quinta-feira, dezembro 31, 2009
quarta-feira, dezembro 30, 2009
A cidade teve o seu período de esplendor na altura entre-guerras. Depois da destruição causada pelos zeppelins da Alemanha Imperial, ergueram-se sumptuosos edifícios art-deco e art-nouveau, bulevarduls e jardins, palácios e bairros, o que lhe deu o cognome de "Paris do Leste".
O palácio, inicialmente chamado Casa Poporului, alberga as duas câmaras do parlamento, a presidência e o governo, e tem ainda auditórios, restaurantes, etc, e é visitável pelo público em geral. Ainda assim, não é totalmente aproveitado, por manifesta falta de entidades administrativas suficientes, dado o gigantismo da coisa. há inúmeros átrios, escadarias majestosas e um imensos salão de baile. Das suas varandas, os governantes pronunciavam os seus discursos, numa posição de domínio sobre a multidão reunida defronte. Nelas, Ceausescu assistiu atónito à revolta do seu povo, quando esperava ser aclamado. Nas caves e subterrâneos do palácio, quase com a mesma área dos andares à superfície, diz-se, tinham túneis de comunicação e respectivos transportes para o exterior, a distância considerável. Mas na altura em que mais podiam provar a sua utilidade, as hesitações e medos do ditador fizeram com que não se servisse deles.
Contudo, entre os edifícios megalómanos e o que restou da cidade pré-2ª Guerra, fervilha uma verdadeira capital europeia, em que o trânsito flui lentamente pelos bulevarduls e pelas largas praças que comunicam umas com as outras através de avenidas longuíssimas. O centro da cidade é dominado pelo Palácio do Parlamento, pelo eixo entre a praça Unirii e a da Universidade (com o grande volume do Hotel Intercontinental) e pelo que resta da zona histórica, que se desenvolve entre a rua Lipscani e a Calea Victoriei. A primeira é a histórica rua comercial da cidade, e deve esse nome aos comerciantes de Leipzig (Lipsia), que desciam o Danúbio para vender os seus produtos, e que dinamizavam uma boa porção do comércio local. Pela via fora espalhavam-se os diferentes artesãos, e a meio, perpendicular, o mercado Lipscani, com as suas portadas de ferro, converteu-se numa zona de galerias de arte, ou seja, depois da venda de legumes tornou-se o Soho ou a Miguel Bombarda de Bucareste. Na rua, agora esventrada para repavimentação, permanecem inúmeras lojas, um teatro de Revista, tal e qual como em Portugal, agências bancárias e um dos restaurantes mais bonitos da cidade, o Carne cu Biere (embora o encanto do estabelecimento seja inversamente proporcional ao profissionalismo de quem serve, mais ocupado a promover espectáculos de danças "latinas"). Numa das extremidades estão as ruínas do palácio mandado erguer por Vlad Tepes, no Século XV, e a seu lado a mais antiga igreja da capital, a Curtea Veche.
sábado, dezembro 26, 2009
"José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, a cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de recensear-se com Maria, sua mulher, que se encontrava grávida. E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoira, por não haver para eles lugar na hospedaria."
São Lucas, 2: 4-7
terça-feira, dezembro 22, 2009
As autoridades reagiram com toda a dureza possível, alvejando os manifestantes, o que multiplicou a revolta. A 21 de Dezembro, o ditador convocou um aparatoso comício de apoio na capital, em frente ao Palácio do Povo, o enorme edifício que congregava os vários poderes, símbolo máximo daquele regime totalitário que não hesitou em destruir o centro histórico de Bucareste. Às primeiras palavras que correram na imensa praça fronteira, recebeu aplausos dos apoiantes, sobretudo da Securitate, a polícia política. A pouco e pouco, os manifestantes começaram a entoar gritos de protesto entre a multidão, e como uma bola de neve os apupos aumentaram, até o povo gritar em uníssono "Timisoara" e "abaixo o tirano". impotente, Ceausescu retirou-se do local e ordenou que as forças de segurança ripostassem. As tropas pretorianas leais ao regime dispararam sobre a multidão, espalhando o caos no centro da capital, mas as forças regulares não se moveram. a reacção apenas gerou mais revolta por parte da população, à qual se começaram a juntar unidades militares.
