já agora, não era Pinto da Costa que dizia que nunca se iria meter em assuntos de política? Ou pensará que os troféus recentes já lhe dão essa legitimidade?
Entretanto já temos PM interino. Trata-se de Manuela Ferreira Elite, Herself, a Ministra de Estado. E nas Finanças, quem fica? Ou há acumulação de pastas?
terça-feira, junho 29, 2004
Continua a confusão própria do momento político. Para além de novo ajuntamento em Belém contra Santana (e no Porto, Coimbra, etc), os apoiantes deste resolveram contra-atacar e promover a sua própria "manif". Só que se são os mesmo que tiveram ideia semelhante na altura do embargo do túnel do Marquês, não se esperará grande coisa da apoio dos Santanistas. Em relação à primeira, as informações estão disponíveis em qualquer Barnabé ou Blog de Esquerda, afinal os grandes promotores online deste movimento.
Eu também quero ser nomeado Primeiro-Ministro. Tenho tanta legitimidade como qualquer outro. Vou imediatamente enviar sms a toda a gente para que façam "manifs" nesse sentido, em todos os lugares e de preferência ás 19.00 horas. Não é só o Santana que tem esse direito, olha que esta!
Eu também quero ser nomeado Primeiro-Ministro. Tenho tanta legitimidade como qualquer outro. Vou imediatamente enviar sms a toda a gente para que façam "manifs" nesse sentido, em todos os lugares e de preferência ás 19.00 horas. Não é só o Santana que tem esse direito, olha que esta!
segunda-feira, junho 28, 2004
Se Portugal ultrapassar - mais uma vez, relembre-se- a Laranja Mecânica, encontrará na final a olímpica Grécia, de recente e má memória, ou a imparável República checa. Hoje os centro-europeus voltaram a fazer das suas e despacharam a "minha" Dinamarca por valentes 3-0, com dois avassaladores golos de Milan Baros, contando com a ajuda sempre preciosa de Nedved e Poborsky. É certo que os Vikings não mereciam tamanho resultado, mas comprovou-se que esta equipa checa consegue a mistura perfeita entre a força "austro-húngara" e a técnica latina. Um coktail explosivo e letal. A ver vamos se conseguimos a desforra de 96.
Não haverá bom senso?
Contrariando os meus vaticínios num post que escrevi há dias, Durão Barroso vai ser mesmo o novo Presidente da Comissão Europeia. A notícia não deixa de ser surpreendente, mesmo para quem conhece os meandros da Europolítica. Nunca este nome tinha sido sequer aflorado para o cargo. Levaram os critérios de que aqui falei a que tal acontecesse.
Ao contrário do que já ouvi dizer, não é propriamente uma vergonha ter-se um compatriota em tal cargo, embora se possa dizer que o mais beneficiado seja o próprio. Apesar de todas as considerações que se possam tecer, a ida de Durão para Bruxelas é um legítimo motivo de orgulho para Portugal, embora ainda ache que Vitorino, pela experiência e qualidades pessoais, tivesse mais perfil para o cargo.
Na realidade não está tanto em causa a saída de Barroso, mas antes a sua substituição. A hipótese mais provável é Santana Lopes, e não é sem um arrepio que escrevo tal coisa. De facto, se alguém há no PSD que não tenha o mínimo perfil para chefe do governo, esse alguém é Santana. Dificilmente se arranjaria pior nome.
E porquê tamanho receio da subida do Autarca de Lisboa ao poder?
Lembremo-nos, desde já, que raramente cumpre as suas promessas até ao fim. Falo, evidentemente, da sua promessa aos associados do Sporting em não abandonar o clube em prol da política; poucos meses depois fazia isso mesmo, para se candidatar à presidência do PSD. Ou quando apoiou Durão, jurando-lhe lealdade, não hesitando em disputar-lhe o lugar no congresso que se seguiu. E por fim prepara-se para deixar alegremente a Câmara de Lisboa, quebrando a promessa feita aos seus eleitores, rumo ao governo.
Outro motivo de desconfiança é a sua "obra" nos cargos de responsabilidade que ocupou. Começando pelo fim, nota-se que Santana elegeu como grandes objectivos para a capital a construção de um casino (que no início seria para reconverter o parque Mayer, e que agora é um mero capricho de bon-vivant), o retorno do moribundo e popularucho Teatro de Revista, com o financeiramente incomportável auxílio de Franck Gherry,e o inútil e dispendioso Túnel do Marquês, reconvertido a elefante branco e a atração turística por vontade do próprio autarca. Tudo para não falar da publicidade massiva das suas supostas obras, e que só á sua conta levam 60% do orçamento da cãmara. Acções que poderiam servir de exemplo de como não se dirige uma câmara. Quanto ao que terá realizado na Figueira da Foz, desconheço em absoluto.
Do que ficou na sua passagem pela cultura, haveria muito que dizer, mas relembro as traves-mestras da sua política: obras no Palácio da Ajuda, o eterno apoio à Revista e o esbanjamento de dinheiros públicos numa suspeita peça de teatro com a actriz brasileira Cristiane Torloni, que voltou ao Brasil dizendo cobras e lagartos do país e de Santana. Ao contrário do que afirma, a compra do Teatro S. João no Porto não partiu dele, mas de Teresa Gouveia, a quem se dirigiu há tempos de forma revoltante e desrespeitosa. Por fim, recorde-se que o mesmo Santana teve na ideia vender Serralves a um grupo de construtores civis, mas em boa hora Cavaco Silva o impediu de cometer o maior crime contra a cidade do Porto desde o desastre da Ponte das Barcas. Eis a "obra" do putativo PM.
Recuso-me a aceitar que não haja melhores nomes no PSD. Para além do mais, Santana não faz parte do governo nem era, creio, candidato a deputado em 2002. Tinha sim um compromisso com os eleitores alfacinhas. Por isso, não vejo porque há de ter ele mais legitimidade que outros para ocupar o cargo. Se o critério não for esse, então, nomes já avançados, como Marques Mendes e Miguel Cadilhe têm muitíssimas mais qualidades para chefiar o governo. O problema penso eu, está todo na imagem pública e no potencial chamamento que possam ter junto do eleitorado em caso de eleições. Mendes tem uma imagem de "Yes man" que desempenhou durante anos (além da sua estatura de metro e meio ser uma delícia para o "Contra Informação"). Cadilhe não é popular junto do grande público, pelo menos desde os tempos em que ocupou (competentemente) a pasta das finanças. Ao lado de um candidato pseudo-glamoroso, de discurso fácil e fluído e com fama de galã de discoteca, como poderiam concorrer perante o eleitorado? Terão qualquer espécie de influência que impeça Lopes de se mudar da Praça do Municipío para S. Bemto?
Resta esperar que haja bom senso, que não se convoquem eleições antecipadas, totalmente desnecessárias, e que Sampaio cumpra o seu papel com a serenidade que ele tantas vezes pede ao povo. De resto, Durão só irá para a Comissão em Outubro: temos assim todo um Verão para discutir o nome do novo Primeiro- Ministro, com o espectáculo político mediático que se anuncia, mais as intrigas partidárias da praxe.
PS: já critiquei aqui o Blasfémias por uma razão menor (ou talvez não) -o futebol- mas há que lhe fazer justiça pelo óptimo debate que tem feito relativamente a esta questão. Imprescindível.
Contrariando os meus vaticínios num post que escrevi há dias, Durão Barroso vai ser mesmo o novo Presidente da Comissão Europeia. A notícia não deixa de ser surpreendente, mesmo para quem conhece os meandros da Europolítica. Nunca este nome tinha sido sequer aflorado para o cargo. Levaram os critérios de que aqui falei a que tal acontecesse.
Ao contrário do que já ouvi dizer, não é propriamente uma vergonha ter-se um compatriota em tal cargo, embora se possa dizer que o mais beneficiado seja o próprio. Apesar de todas as considerações que se possam tecer, a ida de Durão para Bruxelas é um legítimo motivo de orgulho para Portugal, embora ainda ache que Vitorino, pela experiência e qualidades pessoais, tivesse mais perfil para o cargo.
Na realidade não está tanto em causa a saída de Barroso, mas antes a sua substituição. A hipótese mais provável é Santana Lopes, e não é sem um arrepio que escrevo tal coisa. De facto, se alguém há no PSD que não tenha o mínimo perfil para chefe do governo, esse alguém é Santana. Dificilmente se arranjaria pior nome.
