Ainda estamos em Janeiro e já houve uma data de mortes da famosos em 2008. Já aqui falei de Luís Pacheco e Edmund Hillary. E também de Butho, a roçar a passagem do ano. Suharto, que era o que mais merecia ir desta para melhor, dá sinais de recuperação. Se for apenas uma melhoria agónica, nem lamento.
Agora desapareceu Bobby Fisher. O ex-prodígio do xadrez andava há muito arredado dos tabuleiros, desde que quebrou o embargo à ex-Jugoslávia em 92, com passagens errantes entre a Europa Central e a Ásia do Pacífico. Andava totalmente paranóico, com tiradas anti-semitas violentíssimas e até júbilo pelo 11 de Setembro. Extraditado para a Islândia, conseguiu a cidadania da terra do gelo e lá morreu, há dias, de uma insuficiência renal. Tinha 64 anos, tantos quanto os quadrados do xadrez. Esperemos que as proezas de raciocínio sejam mais relembradas que as controvérsias do fim de vida.
Mais tocado fiquei com a surpreendente morte de Heath Ledger. Um actor versátil e tocante, por papeis tão diversos em filmes tais como Monsters Ball, As Quatro Penas Brancas, Os Irmãos Grimm, ou Brockeback Moutain, acabar assim, aos 28 anos, deixa um travo amargo na história contemporânea do cinema. Ledger tornar-se-ia provavelmente um "clássico", daqui a umas décadas. Não chegou ao estrelato nem provocou histeria como James Dean, mas também não era um debutante juvenil como River Phoenix ou Brandon Lee. Não sei que papel lhe reservará a história do cinema, mas o seu rasto perdurará certamente por algum tempo. Até por filmes que estão para vir, como I´m not there, em que encarnava um Bob Dylan numa fase da sua vida, e mais ainda, o novo Batman, em aparece como Joker, de face borratada e mais sinistra que o de Jack Nicholson. Terá sido este papel que mais lhe exigiu e que contribuiu para os seus problemas psicológicos. Um fantasma também para ele, e para todos os outros, agora que desapareceu.
PS: Afinal Suharto também morreu. como previa, era uma "melhora da morte". O mundo livrou-se de mais um ex-ditador.
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