Fechado no seu "bunker" Ceausescu não se decidia a fugir pelos inúmeros subterrâneos do palácio, quando a situação piorou para o seu lado, e incapaz de aceitar a queda iminente ou sequer de negociar, decidiu fugir de helicóptero com a sua mulher, Elena, e dois ou três fieis. A fuga. No dia 22, foi vista por todos e registada, mas ou por engano, ou por dificuldades mecânicas, o aparelho aterrou na cidade de Targoviste. Prisioneiro, o casal Ceausescu passou uma noite no calabouço, antes de enfrentar um julgamento militar sumário que acusou o ditador de tentativa de genocídio e de "roubar a alma da Roménia". Este ripostou com acusações aos traidores "fascistas e anti-nacionalistas". Lida a sentença de morte, um pelotão de fuzilamento levou para fora e metralhou Nicolae e Elena, que permaneceram juntos no fim, recordando Mussolini e Clara Pettaci. O fim dos Ceausescu foi proporcional ao regime de opressão, miséria e estalinismo que instituiu na Roménia. O anterior Conducator romeno, Ion Antonescu, líder de um governo aliado de Hitler, fora também ele fuzilado após a guerra. Agora, a mesma sorte cabia ao intitulado Conducator comunista, na manhã do dia de Natal de 1989. As imagens dos corpos dos Ceausescu correram mundo, e torjnar-se-iam o símbolo e a prova de toda a violência e fúria que por aqueles dias atravessaram o país.
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Decididamente a Transilvânia tem uma fama que não corresponde de todo à realidade. Em lugar da precipícios profundos e de gargantas escuras, com lobos de olhar flamejante a uivar, como consta em qualquer lenda vampírica, vêem-se campos de cereais, pequenas colinas e aldeias ao longo da estrada, com casas iguais e por vezes com uma igreja fortificada, herança dos saxões. É o caso de Saschiz (ou Keisd, em alemão), assim como muitas outras.
Mais para Sul, chega-se a uma das maiores cidades da região. Sibiu, ou Hermannstadt, como os cartazes recordam por toda a parte, chegou a ser capital do principado da Transilvânia. A cidade velha, na sua parte baixa, está rodeada de muralhas e bastiões fortificados. Mesmo no centro fica a principal praça da cidade, a Piata Mare, dominada pela sua torre do conselho municipal. Quem aqui chegasse e não soubesse qual o país pensaria porventura tratar-se duma cidade alemã ou austríaca, tal o cuidado, o aprumo e a ordem daqueles edifícios construídos entre os sécs. XVI e XVIII, muitos deles barrocos. Uma volta pelos inúmeros restaurantes e excelentes esplanadas do centro revelaria que os preços são bem inferiores aos praticados naqueles países. A razão do cenário tão diferente do comum das cidades romenas, mesmo da Transilvânia, é simples: Sibiu foi Capital Europeia da Cultura em 2007 e recebeu avultados investimentos para a recuperação e conservação dos edifícios históricos. Ainda se vendem muitas recordações e objectos relacionados com a distinção.
A cidade é rica em igrejas, fortificações, casas e ruas medievais, que descem dos largos centrais para a parte mais baixa. Possui uma animada vida cultural e tem duas catedrais, a ortodoxa e a luterana. Apesar da primeira ser naturalmente mais frequentada, é a segunda, implantada num ponto mais central, que domina a cidade com a sua esguia torre gótica. É a herança dos saxões, que apesar de serem hoje em dia uma minoria de resistentes, continuam a marcar a vida de Hermannstadt.
De Sibiu já se avistam de novo os Cárpatos. Tomando a estrada que segue ao longo do Olt, entra-se num desfiladeiro de Turno Rossu, formado pelo vale deste rio, que corta a cordilheira e saí da Transilvânia. Antes, ainda se passa por uma ou outra aldeia, com casas de estilo saxão, como sempre, de telhados inclinados e largo portão de madeira ao lado, povoações compridas dispostas ao longo da estrada, e onde circulam mais carroças do que os omnipresentes Dacias.
sexta-feira, dezembro 18, 2009
Em Setembro deixei interrompido um périplo pela Roménia. Retomo-o agora, um pouco tardiamente, a poucos dias dos vinte anos da Revolução romena de 1989.
