quinta-feira, novembro 07, 2013

Um desperdício e um estúpido gasto público


Ainda se vislumbram por aí algumas réstias da campanha eleitoral para as autárquicas. Pouca coisa, um outdoor esquecido e esfarrapar-se, alguns cartazes de plástico agarrados aos postes, autocolantes nas paredes...
 
Ao ver algumas imagens da campanha que passou, particularmente dos comícios e das arruadas, reparei que tanto os candidatos independentes como as coligações e até mesmo partidos a concorrer sozinhos tinha sempre um logótipo personalizado estampado em bandeiras, t-shirts ou pendões. Pode-se perceber isso em candidaturas apartidárias ou em coligações que não existiam antes, mas fora disso parece um pouco ridículo. Como se os partidos tivessem vergonha de apresentar a sua simbologia, quando sabemos que em eleições municipais, a ideia é reforçar as "bases" e o poder territorial.
 
Li há tempos, a propósito da reciclagem de material de campanha (no caso, as lonas de outdoors para serem reutilizadas como tendas em África), que segundo a lei de financiamento dos partidos, os objectos usados em campanha não podem ser usados em campanhas posteriores. Confesso que dei uma vista de olhos à tal Lei, e ou por distração minha ou por erro de quem escreveu isso, não encontrei qualquer proibição de repetição de campanhas. Mas se isto é verdade, significa tão somente que os símbolos e imagens gráficas usadas numa campanha não podem voltar a ser reutilizados. O que significa uma enorme desperdício (já nem digo em gastar imensos "cartuchos" de criatividade) de dinheiro em agências de marketing e assessores de imagem, plásticos e materiais vários, etc. Ainda há dias, num programa dedicado exactamente aos gastos de campanha e respectivas subvenções pelo estado, José Guilherme Aguiar, que concorreu como independente a Gaia, estimava as despesas em mais de duzentos mil euros. Perto de metade seriam suportados pelo Estado, que ao todo, nas últimas eleições, terá despendido perto de 48 milhões de euros Às candidaturas que elegeram representantes e tiveram mais de 2% dos votos.
 
Imagine-se agora que quatro anos depois, a simbologia e imagem gráfica podiam ser reutilizadas em nova campanha. A poupança seria certamente considerável (também dependeria da prodigalidade das candidaturas). E numa altura em que mais do que nunca há que cortar no que há de mais acessório para enfrentar os sucessivos défices que ficam sempre além do previsto e engordam uma dívida assustadora, seria de bom senso e eticamente aconselhável alterar a lei do financiamento partidário, para que números como aqueles 48 milhões sejam efectivamente mais baixos. As campanhas eleitorais precisarão de tanto financiamento estatal? De tanto outdoor, tanto material para oferecer, tanto conselheiro de imagem? Alterem-se e baixem-se os financiamentos estatais, quanto antes, a começar pela suposta proibição de reutilização de campanhas anteriores, e usem a imaginação para atrair o voto dos eleitores com menos despesas. Depois queixem-se que cortam nas pensões...
 
 

Um comentário:

world of tanks triche disse...

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