Entre os vários jornalistas ou responsáveis de órgãos de comunicação social visados por uma linha editorial subserviente do governo conta-se João Marcelino. O actual director do Diário de Notícias conta na sua experiência com passagens pela chefia dos jornais Record e Correio da Manhã e pela revista Sábado, sendo que os dois primeiros constituem duvidosos elementos num currículo aceitável. É justamente considerado um "homem de direita", como se pôde avaliar por numerosas opiniões na Sábado, e neste caso, talvez o mais saliente membro do que já se chama a "direita socrática", i.e., aqueles que sendo politicamente mais destros não cessam de elogiar ou de desculpar as políticas do Primeiro-Ministro.
Convém no entanto ressalvar um ponto: Marcelino é "socratista" por inerência, não por convicção. Sendo director do DN, não poderia ser outra coisa. Não há publicação mais afecta à "situação" do que o velho diário da Avenida da Liberdade. Foi constitucionalista-liberal até 1910, republicano jacobino até 1926, estado-novista até 1974 (reporta-se a esse perído a construção de raiz da sua sede, na avenida supracitada), esquerdista e comunista durante o PREC, como ficou bem à vista pelas acções de Saramago, e finalmente opinador favorável aos governos da ocasião. Basta lembrar, em tempos recentes, o apoio incondicional à invasão do Iraque em tempos de Durão Barroso, e à defesa quase confessa de Santana Lopes nos meses em que este governou, até na história da mudança de directores. Agora limita-se a confirmar o que se espera dele: que seja o mais ardente defensor do executivo em funções e o defenda até à medula. Num país em que raramente a comunicação social assume as suas preferências políticas, é bom saber que há uma veneranda publicação com a qual se pode contar sempre, adivinhando à partida a sua posição.
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