E porquê tamanho receio da subida do Autarca de Lisboa ao poder?
Lembremo-nos, desde já, que raramente cumpre as suas promessas até ao fim. Falo, evidentemente, da sua promessa aos associados do Sporting em não abandonar o clube em prol da política; poucos meses depois fazia isso mesmo, para se candidatar à presidência do PSD. Ou quando apoiou Durão, jurando-lhe lealdade, não hesitando em disputar-lhe o lugar no congresso que se seguiu. E por fim prepara-se para deixar alegremente a Câmara de Lisboa, quebrando a promessa feita aos seus eleitores, rumo ao governo.
Outro motivo de desconfiança é a sua "obra" nos cargos de responsabilidade que ocupou. Começando pelo fim, nota-se que Santana elegeu como grandes objectivos para a capital a construção de um casino (que no início seria para reconverter o parque Mayer, e que agora é um mero capricho de bon-vivant), o retorno do moribundo e popularucho Teatro de Revista, com o financeiramente incomportável auxílio de Franck Gherry,e o inútil e dispendioso Túnel do Marquês, reconvertido a elefante branco e a atração turística por vontade do próprio autarca. Tudo para não falar da publicidade massiva das suas supostas obras, e que só á sua conta levam 60% do orçamento da cãmara. Acções que poderiam servir de exemplo de como não se dirige uma câmara. Quanto ao que terá realizado na Figueira da Foz, desconheço em absoluto.
Do que ficou na sua passagem pela cultura, haveria muito que dizer, mas relembro as traves-mestras da sua política: obras no Palácio da Ajuda, o eterno apoio à Revista e o esbanjamento de dinheiros públicos numa suspeita peça de teatro com a actriz brasileira Cristiane Torloni, que voltou ao Brasil dizendo cobras e lagartos do país e de Santana. Ao contrário do que afirma, a compra do Teatro S. João no Porto não partiu dele, mas de Teresa Gouveia, a quem se dirigiu há tempos de forma revoltante e desrespeitosa. Por fim, recorde-se que o mesmo Santana teve na ideia vender Serralves a um grupo de construtores civis, mas em boa hora Cavaco Silva o impediu de cometer o maior crime contra a cidade do Porto desde o desastre da Ponte das Barcas. Eis a "obra" do putativo PM.
Recuso-me a aceitar que não haja melhores nomes no PSD. Para além do mais, Santana não faz parte do governo nem era, creio, candidato a deputado em 2002. Tinha sim um compromisso com os eleitores alfacinhas. Por isso, não vejo porque há de ter ele mais legitimidade que outros para ocupar o cargo. Se o critério não for esse, então, nomes já avançados, como Marques Mendes e Miguel Cadilhe têm muitíssimas mais qualidades para chefiar o governo. O problema penso eu, está todo na imagem pública e no potencial chamamento que possam ter junto do eleitorado em caso de eleições. Mendes tem uma imagem de "Yes man" que desempenhou durante anos (além da sua estatura de metro e meio ser uma delícia para o "Contra Informação"). Cadilhe não é popular junto do grande público, pelo menos desde os tempos em que ocupou (competentemente) a pasta das finanças. Ao lado de um candidato pseudo-glamoroso, de discurso fácil e fluído e com fama de galã de discoteca, como poderiam concorrer perante o eleitorado? Terão qualquer espécie de influência que impeça Lopes de se mudar da Praça do Municipío para S. Bemto?
Resta esperar que haja bom senso, que não se convoquem eleições antecipadas, totalmente desnecessárias, e que Sampaio cumpra o seu papel com a serenidade que ele tantas vezes pede ao povo. De resto, Durão só irá para a Comissão em Outubro: temos assim todo um Verão para discutir o nome do novo Primeiro- Ministro, com o espectáculo político mediático que se anuncia, mais as intrigas partidárias da praxe.
PS: já critiquei aqui o Blasfémias por uma razão menor (ou talvez não) -o futebol- mas há que lhe fazer justiça pelo óptimo debate que tem feito relativamente a esta questão. Imprescindível.
quinta-feira, junho 24, 2004
Ultimatum e Mundial 66 definitivamente vingados!
As buzinas não param de tocar. Não pararão toda a noite. É uma pena, visto que para mim as próximas horas serão de trabalho.
Logo este ano, em que há S. João em dose dupla - uma espécie de replay mais curto - é que eu não posso festejar nenhuma das noites. Não há direito!
As buzinas não param de tocar. Não pararão toda a noite. É uma pena, visto que para mim as próximas horas serão de trabalho.
Logo este ano, em que há S. João em dose dupla - uma espécie de replay mais curto - é que eu não posso festejar nenhuma das noites. Não há direito!
quarta-feira, junho 23, 2004
Ainda no tema Europa, mas agora sem ser sobre bola, há que registar a pouca seriedade com que se vai nomear o próximo Presidente da Comissão. Os critérios - ou caprichos- são inúmeros: ou porque é inglês ou socialista, ou não sabe falar francês, ou já tinha prometido que não ia, ou já há outros daquela nacionalidade, ou ainda "são figuras apagadas". Tendo em conta que as hipóteses de Vitorino ocupar o lugar são tão prováveis como as Alberto João Jardim não continuar no seu, e tendo surgido a possibilidade Durão (lançada por quem, afinal?), coisa a que sinceramente não dou o menor crédito, lá para a semana saberemos quem é o cavalheiro escolhido "pelos 25". Provavelmente uma figura de segunda. Como belo resultado das tricas nacional-partidárias e da falta de líderes carismáticos nessa incógnita que é a Europa de hoje.
Entre os Vikings vermelhos
Regressei há pouco do único jogo do Euro-2004 que vi (e com certeza verei) ao vivo: o confronto nórdico Dinamarca-Suécia, uma oportunidade demasiado preciosa para ser desperdiçada, mais a mais perto de casa, no Bessa. Naturalmente, como estava na sua bancada, apoiava os súbditos da Rainha Margarida, trajados de vermelho vivo, em confronto directo com o grande vizinho do Norte, cujos adeptos constituíam uma extensa falange de amarelo e azul. De qualquer forma ressalvo, para além da forma ordeira com que os nórdicos se comportaram (como seria de esperar), a imensa alegria no apoio ás respectivas seleções, estivessem a ganhar ou a perder. Estando ao lado dos dinamarqueses, sentia melhor as suas emoções e o seu nervosismo, e festejei os seus golos como se do meu país se tratasse. Em certo momento começaram todos (mesmo)a saltar, o que fazia com que o cimento das bancadas vibrasse furiosamente, como se fizesse parte também ele do jogo. Numerosos cânticos eram constantemente entoados, e ao intervalo ouviu-se um grito de júbilo em todo o estádio: a Itália perdia com a já desqualificada Bulgária, o que punha os dois adversários nos quartos de final. Só que ao contrário do que os escandinavos deveriam estar à espera, o tempo estava húmido e chuvoso, pelo que que se viam chapéus de todos os feitios: simples bonés, panamás, os celebres capacetes de Viking, de parte a parte (e não, nem todos eram de peluche), chapéus de palha com uma bandeirinha de Portugal, etc.
O jogo em si não primou pela habilidade técnica tal como a compreendemos, até porque tal não é apanágio dos homens do Norte. Mas foi renhido e bem disputado, teve momentos de bastante emoção, e, claro, quatro golos, dos quais há a destacar o primeiro, um perfeito chapéu de Tomasson (que bisou)que deixou o guarda-redes contrário em total desespero. O velho Larsson também marcou, um ano depois de, naquela mesma baliza, ter carimbado o bilhete de ida do Celtic de Glasgow à final da Taça UEFA, para desespero de tantos boavisteiros. Apesar de já não haver Schmeikel (que já vislumbrara naquele mesmo estádio, ao tempo em que andava de leão ao peito), nem Ravelli, Laudrups, Schwarz ou Brolin, os jogadores dos países vizinhos portaram-se com galhardia, mesmo fazendo compasso de espera no final para permitir a passagem dos dois, o que veio a suceder. Garanto que, exepção feita a esses momentos do fim, não jogaram para o empate. Que é o mesmo que dizer que não dei o tempo, sempre chuvoso, por perdido. Definitivamente, fiquei fã destas equipas, dos adeptos e do seu colorido e simpatia.
