quinta-feira, janeiro 31, 2008

Na semana antecedente ao dia em que passam cem anos do Regicídio, já há grupinhos a fazer as suas comemorações privadas. A fazer o quê? A homenagear os assassinos Buíça e Costa, pois claro. Entre os festivaleiros encontra-se o Major Tomé, ex-líder da UDP. E há mesmo uma autarquia que realiza festas oficiais sobre o trágico acontecimento. A apologia do terrorismo ainda encontra partidários.
E amanhã, para os que estiverem Lisboa, ao Terreiro do Paço!

terça-feira, janeiro 29, 2008

Mas ainda há quem defenda Suharto?
Decididamente não há unanimidade possível mesmo sobre os piores ditadores. Então quando a coisa mete anti-fascismo, anti-comunismo ou anti-americanismo, há sempre quem desculpe acções inomináveis, crimes sem punição e fanatismos ideológicos. Desta vez, alguns blogues de direita optaram por ignorar ou menorizar as barbáries do regime de Suharto. Desilude-me neste caso particular o Combustões, blogue do qual em muitas ocasiões discordo, mas que leio sempre com interesse. Não é o ditador indonésio o principal culpado do que se passou em Timor? Então quem matou centenas de milhar de habitantes da ilha? E quem nos garante que não a invadiria mesmo que as forças portuguesas aí tivessem permanecido?
Depois vem a luta contra o comunismo e a aliança com potências ocidentais. Pergunto-me de que adianta tal luta se os resultados são piores. Faz-me lembrar os defensores dos Contras da América Central, os tais Freedom Fighters, que se revelaram uns autênticos bárbaros, tal como os indonésios. Se o defendemos pela unidade territorial (tarefa complicada, sem dúvida), então pela mesma razão teremos de dar o crédito a Ho Chi Min pela unificação do Vietname. Evitou que a Indonésia gerasse um novo Pol Pot? Pois a comparação de Suharto com o genocida do Cambodja não é absurda, e é mesmo feita pela Spectator, que não tem grande currículo de simpatias comunistas. Evitou-se um conservando-se outro. No campeonato de sangue derramado, o ditador de Java em nada se distingue dos outros. Não é preciso ser-se maoísta para se reconhecer isto, ou os trinta e tal anos de regime puramente militar, as mentiras escondidas e os milhares de milhões de dólares subtraídos em proveito próprio. Basta que haja um pouco de senso e reconhecer-se que em nome da luta contra o comunismo não vale tudo nem atropelar todos.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Necrologia de Janeiro

Ainda estamos em Janeiro e já houve uma data de mortes da famosos em 2008. Já aqui falei de Luís Pacheco e Edmund Hillary. E também de Butho, a roçar a passagem do ano. Suharto, que era o que mais merecia ir desta para melhor, dá sinais de recuperação. Se for apenas uma melhoria agónica, nem lamento.

Agora desapareceu Bobby Fisher. O ex-prodígio do xadrez andava há muito arredado dos tabuleiros, desde que quebrou o embargo à ex-Jugoslávia em 92, com passagens errantes entre a Europa Central e a Ásia do Pacífico. Andava totalmente paranóico, com tiradas anti-semitas violentíssimas e até júbilo pelo 11 de Setembro. Extraditado para a Islândia, conseguiu a cidadania da terra do gelo e lá morreu, há dias, de uma insuficiência renal. Tinha 64 anos, tantos quanto os quadrados do xadrez. Esperemos que as proezas de raciocínio sejam mais relembradas que as controvérsias do fim de vida.
Mais tocado fiquei com a surpreendente morte de Heath Ledger. Um actor versátil e tocante, por papeis tão diversos em filmes tais como Monsters Ball, As Quatro Penas Brancas, Os Irmãos Grimm, ou Brockeback Moutain, acabar assim, aos 28 anos, deixa um travo amargo na história contemporânea do cinema. Ledger tornar-se-ia provavelmente um "clássico", daqui a umas décadas. Não chegou ao estrelato nem provocou histeria como James Dean, mas também não era um debutante juvenil como River Phoenix ou Brandon Lee. Não sei que papel lhe reservará a história do cinema, mas o seu rasto perdurará certamente por algum tempo. Até por filmes que estão para vir, como I´m not there, em que encarnava um Bob Dylan numa fase da sua vida, e mais ainda, o novo Batman, em aparece como Joker, de face borratada e mais sinistra que o de Jack Nicholson. Terá sido este papel que mais lhe exigiu e que contribuiu para os seus problemas psicológicos. Um fantasma também para ele, e para todos os outros, agora que desapareceu.
PS: Afinal Suharto também morreu. como previa, era uma "melhora da morte". O mundo livrou-se de mais um ex-ditador.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Recordação da Monarquia do Norte

Passou-me a data, mas não o período e a memória dele: a 19 de Janeiro de 1919, uma junta militar, que se anunciou como Junta Governativa do Norte, chefiada por Paiva Couceiro, proclamava a Monarquia e desfraldava a bandeira monárquica. A "Monarquia do Norte" governou toda a região norte do país, até ao Vouga, exceptuando Chaves, durante cerca de vinte dias.

