Vejo comemorações largas pelas praças do meu país. Há paradas, discursos oficiais, musicata, teatrada, desportos radicais, etc. Dizem eles que comemoram a "implantação da república". Mas comemoram o quê, exactamente? A tomada do poder violenta por parte de insurrectos, apoiados num partido que tinha 7% dos votos em eleições gerais. E o regime fundado por esse partido, que usurpou as cores à bandeira nacional, impondo as suas; que destruiu todo quanto era símbolo de Portugal (vá lá, deixaram as quinas); que diminuiu o universo de eleitores, permitiu o direito à greve mas voltou a proibi-lo quando começaram a ser demais, meteu os opositores na cadeia, reagiu ao tiro, partiu as redacções de jornais que lhe eram adversos e nunca cumpriu as suas promessas sociais. Como se não bastasse, perseguiu os católicos e enfiou o país num guerra sangrenta, para a qual não estava preparado, e que num só dia ceifou milhares de vidas nas lamacentas trincheiras da Flandres.
Isso, e muito mais, é o resultado do que se comemora hoje. Uma comemoração marcada pela propaganda massiva e pela falta de memória. A única coisa que se pode fazer hoje para atenuar é deixar à vista a verdadeira bandeira de Portugal.
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