Regressei há pouco do único jogo do Euro-2004 que vi (e com certeza verei) ao vivo: o confronto nórdico Dinamarca-Suécia, uma oportunidade demasiado preciosa para ser desperdiçada, mais a mais perto de casa, no Bessa. Naturalmente, como estava na sua bancada, apoiava os súbditos da Rainha Margarida, trajados de vermelho vivo, em confronto directo com o grande vizinho do Norte, cujos adeptos constituíam uma extensa falange de amarelo e azul. De qualquer forma ressalvo, para além da forma ordeira com que os nórdicos se comportaram (como seria de esperar), a imensa alegria no apoio ás respectivas seleções, estivessem a ganhar ou a perder. Estando ao lado dos dinamarqueses, sentia melhor as suas emoções e o seu nervosismo, e festejei os seus golos como se do meu país se tratasse. Em certo momento começaram todos (mesmo)a saltar, o que fazia com que o cimento das bancadas vibrasse furiosamente, como se fizesse parte também ele do jogo. Numerosos cânticos eram constantemente entoados, e ao intervalo ouviu-se um grito de júbilo em todo o estádio: a Itália perdia com a já desqualificada Bulgária, o que punha os dois adversários nos quartos de final. Só que ao contrário do que os escandinavos deveriam estar à espera, o tempo estava húmido e chuvoso, pelo que que se viam chapéus de todos os feitios: simples bonés, panamás, os celebres capacetes de Viking, de parte a parte (e não, nem todos eram de peluche), chapéus de palha com uma bandeirinha de Portugal, etc.
O jogo em si não primou pela habilidade técnica tal como a compreendemos, até porque tal não é apanágio dos homens do Norte. Mas foi renhido e bem disputado, teve momentos de bastante emoção, e, claro, quatro golos, dos quais há a destacar o primeiro, um perfeito chapéu de Tomasson (que bisou)que deixou o guarda-redes contrário em total desespero. O velho Larsson também marcou, um ano depois de, naquela mesma baliza, ter carimbado o bilhete de ida do Celtic de Glasgow à final da Taça UEFA, para desespero de tantos boavisteiros. Apesar de já não haver Schmeikel (que já vislumbrara naquele mesmo estádio, ao tempo em que andava de leão ao peito), nem Ravelli, Laudrups, Schwarz ou Brolin, os jogadores dos países vizinhos portaram-se com galhardia, mesmo fazendo compasso de espera no final para permitir a passagem dos dois, o que veio a suceder. Garanto que, exepção feita a esses momentos do fim, não jogaram para o empate. Que é o mesmo que dizer que não dei o tempo, sempre chuvoso, por perdido. Definitivamente, fiquei fã destas equipas, dos adeptos e do seu colorido e simpatia.
segunda-feira, junho 21, 2004
Aljubarr...Alvalade XXI, 20 de Junho de 2004
Dom Nuno (...) digo, verdadeiro
Açoute de soberbos Castelhanos
Como já o fero Huno o foi primeiro
Pera Franceses, pera Italianos
(...)Recrecem os inimigos sobre a pouca
Gente do fero Nuno que os apouca.
E, por que mais aqui se amanse e dome
A soberba do inimigo furibundo,
A sublime bandeira Castelhana
Foi derribada aos pés da Lusitana
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto IV
Nuno Miguel Soares Pereira Ribeiro ("Gomes")marcou o golo único aos 56 minutos de jogo, com que Portugal venceu Espanha.
Dom Nuno (...) digo, verdadeiro
Açoute de soberbos Castelhanos
Como já o fero Huno o foi primeiro
Pera Franceses, pera Italianos
(...)Recrecem os inimigos sobre a pouca
Gente do fero Nuno que os apouca.
E, por que mais aqui se amanse e dome
A soberba do inimigo furibundo,
A sublime bandeira Castelhana
Foi derribada aos pés da Lusitana
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto IV
Nuno Miguel Soares Pereira Ribeiro ("Gomes")marcou o golo único aos 56 minutos de jogo, com que Portugal venceu Espanha.
domingo, junho 20, 2004
Esta mania das bandeiras em tudo quanto é varanda, persiana ou mastro (e da qual falarei mais pormenorizadamente) tem algumas vantagens a nível social. Olhando para as imensas janelas verde-rubras do outro lado da minha rua, reparo numa bandeira sueca e noutra alemã, com águia e tudo, ostentadas orgulhosamente. O que revela um cosmopolitismo, ou pelo menos uma eurodiversidade que não imaginava que existisse nesta parte de Lordelo do Ouro. E que significa que, muito provavelmente, haverá outros casos idênticos.
Pouco mais de uma hora...
O que teremos? Aljubarrota ou Alcântara? Ou Toro? Seja o que for, só interessa a primeira, já que as outras são iguais ao litro.
Também não me importaria que fossem uns quaisquer Montes-Claros, Valverde ou Castelo Rodrigo. Ou que, no caso improvável de chover, a relva se transformasse num conjunto de Atoleiros.
O que teremos? Aljubarrota ou Alcântara? Ou Toro? Seja o que for, só interessa a primeira, já que as outras são iguais ao litro.
Também não me importaria que fossem uns quaisquer Montes-Claros, Valverde ou Castelo Rodrigo. Ou que, no caso improvável de chover, a relva se transformasse num conjunto de Atoleiros.
quinta-feira, junho 17, 2004
Posts sobre os dias que passam
Pronto. Finalmente Portugal conseguiu uma vitória no seu Euro, contra uma Rússia nostálgica de Yashin e Dassaev, embora Ovchinikov mereça o maior respeito, sobretudo depois da sua injusta expulsão de hoje. Scolari mudou a equipa e bem. Percebeu enfim o que toda a gente já sabia: que Ricardo Carvalho está a anos-luz de Couto (cujo destino, diz-se, é precisamente a Luz), que Deco é um jogador para jogar de início e Rui Costa serve para entrar na segunda parte, mais fresco (e hoje terá mostrado aos detratores que ainda tem uns trunfos na manga), bem como Ronaldo, mas por razões diametralmente opostas.
Só que este triunfo não vem por si só resolver todos os males do mundo. Portugal venceu uma equipa russa desfalcadíssima na defesa, que a meio do jogo ficou reduzida a dez elementos, marcou o segundo golo já no fim (belíssima jogada, aliás)e mostrou, sobretudo na segunda parte,uma incapacidade concretizadora (por onde andas, Pauleta?)e um entorpecimento que só o miúdo-prodígio conseguiu travar, mas que não prenuncia nada de bom perante a "Fúria" espanhola. Que hoje empatou a um golo com os "Olímpicos", perante um Bessa a estourar e o próprio Rei de Espanha na assistência. Ao menos o empate permitiu que no regresso a Madrid não houvesse qualquer tipo de diferendo com a Rainha Sofia da GRÈCIA.
O que é certo é que o jogo deu um imenso colorido à zona da Boavista, onde moro. No terreno contíguo estacionaram numerosos autocarros. Na imensa avenida passaram espanhóis de Madrid, Barcelona, Galiza (Rias Baxas e Altas), Cuenca, Badajoz, de todos as cidades e pueblos; não faltaram ainda inúmeros gregos, alemães de Hamburgo, Ulm e Dresden (reconhecíveis com a camisola do Dínamo local), que apoiavam a Grécia, holandeses, dinamarqueses, suecos, ingleses, italianos, até mesmo romenos, e imagine-se, portugueses!
Já anteontem a Dinamarca e Itália deram um show de bola, sobretudo os respectivos "keepers", o sucesor-de-Schmeickel Sorensen e o já conceituado Buffon, o "Maradona das redes". Os suecos quiseram ser os mais concretizadores dos vikings e aplicaram chapa cinco a uma inexperiente Bulgária, onde se destacou um esquerdino de nome Petrov (de qualquer forma, apelido de metade da equipa), e que ou muito me engano ou vai ser um equipa quebra-cabeças daqui a dois-três anos. Mas o jogo valeu pelo fulgor ofensivo dos nórdicos e pelo regresso do magnífico e letal Larsson, que continua a ser um matador por excelência. O jogo Itália-Suécia promete.
