sexta-feira, março 16, 2018

A triste ironia de Salisbury


A confirmarem-se todas as suspeitas do envenenamento por parte de agentes russos (uma velha tradição, bem anterior a Litvinenko) do antigo agente Sergei Skripal, um exilado russo no Reino Unido (outra tradição, embora o inverso também o seja, como Kim Philby bem demonstrou), e da sua filha, haverá com toda a certeza um sério incidente diplomático entre o Reino Unido e a Rússia, que aliás tem este fim de semana uma tranquilas eleições onde por coincidência o principal opositor a Putin não concorre por estar preso (e ainda teve sorte: outros acabaram baleados no meio da rua).


Mas mais que isso, restará uma ironia amarga: é que o crime deu-se em Salisbury, uma pequena e bonita cidade inglesa com uma imponente catedral onde repousa um dos quatro exemplares - e o mais bem conservado, pelo que podemos dizer que é o principal - da Magna Carta. E assim, numa cidade que guarda um documento fundamental do moderno estado de direito terá ocorrido uma crime mais próprio de tiranias e de estados totalitários.
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