A discussão sobre o ensino de educação sexual tinha de dar numa tentativa de "fracturar" o tema. Vindos da costumeira JS, que em ano tri-eleitoral precisa ainda mais de ganhar votos ao Bloco. A educação sexual é matéria cuja implementação no ensino há muito que se discute. As divergências mais esperadas rondam a obrigatoriedade ou não da disciplina e as matérias a ser leccionadas, dependendo da ideia que os pais têm do assunto. Depois de anos de discussão, e apesar de severas desconfianças da Associação de Planeamento Familiar, não vejo assim com maus olhos a entrada de tal inovação no plano curricular, desde que seja dada nas competentes disciplinas, ou seja, em ciências naturais. apesar de tudo, confio no bom senso de Daniel Sampaio.
Em quem não tenho confiança absolutamente nenhuma é nos meninos da JS e nos seus apologistas jornalísticos. A representante da esquerda radical na redacção do Público, São José Almeida, atirou com um abjecto artigo na edição do último sábado, em que acusava os deputados do PS que se opõem à distribuição gratuita de preservativos nas escolas de medo ao "lobby católico". No meio da sua defesa incansável da JS e das propostas do seu "genial" dirigente, Duarte Cordeiro, e com uma linguagem em que só faltariam os termos "medieval" e "obscurantismo", a senhora não se deu certamente conta de que a oposição à ideia da se andar alegremente a dar preservativos às meninas e aos meninos ia da direita até ao centro-esquerda, e que só a partilhavam a ala mais à esquerda do PS, o Bloco e o PCP, minoritários. E que isso pode apenas ser motivado por um mero sentido de responsabilidade. Se os adolescentes quiserem adquirir preservativos, há farmácias e máquinas para o efeito. E sim, pode haver influências e princípios religiosos que levem a que as pessoas pensem de uma certa maneira, por muito que isto custe entender a São José Almeida (que estranho, usar nome tão canónico), que provavelmente também escreverá motivada pelas suas ideias radicais. A religião e o sentido do transcendente sempre influenciaram os homens e inculcaram-lhes princípios, e é com base neles que fazem as suas escolhas. O problema é que a mera referência a isso desperta logo os laicistas de serviço, que vêm logo "um ataque ao estado laico". Não só querem as referências religiosas fora do espaço público como pretendem ainda afastá-las da consciência dos que crêem.
Cada um acredita no que quer, mas não me parece nada gravoso que os responsáveis nacionais sejam influenciados pela doutrina cristã e pelos ensinamentos da Igreja, que afinal foram os que nortearam o país na sua história e que fazem parte do seu ADN. Bem pior e bem menos isento é que as normas que regem a sociedade fiquem sob os ditames de uma juventude política que tudo faz para que olhem para ela e para impedir a fuga de votos, e que como todas as "jotas", é composta sobretudo por carreiristas e oportunistas.
Ah, e o último cartaz da JS tem imensa piada: diz que "a Europa é Vital" (perceberam a graça, não perceberam? Europa...Vital com maiúscula...), e entre os slogans aparece um curioso "pelo direito ao TGV". Afinal, o comboio rápido não é uma necessidade, nem ao menos um "desígnio": é um direito, que por certo o Prof. Vital quererá que seja aposto nos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da CRP. Se assim é, na plena posse da minha cidadania, invoco o meu direito ao i-Pod, que não tenho nenhum. Prezados jotinhas socialistas, dá para fazer um outdoor com a inscrição "pelo direito ao i-Pod"?
2 comentários:
Apoio essa petição, João Pedro: é que também não tenho iPod.
Houvesse o Concorde, e já alguém se teria lembrado do direito ao esbelto avião.
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