terça-feira, novembro 16, 2004

51º Estado?

Descobri agora que o Valete Fratres! cessou a sua actividade. Devo confessar que o seu fim não me dá especial emoção. O blog auto-intitulava-se "neoliberal" (lá para o fim substituiu essa designação por "defensor da economia de mercado", mas o que fica na memória é mesmo o primeiro nome) e era um claro entusiasta do Sr. W. Bush. Houve também situações que não primaram pela elegância, como quando se referia aos "blogs comunas" sem usar os respectivos links. Era além disso um fervoroso católico, mas de um catolicismo em que não me revejo muito, mais fundado no Catecismo do que nos Evangelhos, no que se baseou, por exemplo, para defender a pena de morte e a "guerra preventiva" contra o Iraque (embora fossem duas matérias que o Compêndio da Doutrina Social da Igreja claramente condenava).
Tudo questões de opção ideológica ou doutrinária (excepto talvez a dos "blogs comunas") que apenas diziam respeito ao autor, embora as constantes copy paste de textos de referência - geralmente em inglês- do Valete o transformassem numa leitura um pouco para o entediante, o que me fez duvidar das suas capacidades de escrita em português (pronto, era apenas uma piada mázinha).
Mas no seu post final, e na frase que definitivamente encerra o blog, o autor (de seu nome João Noronha, se não me engano) deixa um desejo de que "talvez um dia a UE se converta no 51º estado federado...se eles (os americanos) nos aceitarem..."
Arrisco dizer que por trás desta ironia gulosa está um real desejo de se juntar de armas e bagagens aos States, sobretudo agora que George W. Bush ganhou o direito a mais quatro anos de
presidência. Não é o único: outros há que defendem um rumo na esteira das acções da actual Administração norte-americana, embora não exactamente a sua "junção". Mas parece-me que com o "cisma" de valores que tem dividido as duas grandes potências ocidentais, o sonho do "51º estado" é uma hipótese menos que remota. Lamento, meu caro Valete, mas a adopção da pena de morte, das Patriot Acts e do corte de todo e qualquer subsídio estatal não parece ser o futuro da UE. Mas descanse, que ao menos não teremos toda aquela profusão de Igrejas Evangélicas a dizer-nos em quem votar.

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