O Graça Moura do PS
Alguém disse certo dia, com propriedade, que Vital Moreira era o Vasco Graça Moura do PS. O ex-presidente da Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses era (e é) um vulto intelectual respeitado, formalmente independente, mas mais laranja que qualquer PSD com cartão de militante e invocação de Sá Carneiro pronta a lançar. Para ele, o governo de Cavaco Silva era o paraíso terrestre, o PSD o melhor partido possível e os seus adversários uns sicários do pior, merecedores de todo o desprezo. A certa altura, o PSD convidou-o o tomar parte num dos primeiros lugares numa lista ao Parlamento Europeu, onde se mantém.
Da mesmo forma, para Vital Moreira, constitucionalista e professor em Coimbra, o governo não é merecedor da menor crítica, e ai de quem ousar contrariar o rumo do Primeiro-Ministro, a quem defende arduamente nas páginas do Público. Embora não seja filiado no PS (depois de uns bons anos no PCP), representa bem o socratismo do momento: "moderno" q.b. nos costumes, acrescentando anda umas pitadas de anticlericalismo militante, e "flexível" dentro do necessário na economia. Tanta disposição e habilidade na defesa indefensável de todas as medidas do Governo merecia uma recompensa. Encabeçar a lista para as europeias de Junho é maneira do PS lhe agradecer tantos e tão prestimosos serviços. Embora o "cosmopolistimos" apregoado pelo partido não lhe assente muito bem. Lá irá Estrasburgo receber este lídimo exemplar da retórica da academia coimbrã.
Um comentário:
Para quando uma descensão sobre o Nino?
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