quarta-feira, outubro 15, 2008

O desvario Republicano


Já que estou numa de criticar Republicanos, aproveito para virar baterias para o outro lado do Atlântico. Ainda não tinha escrito nada acerca do acontecimento maior da estação, as eleições presidenciais americanas que se avizinham. A campanha está ao rubro, e só não se ouve falar mais por causa da crise financeira que nos assola (e que também está no centro do debate pré-eleitoral).

Se Barack Obama já era um candidato com quem simpatizava, desde a sua eleição para Senador do Ilinois, aliás, na fatídica noite de recondução de W. Bush ao poder, agora ainda desejo mais a sua escolha. Não só porque parece trazer um sopro de confiança aos EUA e ao mundo, porque é ambicioso e sabe bem o terreno que pisa (além de ter votado contra a invasão do Iraque), mas também por razões negativas. john McCain é um candidato respeitável, e pena é que os Republicanos não tenham apostado nele há oito anos. Mas a criatura que escolheu para sua-vice provoca calafrios. Não pelas suas posições morais ou conservadoras, totalmente legítimas e de acordo com os valores de grande parte dos americanos. Mas a impreparação, a avacuidade e a ignorÂncia da srª Sarah Palin, que precisa de cábulas e de "cursos intensivos" de relações internacionais em cavaqueira com alguns "líderes mundiais", jamais a recomendariam para semelhante cargo. Acresce que a senhora, que provocou uma orgia nacionalista na sua aparição na Convenção Republicana, surge agora com truques baixos, acusando Obama de ser "amigo de terroristas". Essa conversa de sarjeta tem barbas, mas como demonstra o Herdeiro de Aécio, terroristas podem ter diversas ideologias e motivações, e vir até de uma área política próxima da de Palin. Esperemos é que o tiro saia pela culatra da espingarda da calúnia desta louca, que como não podia deixar de ser promove entusiasticamente o excepcionalismo americano e quer que a Geórgia adira à NATO propositadamente para afrontar a Rússia.



O que admira é que alguns conservadores da nossa praça a elogiem e a defendam, ou porque é "mulher", "sabe caçar e pescar" (qualidades indispensáveis para o exercício do cargo), ou ainda por causa dos ataques dos "esquerdistas" e "progressistas". Ora até se admite que alguns desses ataques sejam injustos e despropositados; mas também me parece que quem a defende o faz mais para confrontar e aborrecer a esquerda e menos por realmente se reconhecer nela. É a tal boutade de direita" de que falava Pedro Mexia, tal como aconteceu em grande parte na discussão sobre a invasão do Iraque, e cujas consequências ainda se arrastam. Mais vontade de contrariar, em suma, do que real convicção. Um birra que se pegada aos americanos teria sérios efeitos. Mas acredito que o eleitorado não repita o erro de há quatro anos. Assim o espero, se a obtusidade não dominar. Definitivamente, Palin só mesmo Michael.



Ainda outra coisa: eu farto-me de ouvir dizer que a senhora é "uma brasa", ou "uma lasca" e outros epítetos mais adequados a Deusas do Olimpo. Tudo porque chegou a Dama de Honor num concurso dos anos oitenta para Miss Alasca. Ainda se tratasse de uma Timoshenko, ou de uma Segoléne, ainda concordaria. Está tudo doido, ou só eu é que a acho uma mulher absolutamente vulgar?

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