Da Moldávia para a Transilvânia segue-se por uma planície sem fim à vista, de campos e rectas, até que se avistam os cumes dos Cárpatos. Atravessá-los, de noite, em estradas de curvas e contra-curvas, é tarefa de resistência. Quase não se vêem outros carros, não há iluminação, e a paisagem em redor, formada por montanhas imponentes e barragens lá em baixo, que se distinguem pelo brilho da água, mete respeito. Pela cabeça passam as lendas e histórias maléficas em que esta região é fértil...
Chegar ao fim da travessia e ao planalto onde começa a Transilvânia é por isso um alívio. Daí a pouco, vêem-se as luzes de Brasov. Depois dos Cárpatos, não deverá haver cidade mais acolhedora.
Como a maior parte das urbes nesta região, Brasov tem o seu nome romeno, alemão (Kronstad) e húngaro (Brassó). A Transilvânia é uma mescla destes três povos, mas durante centenas de anos foram os saxões que predominaram. Residem aqui desde o Séc. XII, quando os Reis magiares os trouxeram para que povoassem a região. Com o tempo, criaram raízes profundas, adquiriram privilégios, tornaram-se agricultores, artesãos, comerciantes. Esta burguesia próspera ergueu castelos e povoações, e mais tarde desenvolveu grande actividade cultural e literária. Foram maioritários em tempos. Hoje, depois das Guerras Mundiais e do regime comunista, são uma ínfima minoria.
A cidade estende-se pelo planalto, mas protege-se à sombra de um imponente massivo, onde o seu nome está inscrito de forma Hollywoodesca. Não faltam edifícios medievais, do renascimento ou classicistas. A par do edifício da municipalidade, a Casa Sfatului, a construção que domina a cidade é a Igreja Negra, ou Biserica Neagra, templo evangélico luterano de ar austero, com os seus 89 metros de altura, "a maior igreja gótica entre Viena e Istambul". Dentro está decorada com um conjunto de magníficos tapetes turcos, que recordam o domínio otomano nos séculos XVI e XVII, sobre um principado semi-autónomo da Transilvânia. O espaço fronteiro é pequeno para se admirar o templo, e para isso isso há que trepar a uma das elevações próximas, onde estão a Torre Branca e a Torre Negra, sentinelas que vigiam de perto o bastião fortificado que segue ao longo de um pequeno canal. Das torres colhe-se o melhor skyline da cidade velha.
A Torre Branca, uma das sentinelas da cidade
Na fachada lateral da igreja vê-se a estátua de Johann Honterus, um cartógrafo germânico de Brasov que introduziu e difundiu o protestantismo na Transilvânia. À sua frente, do outro lado da rua, a instituição que fundou, o liceu Honterus, ainda hoje a escola alemã da cidade, e uma das referências dos saxões que por aqui permaneceu. Lobriga-se a escadaria do liceu, com um busto do seu inspirador a meio, no patamar.
Estátua de honterus, ao lado da Igreja Negra, e o liceu alemão com o seu nome em frente.
No Verão, o evento mais mediático é o festival de música Cerbul Aur, ou Cervo de Ouro. Já dura há uns anos e realiza-se na praça Sfatului, no coração da cidade, à sombra da imponente edifício municipal. É uma espécie de festival internacional da canção ao ar livre, onde por vezes acorrem músicos mais conhecidos (Scorpions e Kylie Minogue, por exemplo).
