Fundamentalismo religioso
Acho graça aos que apelidam o Papa e o demais figuras do Vaticano de "Fascistas Católicos". É óbvio que têm um conhecimento nulo do que é o catolicismo e seus princípios, além de ignorarem o que João Paulo II passou enquanto era Karol, ou seja, assistir à ascensão do Nazismo e do Comunismo com a sua Polónia por cenário. Mais ainda, não conseguem distinguir Conservadores de Tradicionalistas. Por muito rígidos que possam ser, o Cardeal Ratzinger e semelhantes clérigos fazem parte do primeiro grupo. O segundo, próximo do qual estará a franja mais extremada da Opus Dei (embora com prudência), é o representado pelo antigo Bispo Lefebvre, cujas acções anti-Vaticano II lhe valeram a excomunhão.
Não sem uma pontinha de paradoxo, é a França, país conhecido pelo seu laicismo militante, por vezes até demasiado (o que lhe vale por parte dos seus detractores epítetos como "país de Jacobinos"), que serve de base aos seguidores do controverso personagem. Ontem mesmo, durante uma celebração na Catedral de Notre-Dame, a propósito do Congresso Internacional para uma Nova Evangelização, um jovem "Lefebvrista" abordou D. José Policarpo, interrompendo-lhe a prédica e chamando-lhe "herético". O motivo devia-se aos encontros ecuménicos entre membros de diferentes créditos no Santuário de Fátima, que mereceram violentos ataques verbais de alguns grupos mais extremistas. Pelos vistos, das palavras passaram aos actos, espalhando propaganda contra a "heresia" dos não-católicos. Para esta rapaziada, todos os que não comungarem da fé católica são incapazes de alcançar a Salvação.
Não é preciso muito para perceber porque é que o Vaticano os exclui liminarmente, ou que o Sr. Le Pen já os tenha invocado. A comparação com os Salafitas muçulmanos ou a ortodoxia judaica é inevitável. O que aqui se prega é no fundo o ódio aos não-católicos (ou a quem não seguir as prédicas dos seus "clérigos"), a obediência cega, o retorno aos vetustos rituais, como a Missa em Latim, em suma, o retorno total à velha Igreja pré-Vaticano II, com tudo o que isso tem de castrador e reaccionário. Não lhes chamarei "fascistas", uma vez que o termo está gasto e a ideologia é diversa. Mas "miguelistas" é um nome que se lhes colaria muito bem. Sim, porque estes cavalheiros também clamam contra os pedreiros-livres, como faziam os frades em tempos do Senhor D. Miguel.
Semelhantes ideias tem um movimento brasileiro, o Tradição, Família e Propriedade, que em nome do seu "pacífico, laborioso e religioso povo" (podiam acrescentar em muitos casos "analfabeto", o que lhes devia dar imenso jeito, por causa de certas dúvidas algo incómodas) prega contra a "esquerda católica", que "articula os tentáculos da acção subversiva para encaminhar o país pelas sendas da miséria e da fome". A imensa hipocrisia das ideias desta sombria associação, que tem como princípios morais coisas como o sexo ter uma mera necessidade reprodutiva, ou a mulher não dever ser exposta à sociedade, advém do facto de, sem a tal "esquerda católica", a miséria e a fome a que fazem alusão nunca teria sido denunciada e combatida, nem teria havido uma maior ajuda ao próximo. Tais problemas sociais são fruto de uma desigualdade gritante contra a qual a dita Tradição e Etc nunca moveu uma palha, bem pelo contrário. As suas ideias ultramontanas são baseadas numa segregação social muito em voga durante os regimes absolutos , que ao que parece deixaram um punhado de saudosistas.
Algumas destas ideias que atrás descrevi sei-as porque as recebi num mail, há já uns tempos, que me enviaram não sei porquê nem a que título. O que é certo é que os ditos senhores não contam com o meu apoio nem para uma palestra, o mesmo se aplicando aos integristas franceses. Provavelmente não me conteria a acusá-los de todos os horrores que proclamam. Mas qual Ratzinger, quais Opus Dei qual quê! É gente desta, ainda mais radical que os seguidores de Escrivá de Balaguer, que contribui para o afastamento progressivo das pessoas do Catolicismo, distorcendo totalmente a mensagem de Cristo, pregando mesmo o seu oposto, exprimindo ódio em vez de Amor, submissão no lugar da Justiça, e privilegiando as trevas em detrimento da Vida. Tais pessoas são, na realidade, o rosto do fundamentalismo Católico. Longe, muito longe, de ser melhor que os restantes fundamentalismos.
