Depois de ouvir a resposta de Alberto Martins à entrevista de João Cravinho sobre os perigos de aumento da corrupção em larga escala (resumindo: "o PS não recebe lições de combate à corrupção"), não pude resistir a deixar aqui umas palavras. É que este tipo é o protótipo da vacuidade política, do cinzentismo da classe, da absoluta falta de convicção em tudo o que diz e faz. É inconcebível pensar como é que chegou a líder estudantil numa altura em que era perigoso sê-lo, a deputado e a ministro. Provavelmente, apanhou a carruagem e deixou-se habilidosamente ir. Como deputado é um soporífero, e na pasta da Reforma do Estado, que ocupou durante 3 anos, não se lhe reconhece qualquer obra ou resultado deixado.
Basta ouvir uma conjunto de declarações ou uma pequena entrevista para perceber que dali não vem uma ideia, um rasgo, um dito mais incendiário. Quem tiver ouvido as justificações oficiosas sobre a recuo no protesto que o Grupo Parlamentar do PS se preparava para fazer às críticas do anterior embaixador norte-americano à política externa portuguesa, entenderá. Nada de tons pessoais, nada de emoções por ténues que fossem, nem de explicações minimamente satisfatórias. Apenas retórica, e mesmo essa está longe de ser inflamada. E nem se pode dizer, como sobre o Pacheco, de Eça, que "tem um imenso talento". Não. A linguagem é banal e pouco apelativa, as ideias próprias não existem, a imagem é de um cinzento imaculado. Para além de ser o político desta cor por excelência, Martins é um digno representante da demagogia da 1ª República, mas sem bombas ou revólver no casaco. Como dizia Pedro Mexia, num engraçadíssimo artigo de há uns anos, tem o tom de um tribuno de Viseu dos anos vinte, e só se teme que pronuncie o termo "debalde". E daí, porque não? Sempre faria rir um pouco.
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