sábado, junho 11, 2011

Rescaldo (à esquerda)


A subida do PSD é directamente proporcional à queda do PS. A conversa de que a queda do governo era culpa da oposição não convenceu minimamente o eleitorado. Como aconteceu na Grécia e na Irlanda, o recurso ao FMI, aliado ao desgaste de Sócrates, levou à derrota do partido no poder. O PS voltou a números que não tinha desde Sampaio, no auge das maiorias cavaquistas, abaixo dos 30%, coisa que sondagem alguma indicou. E com graves riscos internos. A união à volta do "líder" secou as vozes internas e as tendências ideológicas. O poder tem destas coisas, e Sócrates ajuda.


Estava bastante combalido, embora o tentasse disfarçar. A sua renúncia motivou muitos "nãos" de aflição, como costuma acontecer aos líderes aditivos, mas não podia fazer outra coisa. Ao menos na sua despedida, o PM cessante mostrou a humildade e o desprendimento que lhe faltaram nestes anos todos. Deixa o seu partido com uma disputa da sucessão pela frente, assumida oportunisticamente minutos depois por António José Seguro, que vê chegado o seu momento, secundado dias depois por Francisco Assis. António Costa, do seu gabinete no Intendente, preferiu ficar como "reserva futura. Veremos se o PS atravessa o vazio desértico pós-socratista, sendo certo que terá umas palavras a dizer no novo ciclo.



A CDU mantém os votos e ganhou mesmo um deputado por Faro. Desde que Jerónimo chegou que a hemorragia inexorável estancou. Bom aproveitamento da crise, renovação da militância, a "genuinidade" de Jerónimo? Não perguntem. Só sei que depois de duas décadas em queda, a coligação vermelha-verde se consegue aguentar.


O Bloco de Esquerda é um dos grandes temas de conversa pós-eleições. Previa-se a descida, apanhou por tabela e teve uma resultado desastroso. Perdeu metade dos deputados, entre os quais José Manuel Pureza, que lhe fará muita falta. Francisco Louçã não quer sair da "coordenação", o que revela bem a sua propensão totalitária, mas já se ouvem vozes nesse sentido. A verdade é que Louçã é o rosto do Bloco desde o início, e o seu afastamento poderia ser ainda pior para o partido. não se vislumbram grandes alternativas, excepto talvez Miguel Portas (como se tratariam doravante CDS e Bloco?)Em todo o caso, conviria pensar em mudanças internas. Mas talvez seja demasiado prematuro fazer já o enterro do movimento. Se aproveitar bem os tempos difíceis que se avizinham, e não cometer demasiados erros estratégicos, como a história da moção de censura de opereta, talvez cresça em escrutínios futuros. Até lá, está confinado ao núcleo duro no parlamento.

Nenhum comentário: