As autárquicas são as piores eleições para fazer prognósticos. O seu carácter local e as situações particulares que a elas estão ligadas fazem com que inevitavelmente haja surpresas. Há sempre um dinossauro apeado da cadeira, uma sondagem que falha abruptamente, um terceiro que emerge. Podem ser boas ou más, consoante os gostos.
Em 2005 a melhor surpresa (para mim e para muitos) terá sido a derrota de Avelino Ferreira Torres em Amarante. Este ano, volta a tentar a sua sorte no Marco de Canaveses, que dominou durante mais de duas décadas. Duas sentenças opostas do Tribunal Constitucional permitiram a sua candidatura "independente", ameaçando a presidência de Manuel Moreira, quer teve certamente muitas dores de cabeça para colocar em ordem o estado calamitoso do concelho.
Não sei o que se passará em Lisboa. Por mim, Santana voltava para onde veio e continuaria a "andar por aí". No Porto, Rio está mais que confirmado; ajuda de Elisa Ferreira não falta. Mas não faltam autarquias em que pode haver surpresas. em princípio, Gaia e Sintra continuarão nas mãos de Meneses e Seara. Gondomar, Oeiras e Felgueiras também não devem expulsar os seus bem conhecidos "independentes" (muitos militantes partidários há nessas listas "independentes"), mas caso isso acontecesse, teria uma imensa piada. Matosinhos é um caso curioso, porque as sondagens, que ainda há pouco tempo davam a vitória a Narciso Miranda (que meteu na cabeça que a presidência Matosinhos era dele e de mais ninguém), mas agora são claramente mais favoráveis a Guilherme Pinto. Depois, há casos em que as candidaturas independentes baralham as apostas, como acontece em Coimbra ou Faro. Há capitais de distrito que pela saída dos seus autarcas não se sabe para que lado vão pender, como Viana e Setúbal. Saber-se-à se Mesquita Machado vai finalmente ser apeado por Ricardo Rio ou se ainda consegue cumprir o último mandato - está lá desde 1976. E se o CDS consegue estender-se para lá do seu bastião de Ponte de Lima, ou se o BE consegue mostrar alguma coisa fora dos círculos urbanos. O melhor mesmo é esperar para ver.
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