Os lutadores não morrem descalços
A morte de Nino Vieira recordou-me a de Jonas Savimbi, há sete anos. Embora o líder da
UNITA nunca tenha chegado à chefia de estado, nem sequer ao exílio no estrangeiro, como quando Nino se refugiou em Gaia a convite do amigo Valentim Loureiro, passou igualmente pelo combate contra Portugal, pela auto-determinação, e depois pela guerra civil contra o poder do MPLA e seus aliados, nomeadamente Cuba.
Outras semelhanças seriam o espírito vingativo e a desconfiança permanente. Não sei o que teria sido Savimbi se tivesse chegado ao poder, mas calculo que se teria tornado num autocrata que afastaria os mais próximos à mínima suspeita. Como estadista e político, tanto Nino Vieira como Malheiro Savimbi falharam. O seu lugar era na luta constante, no comando de homens no mato, no carisma da guerrilha. Nunca poderiam acabar os seus dias num sofá ou numa cadeira de rodas, entre as recordações do passado e as fotografias entre os "camaradas de armas". Homens assim, guerreiros incansáveis por vezes perdidos na sua paranóia e sem o génio ou a manha dos estadistas, morrem sempre passados pelas armas, normalmente disparando os últimos tiros contra os inimigos.
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