domingo, outubro 05, 2008

Dinis Machado 1930-2008



Depois de Paul Newman, outra morte de certa forma anunciada. Digo isto pela evidente debilidade física que Dinis Machado apresentava numa entrevista que deu há coisa de ano e meio ao Público.

Quando se fala neste escritor nado e crescido no Bairro Alto vem logo à memória o inclassificável O que Diz Molero, dos anos setenta. A obra ganhou algum fôlego anos mais tarde numa recriação teatral de José Pedro Gomes e António Feio (brilhantemente interpretada, aliás), a cuja última representação assisti, no Teatro S. João, e onde no fim chamaram ao palco o próprio Dinis Machado. Mas o autor não se ficou por aí. Trabalhou toda a vida como jornalista, desportivo e não só, e sabe-se como o microcosmos do Bairro Alto era em tempos idos o cenário ideal para essa actividade. Escreveu outros livros, entre os quais, por pressões editoriais e necessidades materiais, um punhado de romances policiais, com o pseudónimo Dennis McShade, dos quais se reeditou recentemente, via Público e agora Assírio e Alvim, A Mão Direita do Diabo. Estão já prometido que os outros dois sairão do prelo até ao fim do ano. Sem o saber, a editora estava já a preparar uma futura homenagem a Dinis Machado. Ler os seus policiais noirs será outra boa forma de recordarmos esta riquíssima autor que agora nos deixou.

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