Como em todas as tradições em que S. Jorge mata o dragão, o combate entre o Bem e o Mal dá-se entre um cavaleiro e um gigantone com rodas, empurrado por vários homens, cobertos com a "carapaça" da coca, em forma de dragão malévolo, com um pescoço que se move. Tem lugar no centro da vila, na praça DeulaDeu, que relembra a grande heroína de Monção. O cavaleiro tem de cortar a orelha à Coca e só desta forma é considerado vencedor. O problema é por vezes o próprio cavalo, que foge com medo da figura, provocando o riso geral e impossibilitando a façanha a "S. Jorge". Esta é a tal festa que perdi e que o meu pai chegou a assistir noutros tempos da sua infância, que passou por aquela vila debruçada sobre o Minho.
A representação da Coca lembra-me a Tarasque, o monstro lendário, de enormes dentes, forte carapaça e cauda de escorpião que atormentava a Provença, e que segundo a lenda, terá sido amansado por Santa Marta, que ali andava em evangelização. A cidade de Tarascon (também conhecida pelo célebre Tartarin de Tarascon, das novelas de aventuras de Alphonse Daudet) deveria o seu nome à Tarasque. Alguma ligação haverá entre esta tenebrosa criatura e a Coca, já que em algumas cidades de Espanha, nas procissões do Corpo de Deus, surgem figuras simbolizando a Tarasca. Mais ainda: Monção está geminada com Tarascon-sur-Ariége, que fica já perto dos Pirinéus mas cujo nome não deverá ser alheio à origem do da Tarascon da Provença. Mais indícios que indicam que entre a Tarasque e a Coca haverá um qualquer parentesco. E que há sempre um santo por perto capaz de os dominar.
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