Tristes recriminações
Manuel Alegre voltou ao seu lugar na AR. A meu ver, faz bem. Por muito que a boa vontade e o um milhão e tal de votos ajudem, pouco poderia fazer sem algum peso institucional. E o lugar de deputado (não sei se também vice-presidente da AR) terá a sua influência nas questões que pretende abordar, seja na interrupção da IVG, onde não poderá contar certamente com o meu apoio, seja na discussão sobre desertificação e despovoamento do interior (aqui merece sólida concordância).
Entretanto, o seu papel nas presidenciais voltou a ser apupado por alguns comentadores de nova geração. Depois da malta da Geração de 70 (como Pedro Mexia), ainda temos de aturar os dois cantos do Expresso. O Daniel Oliveira veio dizer que os votantes em Alegre só o tinham feito por duas ou três razões (ódio ao soarismo, esquerda romântica e porque não sabiam em quem deviam votar, salvo erro). Esqueceu-se de dezenas de outras, como a de que Alegre era o único que mostrava grande amor a pátria sem os complexos típicos da esquerda radical e dos neoliberais, e ou que não estava embrulhado em máquinas partidárias, como a do seu candidato, Francisco Louçã, ou muitas outras que pertencerão a quem nele votou. A nova admiração de Daniel por Soares deu-lhe para desancar no poeta por dá cá aquela palha.
Outro que se divertiu a zurzir em Alegre foi (além de Vasco Pulido Valente, recém-chegado à sua tão criticada blogoesfera) João Pereira Coutinho, alegando a sua "iliteracia política" e o seu "delírio". É típico do ex-Infame: qualquer indivíduo que tenha ideias diferentes das suas é logo apelidado de ser portador de "insanidade", de o fazer "rebolar de riso", ou de tomar parte numa "trupe ideológica". Isto claro, se não o tratar de "mau-carácter" ou "verme", como já aconteceu ao dito Daniel Oliveira.
O problema é que o mesmo Pereira Coutinho disse há meses, quando Alegre não se candidatou ao primeiro impulso, que o deputado teria tido um acto de dignidade se o tivesse feito. Assim que Alegre decidiu mesmo avançar, começaram as zombarias e as desclassificações da parte do colunista. Só prova que a tal iliteracia política de que fala o toca muito mais a ele do que a pessoas que já andavam em sessões legislativas quando ainda se debatia no berço. E que se não sofre de delírio, há pelo menos naquela mente uma boa dose de amnésia em relação às opiniões expressas escasso tempo antes
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
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Um comentário:
Sic Transit Gloriae Comentadoris Politicae...
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