Ontem, o mítico confronto Holanda-Alemanha saldou-se por uma igualdade entre uma equipa com um leque de atacantes inimaginável e outra que, não tendo tantas estrelas, vale como um colectivo sólido e fiável. A ter em conta. De realçar que estavam no Porto bem mais holandeses que alemães, um fenómeno que nem os próprios germânicos (muitos com camisolas do velho Mönchengladbach) souberam explicar. Já a Letónia ameaçou, mas a experiência dos checos acabou por prevalecer. Atente-se ao primeiro golo dos boémios, fruto de um centro de Poborsky, depois de uma jogada com fintas absolutamente magistrais, em que o ex-jogador do Benfica mostrou que ainda é igual a si próprio.
Saíndo um pouco do tema futebol, e aproveitando o facto de se ter falado da Família Real Espanhola, noto com pesar que a conviva que me tinha atraído a atenção na casamento dos príncipes é já considerada a "solteira mais desejada de Espanha", sobretudo depois de ter confirmado que não tinha noivo. O que significa uma feroz e numerosa concorrência, e bem assim um aborrecimento suplementar. Mas o frémito da luta é sempre bem-vindo, apesar da quantidade e peso dos outros candidatos!
Tudo se disse, depois do Portugal-Grécia de outro dia. Mas há coisas que não podem passar em claro. Veio um senhor, no Público de ontem, afirmar solenemente que ao contrário da Grécia "Portugal nunca teve heróis, mas chicos-espertos". Ora eu respeito imensamente a Grécia (tanto que até me inspirou no nome deste blog) e os seus Mitos, dos quais sou um fanático estudioso. Acontece que Ulisses, Aquiles, Jasão, Perseu ou Teseu são só isso mesmo (já Agamémnon nem tanto, e Alexandre ou Leónidas foram bem reais); ao passo que homens como os Gamas, Albuquerques, o Condestável, Camões, Afonso Henriques ou até os recentes Mouzinho da Silveira e Serpa Pinto foram heróis na verdadeira acepção da palavra, de tal forma que formaram os seus próprios mitos, que perduraram até hoje no imaginário lusitano, para além de outras figuras lendárias, como o Adamastor, o Velho do Restelo ou o Desejado/Encoberto. Na Índia, por exemplo, o nome de Afonso de Albuquerque ainda impõe respeito aos indígenas, e é um facto que prova a perenidade destes homens.
O chamar-lhes "chicos-espertos" mostra ou ignorância, ou encobrimento da história, ou ainda uma snobeira desdenhosa de Portugal, do tipo "o que vem lá de fora é que é bom". Ou até as três coisas, não sei...
Pronto. Finalmente Portugal conseguiu uma vitória no seu Euro, contra uma Rússia nostálgica de Yashin e Dassaev, embora Ovchinikov mereça o maior respeito, sobretudo depois da sua injusta expulsão de hoje. Scolari mudou a equipa e bem. Percebeu enfim o que toda a gente já sabia: que Ricardo Carvalho está a anos-luz de Couto (cujo destino, diz-se, é precisamente a Luz), que Deco é um jogador para jogar de início e Rui Costa serve para entrar na segunda parte, mais fresco (e hoje terá mostrado aos detratores que ainda tem uns trunfos na manga), bem como Ronaldo, mas por razões diametralmente opostas.
Só que este triunfo não vem por si só resolver todos os males do mundo. Portugal venceu uma equipa russa desfalcadíssima na defesa, que a meio do jogo ficou reduzida a dez elementos, marcou o segundo golo já no fim (belíssima jogada, aliás)e mostrou, sobretudo na segunda parte,uma incapacidade concretizadora (por onde andas, Pauleta?)e um entorpecimento que só o miúdo-prodígio conseguiu travar, mas que não prenuncia nada de bom perante a "Fúria" espanhola. Que hoje empatou a um golo com os "Olímpicos", perante um Bessa a estourar e o próprio Rei de Espanha na assistência. Ao menos o empate permitiu que no regresso a Madrid não houvesse qualquer tipo de diferendo com a Rainha Sofia da GRÈCIA.
O que é certo é que o jogo deu um imenso colorido à zona da Boavista, onde moro. No terreno contíguo estacionaram numerosos autocarros. Na imensa avenida passaram espanhóis de Madrid, Barcelona, Galiza (Rias Baxas e Altas), Cuenca, Badajoz, de todos as cidades e pueblos; não faltaram ainda inúmeros gregos, alemães de Hamburgo, Ulm e Dresden (reconhecíveis com a camisola do Dínamo local), que apoiavam a Grécia, holandeses, dinamarqueses, suecos, ingleses, italianos, até mesmo romenos, e imagine-se, portugueses!
Já anteontem a Dinamarca e Itália deram um show de bola, sobretudo os respectivos "keepers", o sucesor-de-Schmeickel Sorensen e o já conceituado Buffon, o "Maradona das redes". Os suecos quiseram ser os mais concretizadores dos vikings e aplicaram chapa cinco a uma inexperiente Bulgária, onde se destacou um esquerdino de nome Petrov (de qualquer forma, apelido de metade da equipa), e que ou muito me engano ou vai ser um equipa quebra-cabeças daqui a dois-três anos. Mas o jogo valeu pelo fulgor ofensivo dos nórdicos e pelo regresso do magnífico e letal Larsson, que continua a ser um matador por excelência. O jogo Itália-Suécia promete.
Ontem, o mítico confronto Holanda-Alemanha saldou-se por uma igualdade entre uma equipa com um leque de atacantes inimaginável e outra que, não tendo tantas estrelas, vale como um colectivo sólido e fiável. A ter em conta. De realçar que estavam no Porto bem mais holandeses que alemães, um fenómeno que nem os próprios germânicos (muitos com camisolas do velho Mönchengladbach) souberam explicar. Já a Letónia ameaçou, mas a experiência dos checos acabou por prevalecer. Atente-se ao primeiro golo dos boémios, fruto de um centro de Poborsky, depois de uma jogada com fintas absolutamente magistrais, em que o ex-jogador do Benfica mostrou que ainda é igual a si próprio.
Saíndo um pouco do tema futebol, e aproveitando o facto de se ter falado da Família Real Espanhola, noto com pesar que a conviva que me tinha atraído a atenção na casamento dos príncipes é já considerada a "solteira mais desejada de Espanha", sobretudo depois de ter confirmado que não tinha noivo. O que significa uma feroz e numerosa concorrência, e bem assim um aborrecimento suplementar. Mas o frémito da luta é sempre bem-vindo, apesar da quantidade e peso dos outros candidatos!
Tudo se disse, depois do Portugal-Grécia de outro dia. Mas há coisas que não podem passar em claro. Veio um senhor, no Público de ontem, afirmar solenemente que ao contrário da Grécia "Portugal nunca teve heróis, mas chicos-espertos". Ora eu respeito imensamente a Grécia (tanto que até me inspirou no nome deste blog) e os seus Mitos, dos quais sou um fanático estudioso. Acontece que Ulisses, Aquiles, Jasão, Perseu ou Teseu são só isso mesmo (já Agamémnon nem tanto, e Alexandre ou Leónidas foram bem reais); ao passo que homens como os Gamas, Albuquerques, o Condestável, Camões, Afonso Henriques ou até os recentes Mouzinho da Silveira e Serpa Pinto foram heróis na verdadeira acepção da palavra, de tal forma que formaram os seus próprios mitos, que perduraram até hoje no imaginário lusitano, para além de outras figuras lendárias, como o Adamastor, o Velho do Restelo ou o Desejado/Encoberto. Na Índia, por exemplo, o nome de Afonso de Albuquerque ainda impõe respeito aos indígenas, e é um facto que prova a perenidade destes homens.
O chamar-lhes "chicos-espertos" mostra ou ignorância, ou encobrimento da história, ou ainda uma snobeira desdenhosa de Portugal, do tipo "o que vem lá de fora é que é bom". Ou até as três coisas, não sei...
segunda-feira, junho 14, 2004
Reflexões sobre o Domingo que acaba
Como se previa, o PS ganhou as eleições à coligação Força Portugal, ou PSD-CDS/PP. Menos previsível terá a sido a diferença de resultados, à roda dos 11%. O PS pausadamente colheu os louros e apontou Durão Barroso como sendo o "pai da derrota".
