No fim de uma semana complicada, volto aos posts, que andavam esquecidos
Já tinha visto os dois filmes com mais nomeações para os Óscares, Slumdog Millionaire e O Estranho Caso de Benjamin Button.
O primeiro é uma curiosa visita à Índia actual, com os seus bairros miseráveis (mas não tanto quanto os de África), as tensões entre comunidades, que custam a vida da mãe do protagonista, e a luta diária pela sobrevivência, onde valem pequenos delitos e que muitas vezes acabam na criminalidade pesada. E a sorte grande, as milionésimas hipóteses da vida mudar como da noite para o dia.
Dá para confirmar que Danny Boyle gosta muito de flashbacks e imagens a grande velocidade. Não é o meu género de cinema favorito, mas não desgostei nada do filme. As inúmeras nomeações e prémios que tem abarbatado é que me parecem francamente exagerados. É o tipo de trabalhos que por mostrar a "realidade" leva logo um coro de elogios - ou de críticas e ataques, como os que vêm da Índia, e que lhe dá logo a imagem de "ou se ama ou se odeia" - e o efeito bola de neve mediático transporta-o para um patamar que em casos normais seria o das três estrelas. Um filme "realista" sobre a "luta pela vida", conjugado com o final feliz e as coreografias à Bollywood.
O filme de David Fincher nada tem a ver com aquilo com que o realizador de Sete Pecados Mortais habituou o seu público. A adaptação do pequeno conto de Scott Fitzgerald é um filme comprido, estranho, mas singelo, muito longe da carnificina e violência psicológica normais nas obras de Fincher. A história de um homem que recua no aspecto físico avançando na idade, por causa de um estranho sortilégio temporal, contada por uma mulher na sua cama de moribunda enquanto no exterior a furacão Catrina ensaia os primeiros ventos de destruição. Uma tocante história de amor, tendo no centro alguém que não tinha pontos de comparação com o seu caso, e que tinha de percorrer o seu caminho sabendo quando acabaria, e as pessoas mais próximas cientes do seu estado, reagindo como se isso nada tivesse de extraordinário. Um filme merecedor de uma ida ao cinema (para mais, Cate Blanchett é a co-protagonista, o que dobra o mérito da coisa), mas também ele um pouco aquém de uma obra.-prima merecedora de tantas nomeações. Brad Pitt está nomeado para o Óscar de Melhor Actor (tal como o seu par, Angelina Jolie), sobretudo tendo em conta a paciência que decerto terá tido para tanta caracterização, mas a interpretação em si também não desmerece.
A vaga de oscarizações destas duas obras percebe-se como um ano menos bom do cinema americano. São filmes estimáveis e respeitáveis, que merecem ser vistos - principalmente Benjamin Button - mas bastante aquém de grandes obras da Sétima Arte (ainda estou para ver Grand Torino, de Clint Eastwood).
A propósito, eis as minhas apostas para algumas categorias dos Óscares, tendo em conta outros prémios e anteriores nomeações:
-Melhor filme: Slumdog Millionaire (pelos prémios acumulados)
-Melhor Realizador: Danny Boyle(idem)
-Melhor Actor: Mickey Rourke (idem, e porque Sean Penn já tem um e a Academia gosta sempre de "renascimentos")
-Melhor Actriz: Kate Winslet (por todas as nomeações falhadas)
-Melhor Actor Secundário: Eath Ledger (por ser a título póstumo)
-Melhor Actriz Secundária (no desempate, porque eu quero que ela ganhe)
2 comentários:
bravo pimenta!
So falhaste um!
Abraço
A.
Pois é. Mas estas coisas andam muito previsíveis.
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