segunda-feira, dezembro 31, 2007

Cruzes e otomanos ofendidos

Segundo os jornais, um advogado turco queixou-se à UEFA e à FIFA da camisola que o Inter de Milão usou no jogo em que recebeu o Fenerbahce para a Liga dos Campeões. A dita camisola, equipamento alternativo à habitual nerazurra, tem uma enorme cruz vermelha a meio e lembrou-lhe "as cruzadas" e "os templários", e também "os dias sangrentos do passado", pelo que pediu a anulação do jogo e a perda dos três pontos ganhos pelo Inter.












Já temos visto casos bizarros como este, mas aqui a desfaçatez confunde-se com a ignorância. Seria bom dizer ao senhor turco em questão, além de o mandar dar uma volta ao bilhar grande, que a tal cruz vermelha da camisola (bem bonita, por sinal) é o estandarte de Milão, e que aparece também no emblema dos rivais AC Milan. E recordar-lhe que a bandeira do seu país, assim como a camisola da selecção turca, ostenta o crescente, símbolo da ameaça otomana sobre a Europa durante séculos.
O Benfica também tem uma desse tipo. Olha, é isso, vou comprar uma dessas e usá-la para quando for à Turquia. Ou não...Ou sim! Então eles lá não vendem tantas t-shirts vermelhas com o crescente e a estrela?
A melhor resposta a dar ao sujeito é que sim senhor, a cruz recorda as cruzadas de propósito, enaltecendo o seu papel higienizador, e que não só anunciam uma expedição para libertar Jerusalém como também o propósito de se cercar e tomar Istambul, expulsando de lá os infiéis turcos e devolvendo-lhe o nome de Constantinopla, recriando o Império Bizantino. Mas disso depois trata o AEK de Atenas, que o Inter também não tem de fazer o trabalho todo. Seja como for, palpita-me que essa camisola vai fazer sucesso no mercado. Mesmo com as queixas dos ofendidos do costume.

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