Embora o líder de qualquer movimento seja à partida o responsável moral pelas derrotas que venha a sofrer, parece-me que o(S) verdadeiro(S) culpado(S) é outro, e o seu nome é Paulo Portas, na companhia do seu partido. Mais do que quaisquer outros, os populares (populistas?)foram sem a menor dúvida a causa máxima da derrota da coligação de centro-direita. Que ninguém pense o contrário: a impopularidade de Portas, não só nas Forças Armadas mas a nível geral, a incapacidade do PP resolver as questões nas quais tem responsabilidades políticas, o tom arrogante e militarista e sobretudo o nível apresentado nesta campanha eleitoral ditaram os resultados dos partidos governamentais. E caso não tivessem concorrido coligados, quem sabe quão grande seria o tombo do PP, ou o alívio do PSD.
De qualquer forma, e porque não acredito que a morte do Prof. Sousa Franco tenha tido grandes efeitos práticos, o PS terá ganho as eleições sobretudo por demérito da coligação, e não tanto por um incrível poder de atração do eleitorado. Tal como há dois anos, quando o poder caíu nas mãos de Durão Barroso por culpa dos socialistas.
À esquerda, a CDU conseguiu aguentar-se, em boa parte por causa da energia de Ilda Figueiredo e Odete Santos, uma vez que os militantes carismáticos vão rareando.
O Bloco de Esquerda é um dos grandes vencedores, ao aumentar significativamente a votação e eleger Miguel Portas (também no PE haverá rotatividade?). Pela euforia que se viu entre os bloquistas, é de crer que comemoraram os resultados com uma distribuição grátis de Cannabis e cerveja (ou shots, talvez).
A ND ficou ainda mais abaixo do que se previa, com o histórico MRPP à sua frente. Claro que Manuel Monteiro retorquiu com o esperado "nas legislativas elegeremos deputados", entre outras coisas, mas só ele não deve ver o pouco entusiasmo que despertou no eleitorado. Veremos qual o futuro da ND.
Já agora, realço os mais uma vez baixos números do PPM, muito longe dos tempos de Ribeiro Telles e MEC (com o incrível e patético comunicado sobre a morte de Sousa Franco), e o resultado residual daquele partido proto-fascista que diz ter o apoio de Le Pen, mas que só bateu o micaelense PDA e o POUS, que como se sabe tem apenas como militantes Carmelinda Pereira e Aires Rodrigues.
As frases tontas da noite ficaram reservadas para Luís Filipe Menezes, que culpou entre outros Rui Rio pela derrota da Força Portugal, mostrando quão preocupante é a sua Riofobia, o que me faz pensar que o autarca de Gaia nem seque é capaz de pôr um pé no Porto; e, mais uma vez, Monteiro, que disse que os resultados tinham sido uma derrota para PSD e...PS; é crível, no entanto, que o Novo Democrata não tivesse sido informado ainda dos resultados e pensasse que a sua ND tinha elegido já um grupo parlamentar pronto para abalar para Estrasburgo. Enganos...
Ah, e não esquecer todos aqueles que desculparam os maus resultados com a abstenção, já que provavelmente saberiam o que ia na cabeça dos abstencionistas; sem dúvida um caso de extraordinários poderes telepáticos.
A França venceu a Inglaterra, nos descontos, com dois golos de Zidane, de bola parada. Eis o que acontece quando se luta até ao fim e se tem um grande naipe de génios da bola como os "bleus". Confesso que me deu um grande gozo ver os truculentos súbditos da rainha perder quando há muito cantavam vitória, à exepção do saudoso e quase mítico Erikson. O regresso à Luz não lhe podia ter corrido pior. A propósito, o cenário era o de uma autêntica Catedral do Futebol. Como devia ser sempre. Como muitos poucos estádios o são. E como a Luz, mais uma vez, demonstrou ser: um anfiteatro de sonho tornado realidade. E como é também um talismã para a Seleção Nacional, veremos os sonhos que nela caberão na próxima 4ª-feira.
Como se previa, o PS ganhou as eleições à coligação Força Portugal, ou PSD-CDS/PP. Menos previsível terá a sido a diferença de resultados, à roda dos 11%. O PS pausadamente colheu os louros e apontou Durão Barroso como sendo o "pai da derrota".
Embora o líder de qualquer movimento seja à partida o responsável moral pelas derrotas que venha a sofrer, parece-me que o(S) verdadeiro(S) culpado(S) é outro, e o seu nome é Paulo Portas, na companhia do seu partido. Mais do que quaisquer outros, os populares (populistas?)foram sem a menor dúvida a causa máxima da derrota da coligação de centro-direita. Que ninguém pense o contrário: a impopularidade de Portas, não só nas Forças Armadas mas a nível geral, a incapacidade do PP resolver as questões nas quais tem responsabilidades políticas, o tom arrogante e militarista e sobretudo o nível apresentado nesta campanha eleitoral ditaram os resultados dos partidos governamentais. E caso não tivessem concorrido coligados, quem sabe quão grande seria o tombo do PP, ou o alívio do PSD.
De qualquer forma, e porque não acredito que a morte do Prof. Sousa Franco tenha tido grandes efeitos práticos, o PS terá ganho as eleições sobretudo por demérito da coligação, e não tanto por um incrível poder de atração do eleitorado. Tal como há dois anos, quando o poder caíu nas mãos de Durão Barroso por culpa dos socialistas.
À esquerda, a CDU conseguiu aguentar-se, em boa parte por causa da energia de Ilda Figueiredo e Odete Santos, uma vez que os militantes carismáticos vão rareando.
O Bloco de Esquerda é um dos grandes vencedores, ao aumentar significativamente a votação e eleger Miguel Portas (também no PE haverá rotatividade?). Pela euforia que se viu entre os bloquistas, é de crer que comemoraram os resultados com uma distribuição grátis de Cannabis e cerveja (ou shots, talvez).
A ND ficou ainda mais abaixo do que se previa, com o histórico MRPP à sua frente. Claro que Manuel Monteiro retorquiu com o esperado "nas legislativas elegeremos deputados", entre outras coisas, mas só ele não deve ver o pouco entusiasmo que despertou no eleitorado. Veremos qual o futuro da ND.
Já agora, realço os mais uma vez baixos números do PPM, muito longe dos tempos de Ribeiro Telles e MEC (com o incrível e patético comunicado sobre a morte de Sousa Franco), e o resultado residual daquele partido proto-fascista que diz ter o apoio de Le Pen, mas que só bateu o micaelense PDA e o POUS, que como se sabe tem apenas como militantes Carmelinda Pereira e Aires Rodrigues.
As frases tontas da noite ficaram reservadas para Luís Filipe Menezes, que culpou entre outros Rui Rio pela derrota da Força Portugal, mostrando quão preocupante é a sua Riofobia, o que me faz pensar que o autarca de Gaia nem seque é capaz de pôr um pé no Porto; e, mais uma vez, Monteiro, que disse que os resultados tinham sido uma derrota para PSD e...PS; é crível, no entanto, que o Novo Democrata não tivesse sido informado ainda dos resultados e pensasse que a sua ND tinha elegido já um grupo parlamentar pronto para abalar para Estrasburgo. Enganos...
Ah, e não esquecer todos aqueles que desculparam os maus resultados com a abstenção, já que provavelmente saberiam o que ia na cabeça dos abstencionistas; sem dúvida um caso de extraordinários poderes telepáticos.
A França venceu a Inglaterra, nos descontos, com dois golos de Zidane, de bola parada. Eis o que acontece quando se luta até ao fim e se tem um grande naipe de génios da bola como os "bleus". Confesso que me deu um grande gozo ver os truculentos súbditos da rainha perder quando há muito cantavam vitória, à exepção do saudoso e quase mítico Erikson. O regresso à Luz não lhe podia ter corrido pior. A propósito, o cenário era o de uma autêntica Catedral do Futebol. Como devia ser sempre. Como muitos poucos estádios o são. E como a Luz, mais uma vez, demonstrou ser: um anfiteatro de sonho tornado realidade. E como é também um talismã para a Seleção Nacional, veremos os sonhos que nela caberão na próxima 4ª-feira.
domingo, junho 13, 2004
Tantos meses de espera e acabei por não poder ir ver os Pixies. Provavelmente não haverá mais oportunidades para isso. Se assim for, creio que nunca me perdoarei por toda a minha vida.