Isso significa que há 88 anos, a bandeira que encimava os edifícios oficias de todo o norte do país, tirando os flavienses, e acrescentando o alto de Monsanto, em Lisboa, era esta:

Poderemos alguma vez voltar a vê-la como bandeira nacional, simbolizando Portugal onde quer que esteja?

terça-feira, janeiro 22, 2008

Benfica - Feirense

O Benfica venceu o Feirense por magro 1-0, golo atabalhoado de Cardozo (mas com o pé direito, repararam?), Esteve a ponto de sofrer o empate, mas o resultado manteve-se até ao fim.
Nada de estranhar. Quando os jogadores entraram, foram seguidos por um conjunto de raparigas de branco com fogaças à cabeça. É que no dia seguinte celebrava-se a Festa das Fogaçeiras, em honra de S. Sebastião, evento que tem já 503 anos, e cujo ponto alto é o cortejo das fogaçeiras, entre os Paços do concelho e a Matriz (ou excepcionalmente, o Castelo), além de outras procissões, como a que transporta o andor do Santo que protegia da peste.

Por isso, lá está: os jogadores relaxaram para dar outro vigor e alguma esperança ao Feirense. Desta forma, os 5000 mil adeptos do clube das Terras de Santa Maria que estiveram na Luz voltaram com a sensação de ter defrontado o Benfica de igual para igual e de quase empatarem. E assim, certamente ficaram com outra disposição para as festas. Lá continua o SLB a patrocinar o que de melhor há nas tradições portuguesas.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Alguém me sabe dizer qual a razão dos bares dos Intercidades serem bem mais espaçosos que os dos Alfas Pendular? Os primeiros têm bancos espalhados ao longo da carruagem e duas pequenas mesas com bancos corridos. Os segundos, incluídos em comboios melhores e mais espaçosos, não têm um único banco e, excepção feita a um pequeno vão, dificilmente cabem duas pessoas no corredor, que também é mais curto. É uma medida para poupar espaço? Então as carruagens-bar dos tão almejados TGVs devem ser pouco maiores que caixas de sapatos.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Quatro anos e um dia

Não é bem como esquecer o próprio dia de aniversário, mas quase. Este blogue nasceu na madrugada de 16 de Janeiro de 2004. Era um Sábado. Faz portanto quatro anos (e um dia). Por várias vezes apeteceu-me acabar com ele - parar de escrever e não apagá-lo, entenda-se - mas lembrei-me sempre que havia ainda muitas coisas que gostava de teclar. Ainda é o caso, mesmo que não venha muitos a este espaço.
Quatro anos depois, A Ágora continuará a ser actualizada sempre que possível, sem periodicidade obrigatória ou preocupações que me tirem o sono. Caso contrário, também não estaria aqui, ao teclado.
Pré-obituário

A última frase do post anterior não a repito, por razões evidentes, em relação a Suharto, o ex-ditador indonésio, reduzido ao estado de uma múmia apenas ligado à vida por máquinas. O homem que eliminou milhões de indonésios, desde o sangrento golpe de estado e da repressão subsequente até ao fim do seu mandato, que invadiu Timor Leste com os cuidados que se conhecem, que brutalizou todos os povos do imenso arquipélago que se revoltaram, que açambarcou milhões de dólares dos cofres públicos indonésios, e a quem a Spectator chamou um dia "o Pol Pot indonésio" está praticamente morto. É um cadáver adiado. Já lhe preparam grandes funerais e um enorme mausoléu, entre templos. É pena. Já que escapou aos tribunais, merecia ser atirado para uma vala comum, como aconteceu a tantas e tantas vítimas do seu tenebroso regime.
Obituário




Já lá vão uns dias, mas não queria deixar de relembrar a morte do homem que, juntamente com o sherpa Tenzing Norgay, escalou antes de todos os outros o Everest. Não se imaginaria sem dúvida um apicultor neozelandês como um dos conquistadores do "tecto do mundo", mas a verdade é que este homem com ar desengonçado cometeu tal proeza, que surpreendeu o Reino Unido e o Mundo na dia da coroação da Rainha Isabel II, como um dos últimos feitos do império britânico em decadência e que abrilhantou a cerimónia. Aos 88 anos Sir Edmund Hillary, cavaleiro do império Britânico e condecorado com a Ordem da Jarreteira, morreu, depois de uma vida de escaladas e outras explorações (ainda no ano passado tinha estado na Antártida), apoios aos povos dos Himalaias e alguns dramas familiares, como a morte da mulher e da filha num acidente de avião no Nepal.