Mas a maior atracção da região de Brasov é sem dúvida o Castelo de Bran, mundialmente conhecido como "Castelo do Drácula". É uma estrutura impressionante mas longe de ser sinistra, construída pelos cavaleiros Teutónicos, estrategicamente localizada num vale junto à aldeia do mesmo nome. Não se percebe o porquê da ligação a Vlad Tepes, o "Empalador", que inspirou a Bram Stocker a personagem do morto-vivo vampírico. Tepes, um príncipe da Valáquia do Séc. XV, intrépido inimigo dos emergentes turcos, raramente passou por aqui. Terá ficado uns dias, quanto muito, para orientar este bastião defensivo. O Castelo serviu de morada à rainha Maria, viúva do Rei Fernando e mãe de Carol II, nos anos posteriores à 1ª Grande Guerra. Recentemente, os tribunais romenos devolveram a propriedade aos descendentes da família real, que dele tinha sido expropriada pelo regime comunista. De qualquer maneira, é a memória de Vlad Tepes que se lembra aqui. O castelo, profusamente decorado com mobiliário do Séc. XI e algumas relíquias mais antigas, e pintado de branco, atrai incontáveis turistas. À sua volta, uma autêntica feira de bancas e barracas de produtos relacionados com Drácula. Para quem não aprecie tal ambiente turístico e de comércio nómada talvez seja preferível conhecer a fortaleza de Rasnov, mais a Norte, entre Brasov e Bran, e facilmente identificável no alto da montanha...e pelas letras também hollywoodescas que a assinalam.
quinta-feira, dezembro 17, 2009
quarta-feira, dezembro 16, 2009
Ágora, o filme
segunda-feira, dezembro 14, 2009
quarta-feira, dezembro 09, 2009
quinta-feira, dezembro 03, 2009
terça-feira, dezembro 01, 2009
segunda-feira, novembro 30, 2009
Pró-governo por inerência
Entre os vários jornalistas ou responsáveis de órgãos de comunicação social visados por uma linha editorial subserviente do governo conta-se João Marcelino. O actual director do Diário de Notícias conta na sua experiência com passagens pela chefia dos jornais Record e Correio da Manhã e pela revista Sábado, sendo que os dois primeiros constituem duvidosos elementos num currículo aceitável. É justamente considerado um "homem de direita", como se pôde avaliar por numerosas opiniões na Sábado, e neste caso, talvez o mais saliente membro do que já se chama a "direita socrática", i.e., aqueles que sendo politicamente mais destros não cessam de elogiar ou de desculpar as políticas do Primeiro-Ministro.
domingo, novembro 29, 2009
sexta-feira, novembro 27, 2009
segunda-feira, novembro 23, 2009
No Delito de Opinião, a tomar em devida conta a série "Por estes rios acima", de Pedro Correia., para rever ou travar conhecimento com os cursos de água que nos atravessam. Uma viagem por Portugal através de algumas das suas maiores belezas naturais.
Os cartazes turísticos promovidos pelo SNI, no Blogue da Rua Onze. Pena que as artes gráficas não sejam hoje tão usadas para atrair visitantes.
terça-feira, novembro 17, 2009
Os alemães e a National Mannschaft
The Israel Sketchbook
sexta-feira, novembro 13, 2009
quinta-feira, novembro 12, 2009
terça-feira, novembro 10, 2009
segunda-feira, novembro 09, 2009
terça-feira, novembro 03, 2009
sexta-feira, outubro 30, 2009
quarta-feira, outubro 28, 2009
terça-feira, outubro 27, 2009
sexta-feira, outubro 23, 2009
Convidados ingratos
Coisas que em grande parte não existiriam, bem como estatuto da cidade, se as opiniões de Saramago sobre a Bíblia e sobre a religião em geral, proferidas pelo escritor, que era convidado numa sessão literária precisamente em Penafiel, tivessem tido aplicação prática. Isso e muito mais: provavelmente a civilização como a conhecemos. Mas tanto Saramago como os seus seguidores, que dizem coisas como "A Igreja Católica é a maior assassina da história", "só os ignorantes é que são crentes", e que falam da Inquisição, desaparecida há três séculos, como quem fala de receitas de culinária, nunca devem ter pensado muito bem no assunto. Ou então o grau de loucura e de fanatismo ainda é mais grave do que se pensa.
quinta-feira, outubro 22, 2009
Outros vexames (para poupar o argentino)
Mas sejamos justos com el Pibe: já houve outros resultados humilhantes para a equipa argentina. O mais conhecido talvez seja a goleada caseira por 5-0 que sofreram em plena Buenos Aires, nas eliminatórias para o Mundial 94, alegremente aplicada pela saudosa Colômbia de Valderrama, Rincon, Valência e Faustino Asprilla (o quarto golo é uma obra prima), essa equipa que dava antes de mais espectáculo e alegria. Recordem esse momento inolvidável.