Os Óscares deste ano passaram sem que lhes tivesse dado grande atenção, por várias razões. Uma, é que vi poucos filmes nomeados; só mesmo Invictus e Nas Nuvens, que ainda por cima vieram de mãos a abanar. A outra é que não pude dormir menos para acompanhar a cerimónia, e só soube dos resultados no dia seguinte.
Não tendo visto a incursão iraquiana de Kathryn Bigelow, nem sabendo se vou ver, acho bem que tenha ganho o prémio de realização (julgo que é a primeira mulher a consegui-lo, o que assenta que nem uma luva no Dia Internacional da Mulher), por causa da sua curta mas interessante carreira, impulsionada por Ruptura Explosiva, outro filme que me lembro de ter visto no cinema Charlot(vide posts anteriores), e porque o seu ex-marido, Mr. Cameron, já tinha uma estatueta dourada em casa. e ainda acumulou com o prémio de Melhor Filme e mais uns quantos.
De Sandra Bullock acho bizarro: sem a achar uma canastrona, e considerando que tem um belo palminho de cara, nunca a vi como actriz para estas andanças. Mas às vezes algumas interpretações surpreendem-nos. Gostava era que um dia se lembrassem que Meryl Streep não é apenas nomeada todos os anos para fazer figura de corpo presente e lhe dessem enfim um segundo Óscar, depois das 1352 nomeações sem consequências. Se Hillary Swank teve dois, porque é que a grande Meryl não há de ganhar também? Ainda por cima os apresentadores da cerimónia são os seus consortes na sua última comédia...
Gostei muito de saber que Jeff Bridges tenha sido galardoado com o prémio de interpretação, mesmo que por um obscuro filme que nem deve saír em sala por cá. Um actor com uma respeitabilíssima e tão sólida carreira como Starman, Tucker ou Big Lebowsky, entre outros, e com várias nomeações anteriores, já merecia ganhar este galardão.
Para os escalões de actores secundários ganhou uma comediante num filme dramático (coisa que a Academia aprecia muito) e o austríaco que interpreta o diabólico coronel alemão do tarantinesco Inglorous Basterds, um papel a todos os títulos notável, como garantem muitos.
Entretanto, Avatar, a megalómana obra de James Cameron, que tem batido recordes de bilheteira, ficou apenas com um ou outro prémio de terceira categoria. Se atingiu Titanic nas receitas, ficou muito aquém na avaliação crítica de Hollywood. Com algum desgrado meu, diga-se. É que tenho tentado apanhá-lo nos fins de semana (únicos dias em que se podem assistir às suas quase trÊs horas sem grandes pressas), e ou está esgotado, ou há problemas técnicos. Se no início não estava para aí inclinado, agora tenho um real interesse em vê-lo em 3D. Com este desaire, o filme que "é como o Danças com Lobos só que com estrunfes", segundo a definição de Bruno Aleixo, arrisca-se agora a não ficar muito mais tempo nas salas. E não pensem que vou perder tempo a procurar o DVD: um ecrã de cinema é sempre diferente, e há coisas que só ali se revelam, inventem o que inventarem. E em 3D, parece que ainda é mais.
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