Que descanse em paz.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Nada de referendo
Como é óbvio, o facto da escolha do "deserto" para novo aeroporto de Lisboa não me desagradar não quer dizer que a semana passada tenham sido só rosas sem espinhos do governo PS. Como se suspeitava, Sócrates não pretende mesmo um referendo do Tratado da UE por considerar que há o perigo de não ser aprovado, e com o argumento patético de que não mentiu ao prometer em tempos a consulta popular por "ser diferente do Tratado constitucional". Pura retórica, e mal utilizada. Alguém deveria dizer ao PM que os referendos onde tal perigo de não aprovação está salvaguardado têm outra forma, e são conhecidos como plebiscitos.

domingo, janeiro 13, 2008

Reacções de alguns blogues ao novo aeroporto




"O Cantinho do engenheiro": o Governo decidiu-se por Alcochete. Não é perto de casa, mas serve, contanto que surjam novos templos gastronómicos, haja algum sector onde se possa fumar um bom Romeo e Julieta e degustar um vinho do Douro ou uma Melo Abreu."

"Jamais", dizia ele. Veremos como a Lusoponte, a CIP, a Associação Comercial do Porto, a Companhia das Lezírias e todos os lóbis interessados se vão apoderar do aeroporto"

"Mais um gasto faraónico do estado socialista e centralista em detrimento dos cidadãos. Ao menos que fosse no Porto, o que representaria a vitória dos verdadeiros liberais sobre o estatismo do Terreiro do Paço".

"A opção por Alcochete é totalmente ideológica e serve para reforçar o Alentejo comunista, e os sectores politicamente correctos, além de ficar demasiado próximo do norte de África. Se Hayeck fosse vivo diria exactamente isto"

"Palavras que odeio: jamais"

"A posição agora anunciada, que demonstra bem o paradoxo marsupial deste governo, só pode deixar-nos pessimistas quanto ao futuro das liberdades neste país. O novo aeroporto deveria ficar na Ota, porque além de ser perto da Marmeleira, daria para fazer inúmeros "Retratos de Trabalho". Pobre país o nosso!"

"Eu hoje acordei nas nuvens"


"A decisão do Governo é uma boa oportunidade para pôr aqui uma resenha sobre história dos aeroportos, dos irmãos Wright à actualidade"


"O Estado português tardo-meta-moderno, essa republiqueta sem remissão, voltou a esbanjar recursos imensos em estudos infinitos. Coisa igual jamais sucederia na Tailândia; bastaria o rei escolher logo onde se situaria o aeroporto."


"O primeiro-Ministro volta a tomar uma grande decisão de grande sensatez e sabedoria, mostrando que está a tornar Portugal num país mais moderno, civilizado e desburocratizado. A Ota era a opção ideal, mas descbri agora nas entrelinhas da Constituição que afinal era o local errado, até porque era mais próxima de Fátima, esse atentado ao estado laico."


"Sócrates decidiu-se por Alcochete. É na Margem sul, mas que interesse tem isso? Usam-se lanchas e táxis marítimos, que o Mar da Palha não é maior que a Laguna Venneta"


O Engenheiro Sócrates mudou vergonhosamente de opinião, com o derrotado engenheiro Lino a seu lado. Este país afunda-se na imoralidade, como decerto previa o estadista de Santa Comba nos seus saudosos tempos".

