Escândalos oportunos
A euforia durou pouco, e o Benfica já está de novo em primeiro lugar, depois de uma vitória sofrida contra o Braga. Como já se ouviu enormemente, o resultado é contestável por erros de arbitragem, como o facto de no único golo do jogo David Luís estar em fora de jogo, e de haver um penalty não assinalado contra o Braga. O problema é que, como sempre, os prejudicados resolvem utilizar isto como se fosse o apocalipse do futebol. Uso o "como sempre" porque parece que o escândalo só existe nos jogos contra o Benfica, como ficou patenteado naquele senhor do Estrela da Amadora - sim, esse que não paga salários aos jogadores - quando num penalty mal assinalado contra o seu clube, ameaçou "deixar o futebol". Em todos os outros jogos, a coisa assume menores proporções, ou por subserviência, ou por cumplicidades várias, ou então porque não os incomoda tanto. Quando o SLB é ocasionalmente mais bem tratado pela arbitragem do que aquilo que merecia, é isto. E isto são os protestos violentos de António Salvador e as acusações de Mesquita Machado, esse dinossauro apegado como uma lapa à presidência da câmara de Braga, esse protector da promiscuidade entre a autarquia e o futebol, responsável pela onda de betão que assolou a cidade dos arcebispos, para quem, nas suas palavras,
"os erros de Paulo Baptista foram premeditados", "existiram influências exteriores para que fosse aquele árbitro". Ainda por cima "O presidente da autarquia minhota não quis aprofundar as acusações (revelou ter ouvido tais informações "nos corredores, no 'diz que disse'"), mas frisou que, "pelos vistos, essas suspeitas tinham fundamento". Está tudo dito.
Mais cómico mesmo é ver alguns blogues "de referência", como este, para quem o mesmo Mesquita Machado é o inimigo público nº 1, mas cujas declarações subterrâneas dá razão porque «soube defender os interesses de uma cidade e de uma região que tem sido trucidada, no futebol e no resto, pelos interesses dos poderes instalado» Mais abaixo lê-se: «Roubo! Benfica e Sporting continuam levados ao colo da arbitragem». A ideia está à vista, e explica-se pelo facto de António Salvador ser um confesso portista (ao falar do árbitro, chamou-lhe o "Calabote do Séc. XXI", como não podia deixar de ser) e do Braga ser um lacaio servil do clube que lhe empresta os jogadores. Quanto a Mesquita Machado, que é além do mais é presidente da AG da Federação, em anos e anos no futebol deve ter criado amizades duradouras e proveitosas.
Depois dos jogos em que o Benfica sofreu inúmeros prejuízos, e das queixas dos benfiquistas terem embatido em pesados "deviam era jogar mais", ou "só sabem é chorar reclamar dos árbitros", eis que o país ficou em fúria porque finalmente a situação inverteu-se. Jesualdo, cujo discípulo Bruno Alves continua a exercer à vontade o seu passatempo de partir cabeças adversárias, e os dirigentes do Sporting não deixaram o crédito por mãos alheias e também botaram faladura no caso. Enquanto o Benfica estiver em primeiro, a indignação perdurará. Caso desça para outras posições, tudo ficará na paz do Senhor.
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