Hollywood é madrasta, e frequentemente esquece-se de premiar os seus mais zelosos servidores. Outros são lembrados tarde e más horas, mas são lembrados. Scorcese é um deles, por exemplo. Outro era Paul Newman, que ganhou o Óscar de Melhor Actor à sétima nomeação, por sinal numa cerimónia em que nem se encontrava presente.
Sim, como todos conheço a figura semi-mítica (a partir de hora sem o prefixo) de Paul Newman, a sua dignidade, a sua integridade, o seu casamento de cinquenta anos, uma agulha no palheiro do mundo do cinema, sobretudo tratando-se de alguém com uma figura que certamente atrairia as atenções do sexo oposto. Era mais uma das raras personificações do Homem no cinema, na linha de um James Stewart, de um Peck ou de um Brando, de que hoje resta George Cloney e pouco mais.
Mas como tantos outros, desconheço a sua obra maior nas telas. Nunca vi o Veredicto, filme aconselhado por qualquer lente de Direito, nem Gato em Telhado de Zinco Quente, ou Butch Cassidy and the Sundance Kid, ou ainda Malice. Lembro-me de A Cor do Dinheiro, sequela com a qual ganhou a tal estatueta dourada, de Êxodo, dos recentes Message in a Bottle e Caminho da Perdição (com o qual ganhou ainda uma nomeação pelo seu papel de chefe de clã mafioso irlandês), e poucos mais. Não basta, claro, mas é o que se arranja até agora.
Ao contrário de outros, a morte de Newman era mais que anunciada. Morreu com a dignidade que sempre teve, rodeado dos seus, sem querer prolongar artificialmente a vida. Uma vida, diga-se, totalmente realizada, coisa que ainda ontem era discutida pelos especialistas cinéfilos. Uma estrela maior entre todas as que o cinema viu desaparecer este ano, que se já estava a ser particularmente sombrio nessa matéria, mais negro ficou.
Um comentário:
E como Gregory Peck ou Brando vai ser para sempre lembrado. Não é daqueles actores que são apenas uma moda.
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