"Apesar de ser uma decisão socialista, e por isso presumivelmente anti-tradicionalista, creio que Aristóteles, Burke e Voegelin não se lhe oporiam"

Ps: isto é ficção bloguítica. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

No campo de tiro

Reviravolta na decisão da localização do aeroporto de Lisboa: o campo de tiro de Alcochete é o escolhido, em detrimento da Ota, depois de um período em que a escolha dos prados do Oeste era um facto consumado. Não sendo expert em matéria de engenharia ou económica, fico com a sensação de que é uma melhor escolha. Até por se basear num exaustivo estudo do LNEC, coisa que já devia ter acontecido há imenso tempo. Mas olhando para as vantagens e desvantagens comparativas, parece-me melhor, Tem menos custos, evita uma massificação ainda maior de veículos e construções a norte de Lisboa, é mais perto, terá melhor acessos ao porto de Sines e escusa-se de se andar a terraplanar colinas, a drenar charcos e a estabelecer estacas para sustento de estruturas. Acresce que a zona agora escolhida, é realmente um deserto, como temia o ministro Mário Lino. E ainda bem: menos expropriações, e menos custosas, menos populações deslocadas, menor impacto na qualidade de vida. Não se percebe porque raio queria o senhor que houvesse escolas e coisas parecidas nas imediações. Os terrenos em causa são uma imensidão plana coberta de eucaliptos, perto de uma autoestrada muito boa para circular mas sub-aproveitada, a A-13.

Há, claro, alguns contras, como o aquífero que passa na região, que provavelmente terá de ser objecto de especiais cuidados para evitar a poluição das águas. E obviamente a construção de nova travessia no Tejo, por muito que isso inquiete Almeida Santos. O estigma "Margem Sul" não deixará de pôr muita gente de nariz torcido.

Outra razão: a maior distância do Porto pode dar outra importância a Pedras Rubras, como único aeroporto importante a norte do Tejo. A Ota previsivelmente secundarizá-lo-ia. Alcochete pode dar-lhe outra dimensão. Assim espero, desde que a ANA não resolva fazer das suas.

Para os que protestam pela decisão e acusam lobbies vários, como a CIP, lamenta-se pelo investimento que tinham feito anteriormente. Não venham é tentar convencer que os lobbies ganharam todos, como já vi escrito, ou que "é tudo para o Sul e nada para o centro". Nota-se logo muito ressabiamento. Como se não houvesse inúmeros grupos de influência, talvez mais ainda, pró-Ota. E que eu saiba o Alentejo não é lá muito beneficiado face a Coimbra ou Leiria. Qualquer decisão destas tem sempre as suas razões políticas, dê por onde der. Mas esta tinha também razões técnicas de relevo. Por isso, entendo que terá sido a melhor. Espero é que seja igualmente ponto final nesta discussão que se arrasta há anos e que tantos recursos tem exigido.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Pequenos Forever!
Nesta época em que em Portugal cada vez há mais proibições e menos e menos permissões (com excepção para o aborto), coisa que nos deveria fazer pensar, uma das normas mais anómalas, aberrantes e antidemocráticas que nos surgiram nos últimos tempos terá sido a Lei dos Partidos Políticos nº 2/2003, de 22 de Agosto no seu artigo 18º nº 1, Al. b), em que uma formação política é judicialmente extinta pelo TC, a requerimento do MP, se tiver menos de 5000 filiados. A coisa passou mais ou menos despercebida até há pouco tempo, quando o TC notificou todos os partidos a fazerem prova desse número de militantes. Agora, o mesmo Tribunal indeferiu um recurso de fiscalização abstracta da Lei, apresentado por cinco pequenos partidos. Razão? "O tribunal em causa só pode proceder a essa apreciação num momento posterior, ou seja, depois de iniciado um processo suscitado pelo Ministério Público de extinção de uma força política que não cumpra os requisitos estabelecidos por lei".
Um mau serviço prestado por uma entidade que deveria assegurar os direitos de cidadãos que se sintam ameaçados por uma qualquer norma. Já é estúpido que só se possa recorrer ao TC depois de passar pelos tribunais, coisa que uma data de titulares de cargos públicos não precisam. E mais estúpido ainda é que nenhum desses responsáveis tenha suscitado anteriormente a inconstitucionalidade da Lei ao Tribunal. Provavelmente porque não tenham tido interesse nisso. Repare-se que já data de 2003, e desde aí tivemos três governos, com três partidos no poder.
Se no futuro próximo tal norma for aplicada depois do consentimento do TC, será motivo para desobediência civil. Qual a razão para este disparate? O não querer subsidiar partidos menores? Não há problema, eles que se governem por si mesmos. Extingui-los é um acto de puro terrorismo político, dando a entender que só meia dúzia de tendências ou ideias é que valem. Partidos ecologistas, monárquico-fadistas, nacionalistas ou maoístas vão assim desta para melhor, ficando os seus escassos apoiantes sem quem os represente. E m nome de quê e de quem? E acima de tudo, com que direito os maiores partidos fazem isto aos mais pequenos? Esquecer-se-ão de que uma das regras da Democracia é que as minorias se podem sempre tornar maiorias?
Também não me parece haver aqui nenhuma moda estrangeira. Em Itália, apesar das recentes fusões entere os grandes, há uma infinidade de pequenos partidos, como aqui se mostra, e sempre houve governos multipartidários. Nos EUA, apesar do oligopólio de Democratas e Republicanos, também não faltam micro-associações partidárias para todos os gostos. No Brasil, só partidos socialistas e trabalhistas é um ror deles. E assim por diante. Em Portugal, e só aqui, querem acabar com eles. Se masis não houver, espero que todos eles, Nova Democracia, POUS, PNR, PCTP-MRPP, PPM, MPT, PDA, PSN, e o que mais houver, combinenm uma manif em conjunto frente a S. Bento. Eu, se puder, vou dar-lhes apoio. Quanto mais barulho melhor.



