quinta-feira, janeiro 20, 2005

A lata II

No programa "Prós e Contras", da RTP, Mário Soares disse aquilo que já toda a gente está farta de saber: que há corrupção nas autarquias, que os licenciamentos das câmaras à construção civil passam por cima de todo e qualquer norma ambiental e de ordenamento do território, que há promiscuidade com o futebol, e alguns dos piores defeitos da classe política portuguesa tinham mesmo natureza local (como o caciquismo). Fingindo indignação, Fernando Ruas, presidente da ANMP e da Câmara Municipal de Viseu, responsável pela construção de 9549 rotundas em redor da cidade beirã, resolveu perguntar ao ex-PR "se sabia de exemplos de corrupção nas autarquias para poder se manifestar, insultando os autarcas deste país". Ora exemplos é o que há mais. A quantidade de edis locais que foram parar à cadeia, estão sob processos judiciais ou a ser investigados pela polícia, pelas mais diversas irregularidades, não é facilmente quantificável. Como mais mediáticos temos por exemplo o saco azul de Felgueiras, os incontáveis processos judiciais de Ferreira Torres, as ligações ao caso Apito Dourado ou as alterações abruptas dos PDMs. Aliás, as críticas do presidente da ANMP foram feitas no mesmo dia em que Nuno Cardoso acabou por ser formalmente constituído arguido do processo de revenda de uns terrenos no Porto, supostamente beneficiando o FCP, alimentando ainda mais as suspeitas que já havia. Ruas não podia mesmo ter escolhido pior altura para se indignar: todos os factos mostram que a posição dele é indefensável.
 
Já agora, note-se a costumeira lata de Cardoso, que afirmou que "tinha sido apenas convidado a ir à PJ prestar declarações", e que a polícia"apenas o tinha ido visitar a casa". E para quê, já agora, sr. engenheiro? Para lhe oferecer flores e chocolates?
Os benefícios a tirar disto tudo é que Nuno Cardoso já não deverá poder candidatar-se à Câmara do Porto. Por essa parte os portuenses já podem dormir descansados.

Um comentário:

mfc disse...

Como a Polícia Judiciária não se tem portado bem.
Nem me visita em minha casa, nem me tem convidado a aparecer na casa dela....!
Mas sabes... também lhe pago na mesma moeda.
Não lhe dirijo sequer palavra!