Para mais, se pensar que no lugar dos neo-comandados de Frank Black assisti a um espectáculo do Emanuel, o proclamado rei da música-pimba!...
Para mais, se pensar que no lugar dos neo-comandados de Frank Black assisti a um espectáculo do Emanuel, o proclamado rei da música-pimba!...
Como os prezados leitores repararão, acabou enfim a confusão com os archives. Isso quer dizer que de ora em diante os posts serão mais curtos (em parte) e frequentes. Ou seja, deixam de ser simplesmente semanais.
O assunto do dia é indubitavelmente a seleção nacional e a sua desapontadora derrota perante a bem organizada turma helénica. Depois da enorme euforia em redor da equipa lusa, eis agora a ressaca em redor da derrota. A reter há apenas meia dúzia de coisas: que a Grécia é sem dúvida uma equipa bem organizada; que as equipas menos conhecidas têm esse mesmo privilégio, ou seja, podem sempre surpreender; que Rui Costa está realmente fora de forma (embora eu apostasse que se entrasse na 2ª parte faria coisas interessantes); que Paulo Ferreira não é o inexpugnável que se pensava;e que Scolari terá mesmo de arriscar um pouco mais.
Mais uma vez teremos de fazer contas até ao fim; mais uma vez falhou a finalização; de novo vieram os pseudo-entendidos na matéria afirmar que "era perfeitamente previsível a derrota frente à Grécia", quando antes do jogo faziam previsões totalmente opostas; outros resolveram mais uma vez atirbuir as culpas a Figo (?!) e a Ricardo, com o argumento de que "com o Vítor Baía é que era", embora não expliquem como é que o Vítor Baía iria defender aquele penalty e o primeiro golo fora do âmbito de visão. E, claro, aqueles que com mais ou menos razão não deixarão de culpar Scolari de tudo e mais alguma coisa.
Sempre que Portugal é favorito os resultados ficam aquém do esperado. Ao contrário do que aconteceu no europeu de há 4 anos, onde vimos uma das melhores equipas nacionais de sempre. Como era des esperar, voltamos a meter a pata na poça, embora seja duvidoso que a lição tenha servido para algo. Porque o Euro começou agora, e está longe de terminar. Pede-se pois menos euforia bacoca e mais confiança nos jogadores lusos.
Por falar em euforia, era mesmo esse o sentimento dominante ontem à noite na Praça da Ribeira, onde desfilavam cantores pimba que punham a dançar não só portugueses mas também holandeses, ingleses, franceses, croatas, gregos, suíços, alemães, espanhois, dinamarqueses italianos e letões. Foram pelo menos essas as nacionalidades reconhecíveis, no meio do arraial que misturava música (pimba, claro), cerveja, e iconografia nacional/futebolística, a começar pelas omnipresentes bandeiras portuguesas. Ao menos o ambiente era de convívio e alegria.E o espectáculo dos holandeses rendidos a Emanuel hilariante.
É de arrepiar o comentário do adepto grego que, perante a minha incredulidade divertida profetizava que a Grécia iria ganhar no dia seguinte, à frente de milhares de portugueses, fazendo uma analogia com as vitórias de Alexandre contra um exército persa muito superior em número. Seria o covicto mancebo descendente da troiana Cassandra?
O assunto do dia é indubitavelmente a seleção nacional e a sua desapontadora derrota perante a bem organizada turma helénica. Depois da enorme euforia em redor da equipa lusa, eis agora a ressaca em redor da derrota. A reter há apenas meia dúzia de coisas: que a Grécia é sem dúvida uma equipa bem organizada; que as equipas menos conhecidas têm esse mesmo privilégio, ou seja, podem sempre surpreender; que Rui Costa está realmente fora de forma (embora eu apostasse que se entrasse na 2ª parte faria coisas interessantes); que Paulo Ferreira não é o inexpugnável que se pensava;e que Scolari terá mesmo de arriscar um pouco mais.
Mais uma vez teremos de fazer contas até ao fim; mais uma vez falhou a finalização; de novo vieram os pseudo-entendidos na matéria afirmar que "era perfeitamente previsível a derrota frente à Grécia", quando antes do jogo faziam previsões totalmente opostas; outros resolveram mais uma vez atirbuir as culpas a Figo (?!) e a Ricardo, com o argumento de que "com o Vítor Baía é que era", embora não expliquem como é que o Vítor Baía iria defender aquele penalty e o primeiro golo fora do âmbito de visão. E, claro, aqueles que com mais ou menos razão não deixarão de culpar Scolari de tudo e mais alguma coisa.
Sempre que Portugal é favorito os resultados ficam aquém do esperado. Ao contrário do que aconteceu no europeu de há 4 anos, onde vimos uma das melhores equipas nacionais de sempre. Como era des esperar, voltamos a meter a pata na poça, embora seja duvidoso que a lição tenha servido para algo. Porque o Euro começou agora, e está longe de terminar. Pede-se pois menos euforia bacoca e mais confiança nos jogadores lusos.
Por falar em euforia, era mesmo esse o sentimento dominante ontem à noite na Praça da Ribeira, onde desfilavam cantores pimba que punham a dançar não só portugueses mas também holandeses, ingleses, franceses, croatas, gregos, suíços, alemães, espanhois, dinamarqueses italianos e letões. Foram pelo menos essas as nacionalidades reconhecíveis, no meio do arraial que misturava música (pimba, claro), cerveja, e iconografia nacional/futebolística, a começar pelas omnipresentes bandeiras portuguesas. Ao menos o ambiente era de convívio e alegria.E o espectáculo dos holandeses rendidos a Emanuel hilariante.
É de arrepiar o comentário do adepto grego que, perante a minha incredulidade divertida profetizava que a Grécia iria ganhar no dia seguinte, à frente de milhares de portugueses, fazendo uma analogia com as vitórias de Alexandre contra um exército persa muito superior em número. Seria o covicto mancebo descendente da troiana Cassandra?
quinta-feira, junho 10, 2004
António Luciano Pacheco de Sousa Franco 1942-2004
Hoje pude dormir até tarde. Estava realmente precisado. Mas o dia não começaria nada bem, infelizmente. A minha mãe, que se encontrava em Matosinhos, onde trabalha, telefonou a dar a notícia que por toda a parte circulava: a morte repentina de Sousa Franco, cabeça de lista do PS ás Europeias de Domingo próximo.
Seguiu-se a incredulidade e consternação da praxe. Na televisão, todos os quadrantes políticos, mesmo os que lhe eram mais hostis. lamentavam a sua morte. Julgo que todos eram mais ou menos sinceros, já que ninguém fica indiferente a um acontecimento abrupto destes. Mas foi impossível não pensar nos acontecimentos dos últimos dias.
Nesta campanha patética e surreal, houve quem mimoseasse o lente de finanças públicas com ataques absolutamente gratuitos e despropositados. Sousa Franco reagiu com algum fervor mas nunca baixando ao nível dos que o insultaram. Propôs mesmo a Deus Pinheiro, que manteve sempre a compostura, um pacto anti-insultos. Só que poucos foram aqueles que o cumpriram. No meio disto tudo, só se ouviu falar verdadeiramente de ideias num debate entre os dois principais candidatos.
Há que recordar ainda que Sousa Franco conseguiu, graças ás suas políticas de covergência, trazer a moeda única, esse mesmo Euro que usamos diariamente, para o nosso país. Ao contrário do que tentaram apregoar, realizou um trabalho de grande valor para pôr as contas do Estado em ordem; com a sua saída, a situação financeira começou a resvalar.
Apesar de cultivar a independência, uma das suas características mais visíveis e que o tinham feito "vagabundear" pelo espectro partidário de centro-esquerda, o PS chamou-o agora para uma missão no Parlamento Europeu. Sousa Franco entregou-se a este objectivo com um vigor e uma alegria que não se lhe conheciam, onde até houve quem o considerasse um bom candidato presidencial. Começava no entanto a denotar sinais de cansaço, como se viu na indispensável visita à lota de Matosinhos, onde estalou o conflito entre as comadres Narciso/Seabra. Pouco depois sucumbia a um ataque de coração; ao que parece, já tinha algumas mazelas cardíacas; o cansaço e a tensão dos úçtimos momentos terão completado a sinistra obra...
