terça-feira, outubro 27, 2009

Executivo
O novo governo tomou posse, quatro semanas após as legislativas. Estava outro dia a ver num café de esquina a goleada que o Benfica aplicou ao Everton, quando de súbito a composição do executivo correu em rodapé. Desviei o olhar das corridas de Di Maria e Saviola e atentei na lista. Alguns eram esperados, é certo, mesmo Rui Pereira, mas acho que ver Augusto Santos Silva na Defesa ninguém esperava - pelo menos deu para a generalidade dos blogues fazer a piadinha do "o malhador vai malhar com a soldadesca". Alberto Martins na Justiça? Se quando esteve na Reforma e Plano nada reformou, não se espere agora ver um tipo que transpira burocracia por todos os poros a fazer grande trabalho num sector que é tudo menos fácil. Temos Vieira da Silva na Economia (é sempre gratificante saltar das discussões com os sindicatos para os diálogos com os conselhos de administração) e um conjunto de figuras desconhecidas do grande público à frente de vários ministérios. Fala-se insistentemente da nova ministra da cultura, Gabriela Canavilhas, ao que parece mais pela sua allure do que pela sua carreira de pianista e de da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Entre pessoas conhecidas ouço também o nome da nova titular do Ministério do Ambiente, Dulce Pássaro, que a confirmar-se a confiança que Sócrates lhe deposita, não fará melhor trabalho do que o seu antecessor, o invisível Nunes Correia (e era tão necessário, sobretudo nas questões dos PIN ´s e das plataformas logísticas).
A mais mediática é sem dúvida Isabel Alçada, de quem já se adivinhava a nomeação para a Educação. Num ministério sob fogo, talvez o mais contestado da última legislatura, espera-se que a experiência no ensino e nos sindicatos leve a uma maior ponderação de decisões e algum apaziguamento com a classe dos professores, crispada com a inenarrável Lurdes Rodrigues. A autora da colecção Uma Aventura e Viagens no Tempo, referências de literatura juvenil de mais do que uma geração, entre as quais se inscreve o autor destas linhas, tal como Os Cinco eram para os nossos pais, terá de se munir de enorme bom senso; o seu marido Rui Vilar pode ser uma ajuda preciosa. Essencial será também que o grupo de Secretários de Estado respectivo seja substituído, com o indescritível Valter Lemos à cabeça. Talvez assim haja alguma paz no sector.

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