Sentimentos de tristeza e desejos para o futuro
Sim, eu sei, já se passaram três dias,mas o desgosto inicial e os afazeres não me permitiram comentar a situação mais cedo. Sim, é óbvio que me refiro à triste final de Portugal no Domingo.
Desde já, não tenho contemplações com fair-plays nem em 2reconhecer que o adversário mereceu". Não, não mereceu. Porque era incapaz de fazer uma jogada completa que esboçasse um leve movimento de ataque. Porque se remeteu quase todo o jogo teimosamente à defesa, marcando o único golo num canto em que confiou na altura dos avançados e na sorte (e teve-a). E é este ponto que me enerva: uma equipa que nunca tendo feito nada em qualquer prova internacional consegue, na sua primeira final, com um anti-jogo permanente, vencer a outra seleção em campo (no seu campo), quando esta, também estreando-se numa final, já tinha passado por outros combates em anos anteriores? Sim, a sensação que tenho é a de uma enorme injustiça, de tanto trabalho para nada, de um sonho destruído, ao passo que outros que pouco fizeram e nem tinham o mesmo sonho nos arrebataram aquilo que devia ser nosso pelas regras mais básicas da justiça. Diga-se o que se disser, o desfecho é em tudo imerecido, e a seleção grega é premiada pelo seu futebol-bocejo e pela crença constante de um golo caído literalmente do céu- ou do Olimpo. E nada me causou mais impressão do que ver as lágrimas dos jogadores, sobretudo as de Rui Costa, cabisbaixo, no "seu" estádio da Luz, entre os confettis helénicos, depois de tudo ter feito para alterar a marcha inexorável do marcador no seu último jogo pela seleção; e que por isso mesmo, a última oportunidade lhe fora sonegada. Não, ele mais do que todos não merecia isto.
Os jogadores portugueses foram e são uns heróis. Mas os heróis, como é sabido desde a mais remota antiguidade, nada podem contra a fúria dos Deuses.
Há pois que reflectir: será o eterno Fado Lusitano, que nos impede sempre de alcançar as glórias que a outros não escapam ( e haverá maior glória actualmente do que erguer uma Taça perante os olhos do Mundo e os aplausos do respectivo povo?) Ou será apenas esta final mais uma etapa para isso, como que um Cabo das tormentas enfim ultrapassado, faltando ainda a preparação final para "chegar à Índia"? A resposta segue dentro de momentos.
Não esquecer, claro, que os Jogos Olímpicos estão quase aí, e serão precisamente nas origens: Atenas. Que melhor ocasião para recuperar a Glória perdida, como castigo aos helenos (que actualmente não passam de um cruzamento de eslavos com turcos e muito pouco da raça original nas veias)?
As minhas palavras não estão realmente amáveis para a Grécia, sobretudo tendo em conta a sua influência na denominção deste blogue. Isto vai passar, sem dúvida, como tudo. Mas ficou-me a ideia de uma pequena travessura: ainda um dia hei-de trocar a bendeira grega da Acrópóle - que flameja atrás do partenon, dando a imagem de um navio encalhado num recife - por uma bandeira das quinas. As consequências para mim seriam funestas, mas realizaria a vingança perfeita.
Ainda no futebol, desvendou-se enfim o segredo do defeso: a "velha raposa" Trapatonni, um dos técnicos mais conceituados - e premiados- do Mundo, é o novo treinador do Benfica. Confesso que à primeira audição tal nome não me agradou, tendo em conta o seu passado recente na "Squadra Azurra" e as suas tácticas maioritariamente defensivas. Mas olhando para o seu curriculum clubístico, recente e antigo, animei-me mais, e neste momento posso dizer que sinto alguma confiança. Veremos, veremos, até porque velhos são os trapos, não os "Trapas".
Convém no entanto, passado que está o EURO, desfutebolizar um pouco. A higiene mental assim o exige. A vida continua, e lenta e pausadamente, as bandeiras vão sendo retiradas das janelas e das varandas onde drapejam. Porque sabemos agora que, mais tarde ou mais cedo, serão de novo usadas. Com um orgulho novo e terno, que até aqui não existia.
Em relação aos efeitos do EURO falarei nos próximos dias. Amanhã espera-nos, muito provavelmente, a mais difícil decisão da carreira presidencial de Jorge Sampaio. Inclino-me mais para que em breve sejamos de novo chamados ás urnas. Aguardemos "com serenidade", como diz o PR.
quinta-feira, julho 08, 2004
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