segunda-feira, outubro 18, 2010

Mineiros, analogias e lições
Já tanto se falou na operação de salvamentos dos mineiros da mina de S. José, no Chile, que pouco mais há a dizer (ou a mostrar). Depois de tantas notícias de desastres relacionados com minas, particularmente na China, é grato pensar que estes ao menos se salvaram, talvez porque todo o Mundo estivesse atento e um país inteiro se tivesse empenhado no seu resgate. A forma como tudo decorreu, e o tempo em que se conseguiu trazer os mineiros à superfície (os primeiros cálculos previam que isso só aconteceria pelo Natal) também é um bom indicador de que o Chile está realmente um país terceiro-mundista, muito embora haja sempre as habituais colagens "latino-americanas". Mas este caso, que pôs o planeta à frente dos ecrãs e que até já está a inspirar Hollywood para um filme - fala-se inclusive em Javier Barden para um dos papeis - recordou-me duas situações que datam de há dez anos: a tragédia do submarino Kursk, imobilizado no fundo dos mares depois de uma explosão, e em que pereceram asfixiados mais de cem marinheiros russos, que o seu país não conseguiu salvar (em parte também pela orgulhosa recusa em aceitar ajuda estrangeira); e, com um final mais feliz mas à custa de muito sangue, a crise em Timor-Leste após o referendo pela independência, quando as milícias pró-indonésias espalharam o terror e a morte, e que levantou uma onda de solidariedade em Portugal para com a antiga colónia. Terá sido a única vez em que António Guterres assumiu por inteiro os seus galões de estadista. Então como agora, viu-se um país unido por uma causa própria. Infelizmente, e ao contrário do que alguns optimistas ainda pensaram na altura, Portugal não mudou para melhor. Talvez o Chile ainda vá a tempos de aproveitar em benefício próprio esta união pelos seus mineiros.

3 comentários:

Onde andam, por estes dias, os defensores dos "comboinhos"? disse...

Caro JPP,
Queria colher a tua opinião sobre o fim do multi-culturalismo decretado pela Angela Merkel, mas, ao que parece, terei de cá vir numa próxima oportunidade.
Abraço

João Pedro disse...

A questão é absolutamente pertinente, mas temo que tenha falhas em relação aos conceitos para discutir esse tema.

Anônimo disse...

Caro Pimenta
Aprendo sempre alguma coisa a ler o teu blog.
1abraço
kikofonseca