Acho graça aos que apelidam o Papa e o demais figuras do Vaticano de "Fascistas Católicos". É óbvio que têm um conhecimento nulo do que é o catolicismo e seus princípios, além de ignorarem o que João Paulo II passou enquanto era Karol, ou seja, assistir à ascensão do Nazismo e do Comunismo com a sua Polónia por cenário. Mais ainda, não conseguem distinguir Conservadores de Tradicionalistas. Por muito rígidos que possam ser, o Cardeal Ratzinger e semelhantes clérigos fazem parte do primeiro grupo. O segundo, próximo do qual estará a franja mais extremada da Opus Dei (embora com prudência), é o representado pelo antigo Bispo Lefebvre, cujas acções anti-Vaticano II lhe valeram a excomunhão.
Não sem uma pontinha de paradoxo, é a França, país conhecido pelo seu laicismo militante, por vezes até demasiado (o que lhe vale por parte dos seus detractores epítetos como "país de Jacobinos"), que serve de base aos seguidores do controverso personagem. Ontem mesmo, durante uma celebração na Catedral de Notre-Dame, a propósito do Congresso Internacional para uma Nova Evangelização, um jovem "Lefebvrista" abordou D. José Policarpo, interrompendo-lhe a prédica e chamando-lhe "herético". O motivo devia-se aos encontros ecuménicos entre membros de diferentes créditos no Santuário de Fátima, que mereceram violentos ataques verbais de alguns grupos mais extremistas. Pelos vistos, das palavras passaram aos actos, espalhando propaganda contra a "heresia" dos não-católicos. Para esta rapaziada, todos os que não comungarem da fé católica são incapazes de alcançar a Salvação.
Não é preciso muito para perceber porque é que o Vaticano os exclui liminarmente, ou que o Sr. Le Pen já os tenha invocado. A comparação com os Salafitas muçulmanos ou a ortodoxia judaica é inevitável. O que aqui se prega é no fundo o ódio aos não-católicos (ou a quem não seguir as prédicas dos seus "clérigos"), a obediência cega, o retorno aos vetustos rituais, como a Missa em Latim, em suma, o retorno total à velha Igreja pré-Vaticano II, com tudo o que isso tem de castrador e reaccionário. Não lhes chamarei "fascistas", uma vez que o termo está gasto e a ideologia é diversa. Mas "miguelistas" é um nome que se lhes colaria muito bem. Sim, porque estes cavalheiros também clamam contra os pedreiros-livres, como faziam os frades em tempos do Senhor D. Miguel.
Semelhantes ideias tem um movimento brasileiro, o Tradição, Família e Propriedade, que em nome do seu "pacífico, laborioso e religioso povo" (podiam acrescentar em muitos casos "analfabeto", o que lhes devia dar imenso jeito, por causa de certas dúvidas algo incómodas) prega contra a "esquerda católica", que "articula os tentáculos da acção subversiva para encaminhar o país pelas sendas da miséria e da fome". A imensa hipocrisia das ideias desta sombria associação, que tem como princípios morais coisas como o sexo ter uma mera necessidade reprodutiva, ou a mulher não dever ser exposta à sociedade, advém do facto de, sem a tal "esquerda católica", a miséria e a fome a que fazem alusão nunca teria sido denunciada e combatida, nem teria havido uma maior ajuda ao próximo. Tais problemas sociais são fruto de uma desigualdade gritante contra a qual a dita Tradição e Etc nunca moveu uma palha, bem pelo contrário. As suas ideias ultramontanas são baseadas numa segregação social muito em voga durante os regimes absolutos , que ao que parece deixaram um punhado de saudosistas.
Algumas destas ideias que atrás descrevi sei-as porque as recebi num mail, há já uns tempos, que me enviaram não sei porquê nem a que título. O que é certo é que os ditos senhores não contam com o meu apoio nem para uma palestra, o mesmo se aplicando aos integristas franceses. Provavelmente não me conteria a acusá-los de todos os horrores que proclamam. Mas qual Ratzinger, quais Opus Dei qual quê! É gente desta, ainda mais radical que os seguidores de Escrivá de Balaguer, que contribui para o afastamento progressivo das pessoas do Catolicismo, distorcendo totalmente a mensagem de Cristo, pregando mesmo o seu oposto, exprimindo ódio em vez de Amor, submissão no lugar da Justiça, e privilegiando as trevas em detrimento da Vida. Tais pessoas são, na realidade, o rosto do fundamentalismo Católico. Longe, muito longe, de ser melhor que os restantes fundamentalismos.
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