terça-feira, janeiro 08, 2008

Luís Pacheco 1925 - 2008




Só na segunda, com a leitura das capas dos jornais, é que soube que Luís Pacheco tinha morrido. Agora que andava a consultar o Diário Remendado. Não me admirei assim muito, dada a saúde precária do escritor e os problemas que o atormentavam ultimamente. Ainda assim, a morte toca sempre. Em pouco mais de um ano, perdeu-se Cesariny e Pacheco.

Uma figura bigger than life, esta, que teve oito filhos, andou envolvido com menores, esteve preso e chocou a sociedade com a sua libertinagem. Esteve também ligado ao PCP, coisa que parece algo esquisita dada a disciplina férrea e sorumbática que este partido exige aos seus militantes. Podem ver várias confirmações disso mesmo numa entrevista que deu há menos de um ano. Mas a melhor é a que deu no Esplanar, realizada por João Pedro George, uma das pessoas que mais lutou pela recordação da sua obra (e pelo próprio escritor).

Mesmo que tragam sempre alguma abjecção por arrasto, os libertinos, e particularmente os autores libertinos, são terrivelmente necessários. A sua enorme liberdade chega a assustar, faz-nos imaginar uma sociedade desconchavada, sem rei nem roque. Parecido com Pacheco, nos últimos anos, lembro-me de João César Monteiro (e noutro plano, mais insistentamente provocante, de Vilhena e d´O Meu Pipi). Que também já desapareceu. Quem nos resta agora, dessa chocante mas libérrima minoria?

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Vêem como os blogues podem ser úteis?

Acrescento ao último post: a blogoesfera multiplica-se numa rede solidária revelando onde é que se pode fumar por esse país fora. Há bares, restaurantes e cafés que resistem e resistirão à invasora prospecção. Aproveitem, fumadores. Consultem este blogue, mais aquele e aqueloutro.

sábado, janeiro 05, 2008

Proibição do fumo

Já sei que a maioria anda muito contente com a nova lei do tabaco. Acabaram os "não tenho que aguentar o fumo dos outros na cara", e outras frases que se começaram a ouvir de há 3 anos para cá. Mas pela minha parte, como já tinha dito, não concordo (e sou apenas fumador mundano). Estaria plenamente de acordo com regras que dessem a liberdade aos proprietários dos estabelecimentos de permitirem ou não o fumo, conforme desejassem. Até podiam proibir todos. Mas imposições destas, com fortíssimo cunho moral vindo do outro lado do Atlântico, não, obrigado. Pequenos cafés de aldeia, que serviam de ponto de encontro, vão-se ressentir disso. Os bares e discotecas, que têm função de lazer e de convívio, estão transformados em estabelecimentos promotores de saúde. Nos casinos, por norma locais de excepção para o jogo, também estão na mira. Os clubes de jazz e as míticas imagens de espirais de fumo são meras recordações.
E é deprimentíssimo ver gente à porta dos cafés, à chuva e ao frio, a fumar. Não me venham dizer que têm todos os mesmo direitos. Uns podem estar lá dentro e outros não. Num shopping, onde raio se pode vir cá fora, com corredores e corredores? E não duvidem, daqui a pouco até cá fora vão começar a restringir o fumo. É esperar e ver.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Já começam a comemorar os cem anos da República?

Não é só a proibição do tabaco que marca o início do novo ano. Se isto tiver algum fundamento, então vai haver problemas graves. Mas da parte de um Ministério da Educação incompetente, insensível ao máximo, que é que se espera mais?
PS: afinal parece que era um boato. Assim sendo, até me parece que a Lei é razoável. Mas nunca fiando.