Lokomotiv
Ainda falando de futebol, o Sporting goleou o outrora temerário Dínamo de Tbilissi. O clube, representante do deprimido futebol georgiano, ostenta um nome muito comum em equipas do antigo bloco do leste, nas quais que avultam o já falado Zagreb ou o de Kiev, que continua a impôr respeito por essa Europa fora (agora também com o motivo acrescido do impasse eleitoral ucraniano), ou ainda os Minsk, Moscovo e Bucareste. Em termos de nomenclaturas pós-queda do muro temos também a categoria dos "Estrelas" - mais popularizada nas suas versões jugoslava ("Zvezda", aliada a "Crvena") e romena (Steaua); a dos CSKAs (Moscovo e Sófia), em tom marcial; os mais mecânicos Torpedos, Rotors, o estratosférico Zenit, o siderúrgico "Mettalurgs" ou os pretensiosos Sparta/Spartak. Mas a minha favorita é a classe dos "Lokomotiv". É uma designação poderosa, que nos lembra possantes máquinas rolando orgulhosamente sobre carris moldados no aço forjado do socialismo. Seria talvez esta a imagem que quereriam imprimir ao descuidado adversário, para além, claro, do mero facto destes clubes estarem sempre ligados ás respectivas instituições ferroviárias nacionais. O certo é que a denominação sugere mesmo o poder do vapor e lenha sobre carris - pelo menos a mim.
Lokomotivs há-os de várias proveniências: Moscovo, Plovdiv, Vitebsk, na Bielorrússia, e Tbilissi, cujo estádio é aquele mesmo onde os nossos "Lagartos" obtiveram a retumbante vitória. Tendo já tido momentos de glória, é justo que se diga que os tempos não correm de feição para as já enferrujadas máquinas futebolísticas. A exepção é exactamente o de Moscovo. À sombra das glórias dos seus vizinhos durante o período soviético, o Lokomotiv Moskva está hoje bem oleado, com um título russo conquistado há uma semana e sendo presença regular na Liga dos Campeões. É pois o único representante da classe dos "Lokos", chamemos-lhes assim, que continua a dar cartas por essa Europa - e essas estepes- fora. Quanto aos outros, resta-lhes, pelo menos por ora, manter as suas recordações do período rubro de setenta anos e sonhar com melhores dias, em que enfim os carris se libertarão das ervas ruins que os escondem e as máquinas de aço flamejante voltarão a cruzar as pradarias e os estádios, fazendo ouvir o som dos estridentes apitos e dos seus enrouquecidos adeptos.
segunda-feira, novembro 29, 2004
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