sexta-feira, outubro 24, 2008

A leitura das regionais
As eleições regionais dos Açores não trouxeram grandes novidades de monta. Houve-as, mas a um plano insusceptível de mudar o rumo de governação do arquipélago, como a demissão de Costa Neves e novas entradas na Assembleia Regional. O que me deixa mais expectante são as previsões que daí resultaram. Disse Sócrates que estes resultados marcam "um novo ciclo eleitoral". É aí que residem as minhas dúvidas. Semelhantes interrogações passaram por aqui.
O PS renovou a maioria absoluta sem espinhas, mas caiu uns pontos e perdeu um deputado. O PSD é o grande derrotado: sem a máscara de uma coligação, teve o seu pior resultado de sempre, o que custou a cabeça ao seu líder. Longe vão os tempos em que Mota Amaral obtinha pujantes maiorias sem grande esforço.
Dessas descidas resultou uma polarização de votos e uma balcanização de mandatos que terá poucas consequências visto o PS possuir uma maioria suficiente. Mas os restantes partidos podem dar-se por satisfeitos: o CDS/PP cresceu inequivocamente e ficou perto dos 10%, o BE estreia-se em terras onde não goza de grande popularidade, a CDU regressa à Assembleia de onde tinha saído em 2004, e o PPM ficou em segundo lugar no corvo e ganhou também um mandato.
Se um novo ciclo eleitoral está lançado, isso pode ter diversas leituras. Uma delas, contrariamente à que o Primeiro Ministro pretende fazer passar, é que o PS perderá votos e provavelmente a maioria absoluta no próximo ano; que o PSD não recuperará do desaire de 2005; que o Bloco crescerá ou estabilizará, tal como a CDU; e que o PP, mais uma vez, resistirá à hecatombe anunciada. O PPM foge a estas ideias, não se sabendo ainda como concorrerá. Isto é o que se pode retirar da vitória de César e outros resultados, e que implicaria uma futura AR ingovernável. No entanto, é bom lembrar que os Açores não são o barómetro do país. E que o nome lançado para candidato do PSD à câmara de Lisboa, Santana Lopes (esse gato da política), era o chefe de governo onde se incluía...Costa Neves.
conclusões? Poucas. Estas eleições foram regionais e assim deveriam ser tomadas. Até porque quando César se retirar, todo este cenário se desconjuntará.

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