É pois um momento de luto para o país; perdeu-se um universitário ilutre, um político com elevação, um homem com frontalidade, humanismo e bonomia. Todos eles contribuíram para que fosse O MELHOR MINISTRO DAS FINANÇAS PORTUGUÊS DA ÚLTIMA DÉCADA. Pela perda enorme, de um político que tanto tinha ainda para dar a Portugal e à Europa, sinto-me realmente amargurado. De onde quer que ele esteja, espero que ouça o imenso obrigado que tantos e tantos portugueses como eu lhe devem.
PS: faço um ligeiro aditamento ao post; primeiro, para lamentar outro desaparecimento, desta vez de Lino de Carvalho, deputado do PCP, a quem, embora esteja politicamente muito afastado, reconheço uma combatividade e convicção notórias pela forma como tomava a palavra em S. Bento; segundo, pelo enorme galo que tive hoje quando almoçei em Matosinhos; inevitavelmente, pensava em Sousa Franco, sucumbido um dia antes na avenida contígua, quando entrou no restaurante onde me encontrava uma das "comadres" das querelas na lota: Narciso Miranda, o eterno cacique socialista; com os acontecimentos do dia anterior ainda frescos, é realmente penoso dar-se de caras com um dos protagonistas daqueles fatídicos momentos. O que só conseguiu turvar ainda mais os meus pensamentos.
Hoje pude dormir até tarde. Estava realmente precisado. Mas o dia não começaria nada bem, infelizmente. A minha mãe, que se encontrava em Matosinhos, onde trabalha, telefonou a dar a notícia que por toda a parte circulava: a morte repentina de Sousa Franco, cabeça de lista do PS ás Europeias de Domingo próximo.
Seguiu-se a incredulidade e consternação da praxe. Na televisão, todos os quadrantes políticos, mesmo os que lhe eram mais hostis. lamentavam a sua morte. Julgo que todos eram mais ou menos sinceros, já que ninguém fica indiferente a um acontecimento abrupto destes. Mas foi impossível não pensar nos acontecimentos dos últimos dias.
Nesta campanha patética e surreal, houve quem mimoseasse o lente de finanças públicas com ataques absolutamente gratuitos e despropositados. Sousa Franco reagiu com algum fervor mas nunca baixando ao nível dos que o insultaram. Propôs mesmo a Deus Pinheiro, que manteve sempre a compostura, um pacto anti-insultos. Só que poucos foram aqueles que o cumpriram. No meio disto tudo, só se ouviu falar verdadeiramente de ideias num debate entre os dois principais candidatos.
Há que recordar ainda que Sousa Franco conseguiu, graças ás suas políticas de covergência, trazer a moeda única, esse mesmo Euro que usamos diariamente, para o nosso país. Ao contrário do que tentaram apregoar, realizou um trabalho de grande valor para pôr as contas do Estado em ordem; com a sua saída, a situação financeira começou a resvalar.
Apesar de cultivar a independência, uma das suas características mais visíveis e que o tinham feito "vagabundear" pelo espectro partidário de centro-esquerda, o PS chamou-o agora para uma missão no Parlamento Europeu. Sousa Franco entregou-se a este objectivo com um vigor e uma alegria que não se lhe conheciam, onde até houve quem o considerasse um bom candidato presidencial. Começava no entanto a denotar sinais de cansaço, como se viu na indispensável visita à lota de Matosinhos, onde estalou o conflito entre as comadres Narciso/Seabra. Pouco depois sucumbia a um ataque de coração; ao que parece, já tinha algumas mazelas cardíacas; o cansaço e a tensão dos úçtimos momentos terão completado a sinistra obra...
É pois um momento de luto para o país; perdeu-se um universitário ilutre, um político com elevação, um homem com frontalidade, humanismo e bonomia. Todos eles contribuíram para que fosse O MELHOR MINISTRO DAS FINANÇAS PORTUGUÊS DA ÚLTIMA DÉCADA. Pela perda enorme, de um político que tanto tinha ainda para dar a Portugal e à Europa, sinto-me realmente amargurado. De onde quer que ele esteja, espero que ouça o imenso obrigado que tantos e tantos portugueses como eu lhe devem.
PS: faço um ligeiro aditamento ao post; primeiro, para lamentar outro desaparecimento, desta vez de Lino de Carvalho, deputado do PCP, a quem, embora esteja politicamente muito afastado, reconheço uma combatividade e convicção notórias pela forma como tomava a palavra em S. Bento; segundo, pelo enorme galo que tive hoje quando almoçei em Matosinhos; inevitavelmente, pensava em Sousa Franco, sucumbido um dia antes na avenida contígua, quando entrou no restaurante onde me encontrava uma das "comadres" das querelas na lota: Narciso Miranda, o eterno cacique socialista; com os acontecimentos do dia anterior ainda frescos, é realmente penoso dar-se de caras com um dos protagonistas daqueles fatídicos momentos. O que só conseguiu turvar ainda mais os meus pensamentos.
segunda-feira, junho 07, 2004
É a notícia do dia: Ronald Reagan, o "falcão anti-soviético", morreu ontem aos 93 anos depois de uma prolongada e degenerativa doença. Na sua grande maioria, os blogs lamentaram a perda do que consideraram "um dos maiores presidentes de sempre dos EUA".
Peço desculpa, mas discordarei dessa opinião maioritária. Lamento a sua morte, como lamentarei a de qualquer ser humano, embora talvez fosse o que melhor lhe podia ter sucedido, já que vivia num estado absolutamente comatoso há já largos meses. Mas não posso concordar com aqueles que o consideram o vencedor da Guerra Fria, ou pior ainda, um paladino da Liberdade.
Quanto à segunda recordarei apenas a aviltante invasão a Granada, o apoio aos combatentes islâmicos do Afeganistão (a antecâmara da Al-Qaeda), o sustento aos Contras da Nicarágua e El-Salvador, na tentativa de restaurar regimes brutais que apeassem os sandinistas
do poder (também eles ditatoriais, mas num registo bastante menor), e, last but not least,as relações de amizade que estabeleceu com o Iraque de Saddam, no fito de combater o Irão recém-Khomeinizado, não hesitando em armar até aos dentes o carniceiro de Bagdad, mesmo conhecendo o carácter do seu regime.Isto para além do sonho megalómano da "Guerra das Estrelas", do apoio incondiconal à sua versão feminina Tatcher,e aos bombardeamentos da Tripoli de Khadafi, o único acto com que verdadeiramente posso concordar (embora não tivessem o aval da ONU), já que começou aí a inflexão do ditador líbio, com os resultados que se conhecem hoje. Eis as traves mestras da política internacional de Reagan, e da sua propalada liberdade.
Relativamente ao facto de ter sido o vencedor da Guerra Fria, só posso dizer que tal pensamento é uma perfeita injustiça para com Gorbatchov, João Paulo II, Walesa, e tantos outros que puganaram pelo fim da tirania comunista. Reagan era o presidente da altura, é certo. Empreendeu um programa de "Guerra das Estrelas" para subverter a URSS. Para sua sorte apareceu aos comandos desta o homem do famoso sinal na careca, que se dispunha a proceder ao degelo e a trazer a perestroika à Praça Vermelha. Hoje em dia está na moda tratar Gorbatchov como um derrotado. Mas se no seu lugar surgisse um duro estalinista, quem sabe o que poderia ter acontecido? Quem nos diz que uma animosidade crescente não teria degenerado numa guerra apocalíptica? Ronnie apenas colheu os louros das circunstâncias; mas o mérito, esse, coube sobretudo a Gorby e a outros já aqui referidos.
Nem vale a pena falar dos resultados das políticas internas dos EUA durante os anos 80, sobretudo no que à economia diz respeito. Se o sentimento patriótico dos americanos se elevou imenso, o mesmo não se poderá dizer da sua situação financeira,como resultado da estrita aplicação das teses dos Chicago Boys. Viu-se no que deram...
Paz a Ronnie. A paz que negou a tantos outros. E a que qualquer homem ou mulher têm direito.
Já há muito tempo que por aqui não passava. Mas as novidades arqueológicas e as histórias envolvendo galeões, corsários e naufrágios que Alexandre Monteiro exemplarmente conta valem algumas visitas mais assíduas.
