Esperemos que ele se engane
Continuando o último post, a crítica de António Barreto à ASAE e as suas previsões são alarmantes. Alarmado fiquei eu depois de ler aquilo, até me lembrar que o sociólogo é por norma um pessimista (mas menos niilista que Pulido Valente, em todo o caso). Daí achar que nem todas as suas previsões se vão concretizar.
Mas fica a chamada de atenção, que é sempre útil. A ASAE é uma entidade útil que tem tido uma eficácia notável, mas temo que pelo caminho das novas legislações tão lestas a proteger a saúde do cidadão, se torne uma proto-polícia de costumes menos bruta. Reduzir tudo a assépticos estabelecimentos em que só se pode escolher meia dúzia de pratos ou bebidas conforme a regra, sem gosto nem gordura, com proibição total de fumo, com escassas esplanadas onde só se pode beber em recipientes de plático é um nada admirável mundo novo que põe as pessoas em último lugar, ao contrário do que se propõe. Não, não é apenas para defender o "direito de propriedade" e o "tradicionalismo": é acima de tudo para defender a vida de todos os dias, improvisada, rotineira, com pequenos prazers e pequenas chatices, a vida comum mas livre, em suma. Se Barreto tiver razão, estas regras negarão o sentido dessa vida, pondo em lugar dela regras de conduta e consumo sem ligação à realidade e ao bom senso.
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