Houve algum sofrimento, é certo, porventura desnecessário, mas o Benfica chegou ao seu 32º título de campeão nacional. Um número arrasador em qualquer campeonato. Como arrasador foi o ataque, com 78 golos marcados e 20 sofridos, melhor ataque e melhor defesa em conjunto com o Braga. E como cereja em cima do bolo, o "Tacuara" Cardozo sagrou-se o melhor marcador, com vinte e seis golos, outro galardão que o Benfica não tinha há 19 anos.
Paradoxal parece ser a apreciação do campeão para alguns: dificilmente uma equipa que jogue tão bem, que encha os estádios e que tenha mostrado tanto futebol ao longo de uma época é alvo de tanta contestação como a que aconteceu este ano. Ao que parece, os castigos a alguns jogadores que se entretiveram a praticar pugilismo e a nobre arte da cepa pelas costas seguida de fuga foram considerados uma coisa vergonhosa, dando a entender que bater em adversários é um método lícito para ganhar jogos. Como entendo que não é, e que o Benfica não precisou de bater nos outros jogadores nem de crivá-los com objectos de rua, a começar por pedras, julgo que a justiça deste título não se pode pôr em causa.
A Jorge Jesus se deve o triunfo e o carrossel de ataque da equipa, mas algumas peças já lá estavam, e melhoraram, como David Luís, Di Maria, Carlos Martins e Cardozo, e outras chegaram, para completar a máquina, casos de Saviola, Ramires e Javi Garcia. foram todos inexcedíveis, e mostraram o seu grande valor. Claro que Vieira merece uma palavra, mas é bom não esquecer o jovem director desportivo que permitiu que o título fosse possível: Rui Costa, a mostrar que percebe enormemente do assunto.
E a festa correu lindamente. Nunca tinha comemorado um campeonato do Benfica no Marquês de Pombal. O próprio Papa Bento XVI, no edifício do BES, parecia abençoar aquele título. A multidão em delírio é um espectáculo único, assim como ver Jorge Jesus eufórico, com o cabelo vermelho e com uma bandeira às riscas que mais parecia o antigo símbolo da Olá! Eram aliás os mais velhos aqueles que festejavam efusivamente. Deu para ver quando o bus que transportava os campeões nacionais atravessava com dificuldade a rotunda (que já estava reservada para o efeito) e começava a longa marcha pela Avenida da Liberdade abaixo. A cara de alegria pueril de Rui Costa é absolutamente inesquecível. Mas não irrepetível.
2 comentários:
Até daqui a 5 anos! :)
Aproveitem bem!
O treinador do SC Braga tinha previsto que algo ia acontecer. Realmente acertou - um vulcão entrou em erupção na Luz debitando para a atmosfera cinzas vermelhas que cobriram o espaço aéreo nacional de norte a sul do país, também em África, na Ásia e na Europa. O magma incandescente derreteu os maus perdedores, sempre prontos a minimizarem as vitórias dos outros através da intimidação e comunicados dignos de uma taberna do interior. Falaram em túneis - esqueceram-se do verdadeiro precursor do túnel nauseabundo dos anos 90 -, criaram um artificial candidato ao título que, apesar da sua boa época desportiva, foi sustentado por erros arbitrais. Mesmo assim, venceu a melhor equipa: o Benfica. Com um futebol vistoso, com o melhor marcador, com o maior número de golos marcados e menos sofridos, com jogadores ameaçando transferências milionárias, com mais espectadores e carregados por um andor - os adeptos. Como diz Chico Buarque: foi bonita a festa, pá!
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