Serralves...Eis o verdadeiro motivo de orgulho dos portuenses. A referência cultural de toda uma cidade (e das mais relevantes a nível nacional) completou 15 anos de Fundação e 5 de museu. Os parabéns deram-se durante 40 horas seguidas, em que o público em geral entrou gratuitamente no parque e no museu, estabelecendo um são convívio onde se viam sofás vermelhos nos jardins, entretenimento infantil, provagem de flores (!), música ao vivo, etc. À noite havia ligeiras transmutações, com o ténis coberto por uma tenda própria para o evento, onde um qualquer DJ renomado passava dance-music inesgotável, à sombra das árvores que caracterizam o enorme parque e da disceta colunata da casa de chá.
As habituais exposições de arte estiveram também expostas nesse fim-de-semana non stop, após as quais se podia ir comer um qualquer prato na cafetaria do museu, do alto da qual se avistava boa parte dos jardins e a coluna de gente a bater em retirada da festa ás primeiras horas da manhã.
Embora não tenha ficado completamente satisfeito, agradou-me a experiência de vaguear pelo belíssimo parque à noite, que apesar de encoberta exibia uma claridade fora do vulgar (claro que a iluminação artificial ajudava). O tom mágico do arvoredo, dos lagos, dos jardins de buxo e das esculturas era digno de um qualquer livro juvenil de Sophia De Mello Breyner; tais obras, como "O Rapaz de Bronze" ou "A Floresta", essenciais quando aprendia as primeiras letras,podiam ter sido inspiradas ali, ou não fosse a autora natural deste mesmo Porto, e habitasse uma casa a poucas centenas de metros dali. Fosse como fosse, era um cenário fantástico e quase irreal; abençoados mecenas que se lembraram de comprar esta imensa propriedade, impedindo que a mesma fosse posta à disposição de um qualquer grupo de patos-bravos sem alma.
Ao que parece, eventos semelhantes serão repetidos, com outros pretextos, talvez até no próximo Verão. Os portuenses agradecem. E regozijam-se por haver um lugar como Serralves, como elemento purificador da sua cidade.
Muitos perguntam qual será o futuro de Secretário, o insigne ex-jogador do FCP que há semanas se sagrou campeão da Europa pela 2ª vez (por incrível que pareça já o tinha conseguido pelo Real, também aí sem jogar, claro). Julgo que tenho a resposta: é que o dito ex-futebolista há dias entrava e saía incessantemente da Ordem dos Advogados do Porto, o que me levou a pôr duas hipóteses: ou se prepara para uma vida de douto jurista; ou então estagia para ocupar uma função pouco mais ou menos coincidente com o apelido. São palpites...
Peço desculpa, mas discordarei dessa opinião maioritária. Lamento a sua morte, como lamentarei a de qualquer ser humano, embora talvez fosse o que melhor lhe podia ter sucedido, já que vivia num estado absolutamente comatoso há já largos meses. Mas não posso concordar com aqueles que o consideram o vencedor da Guerra Fria, ou pior ainda, um paladino da Liberdade.
Quanto à segunda recordarei apenas a aviltante invasão a Granada, o apoio aos combatentes islâmicos do Afeganistão (a antecâmara da Al-Qaeda), o sustento aos Contras da Nicarágua e El-Salvador, na tentativa de restaurar regimes brutais que apeassem os sandinistas
do poder (também eles ditatoriais, mas num registo bastante menor), e, last but not least,as relações de amizade que estabeleceu com o Iraque de Saddam, no fito de combater o Irão recém-Khomeinizado, não hesitando em armar até aos dentes o carniceiro de Bagdad, mesmo conhecendo o carácter do seu regime.Isto para além do sonho megalómano da "Guerra das Estrelas", do apoio incondiconal à sua versão feminina Tatcher,e aos bombardeamentos da Tripoli de Khadafi, o único acto com que verdadeiramente posso concordar (embora não tivessem o aval da ONU), já que começou aí a inflexão do ditador líbio, com os resultados que se conhecem hoje. Eis as traves mestras da política internacional de Reagan, e da sua propalada liberdade.
Relativamente ao facto de ter sido o vencedor da Guerra Fria, só posso dizer que tal pensamento é uma perfeita injustiça para com Gorbatchov, João Paulo II, Walesa, e tantos outros que puganaram pelo fim da tirania comunista. Reagan era o presidente da altura, é certo. Empreendeu um programa de "Guerra das Estrelas" para subverter a URSS. Para sua sorte apareceu aos comandos desta o homem do famoso sinal na careca, que se dispunha a proceder ao degelo e a trazer a perestroika à Praça Vermelha. Hoje em dia está na moda tratar Gorbatchov como um derrotado. Mas se no seu lugar surgisse um duro estalinista, quem sabe o que poderia ter acontecido? Quem nos diz que uma animosidade crescente não teria degenerado numa guerra apocalíptica? Ronnie apenas colheu os louros das circunstâncias; mas o mérito, esse, coube sobretudo a Gorby e a outros já aqui referidos.
Nem vale a pena falar dos resultados das políticas internas dos EUA durante os anos 80, sobretudo no que à economia diz respeito. Se o sentimento patriótico dos americanos se elevou imenso, o mesmo não se poderá dizer da sua situação financeira,como resultado da estrita aplicação das teses dos Chicago Boys. Viu-se no que deram...
Paz a Ronnie. A paz que negou a tantos outros. E a que qualquer homem ou mulher têm direito.
Já há muito tempo que por aqui não passava. Mas as novidades arqueológicas e as histórias envolvendo galeões, corsários e naufrágios que Alexandre Monteiro exemplarmente conta valem algumas visitas mais assíduas.
Serralves...Eis o verdadeiro motivo de orgulho dos portuenses. A referência cultural de toda uma cidade (e das mais relevantes a nível nacional) completou 15 anos de Fundação e 5 de museu. Os parabéns deram-se durante 40 horas seguidas, em que o público em geral entrou gratuitamente no parque e no museu, estabelecendo um são convívio onde se viam sofás vermelhos nos jardins, entretenimento infantil, provagem de flores (!), música ao vivo, etc. À noite havia ligeiras transmutações, com o ténis coberto por uma tenda própria para o evento, onde um qualquer DJ renomado passava dance-music inesgotável, à sombra das árvores que caracterizam o enorme parque e da disceta colunata da casa de chá.
As habituais exposições de arte estiveram também expostas nesse fim-de-semana non stop, após as quais se podia ir comer um qualquer prato na cafetaria do museu, do alto da qual se avistava boa parte dos jardins e a coluna de gente a bater em retirada da festa ás primeiras horas da manhã.
Embora não tenha ficado completamente satisfeito, agradou-me a experiência de vaguear pelo belíssimo parque à noite, que apesar de encoberta exibia uma claridade fora do vulgar (claro que a iluminação artificial ajudava). O tom mágico do arvoredo, dos lagos, dos jardins de buxo e das esculturas era digno de um qualquer livro juvenil de Sophia De Mello Breyner; tais obras, como "O Rapaz de Bronze" ou "A Floresta", essenciais quando aprendia as primeiras letras,podiam ter sido inspiradas ali, ou não fosse a autora natural deste mesmo Porto, e habitasse uma casa a poucas centenas de metros dali. Fosse como fosse, era um cenário fantástico e quase irreal; abençoados mecenas que se lembraram de comprar esta imensa propriedade, impedindo que a mesma fosse posta à disposição de um qualquer grupo de patos-bravos sem alma.
Ao que parece, eventos semelhantes serão repetidos, com outros pretextos, talvez até no próximo Verão. Os portuenses agradecem. E regozijam-se por haver um lugar como Serralves, como elemento purificador da sua cidade.
Muitos perguntam qual será o futuro de Secretário, o insigne ex-jogador do FCP que há semanas se sagrou campeão da Europa pela 2ª vez (por incrível que pareça já o tinha conseguido pelo Real, também aí sem jogar, claro). Julgo que tenho a resposta: é que o dito ex-futebolista há dias entrava e saía incessantemente da Ordem dos Advogados do Porto, o que me levou a pôr duas hipóteses: ou se prepara para uma vida de douto jurista; ou então estagia para ocupar uma função pouco mais ou menos coincidente com o apelido. São palpites...
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