Modas e fracturas
A Moda é uma poderosa força de evolução, seja em que sentido for. Aspectos físicos, ideias, projectos de maior ou menor envergadura, pouco escapa à sua capacidade de influenciar as acções em determinada época ou de determinar o curso das coisas. O parecer inovador ou moderno, o querer fazer parte deste ou daquele grupo, ou ainda escapar a qualquer anátema de ridicularidade, são as maiores expressões da tremenda força da moda.
Para nos cingirmos a aspectos mais visíveis, olhe-se para a fisionomia masculina ao longo dos últimos cem anos: do uso de bigodes arqueados ou enrolados até à cara rapada e ao cabelo engordurado em brilhantina, seguindo-se as gedelhas combinadas com barbaças ainda maiores e depois, novamente, a cara rapada. Neste momento, é moda usar-se uma barba de 8 dias, indefinidamente.
Depois de ter falado em Alberto Martins, não resisto a voltar-me de novo para gente do PS, desta vez para aqueles que mais aniosamente perseguem (ou o que eles julgam ser) a moda, mesmo mais do que José Sócrates: a Juventude Socialista.
A JS, como se sabe, além de servir para animar comícios e preencher em massa os serviços públicos disponíveis, como qualquer juventude política que se preze, tem como passatempo favorito lançar "causas fracturantes", embora de há uns anos para cá tenha o saudável convívio do BE nessa matéria. Há dias, em convenção, na passagem de testemunho de Pedro Nuno Santos para o novo líder da estrutura, Duarte Cordeiro, este não deixou de mostrar os seus projectos mais urgentes para o futuro, a começar pelo casamento de homossexuais. Seguiu-se na mesma ordem de importância a discussão acerca da eutanásia e da despenalização das drogas. Num grau menos elevado, falou-se apressadamente do desemprego e nada sobre justiça social.
O que é que isto revela? Que a JS continua agarrada ao seu vício de "fracturar" sem procurar soluções nem ao menos diagnóstico para os males do país e dos jovens que dizem representar. Propostas que dêm escândalo, eis o que têm para oferecer. O que é importante é o casamento de homossexuais e a adopção de crianças por casais gay, porque é "progressista" sem que ao menos se estude com honestidade as consequências graves desta segunda ideia (bem como da eutanásia). Os problemas sociais, o desemprego de novos e velhos, a miséria que aumenta de braço dado com a fome, tudo isso escapou aos jovens "progressistas". É natural: a pouco mais de um ano das legislativas, convém começar a tirar eleitorado ao Bloco. As Jotas servem para isso mesmo, além das razões descritas: para coneguir arrancar alguns votos indecisos para o partido a que pertencem, sob o lema da irreverência. Mesmo que isso implique aparecer com a bandeira das causas mais discutíveis e inúteis. Estas "juventudes" servem para dar umas migalhas aos seus partidos. Fora disso, a sociedade em geral não precisa delas para absolutamente nada.
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