quarta-feira, julho 27, 2016

Um mártir




...porque o é, realmente. Porque morreu a cumprir as obrigações para com Deus e a comunidade e honrar os seus votos. Coincidência pouco alegre: o seu martírio ocorreu ao lado da mesma cidade, Rouen, onde morreu outra mártir e a padroeira de França, Joana D ´Arc. E como já notaram, na Igreja de Saint Etienne (Estêvão), o primeiro mártir cristão.
Aquilo que ouvíamos acontecer na Síria e no Iraque acontece agora na Europa. Temíamos que pudesse suceder, mas no fundo com esperança que não, que ficasse lá longe, aquém Mediterrâneo. O Padre Jacques Hamel é afinal um mártir da Igreja tal como são muitos outros que morreram nos últimos anos às mãos de uma horda que não respeita religiões, idades ou qualquer outra condição.
 
Falava no último post de alguns apressados, de autores de frases banais. Nas redes sociais de hoje, voltam a aparecer. Mas até por respeito para com Jacques Hamel, podia-se evitar lançar tiros para todo o lado, sobretudo para os refugiados, como já vi muitos fazer, como se já soubessem de quem se tratou e precisassem de um culpado à mão, como acontecia no velho Oeste.
 
Mas entretanto aparecem mais grupos particularmente irritantes. Os que vêm com pacifismos patéticos ou oportunistas, afirmando que "a culpa é do racismo e da austeridade", como o fazem alguns idiotas úteis. Ou pior, os que por ser um padre, lançam piadinhas ou até encolhem os ombros porque, segundo eles, "também houve as cruzadas e a Inquisição". Pois, e também houve a cultura ocidental de mil e quinhentos anos, também houve o espírito de acolhimento e de caridade, também houve o fim dos jogos de circo e a escravatura (que infelizmente voltou), também houve a capela Sistina, a regra de S. Bento e as missões a acolher os pobres deste mundo. A esses, perdoemos, e se voltarem a insistir, talvez um balde de água fria pela cabeça abaixo seguido de uma sabatina de estudos sobre a matéria lhes faça bem. O Mal paga-se com o Bem, sabemo-lo desde aquela última Ceia.

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