quinta-feira, agosto 25, 2005

Há fumo...

Não me lembro de um ano tão chamuscante como este, mas com a seca que tivemos, não era de esperar outra coisa. Por toda a parte se vêm colunas de fumo e até labaredas, que se transformam em sinistros clarões atrás dos montes quando cai a noite. Em todas as localidades das imediações, Cerveira, Valença, Vilar de Mouros, Caminha, Viana, os sinais de devastação são bem visíveis; as matas queimadas, ainda a fumegar, estão aí, a poucos passos. Na capital do distrito por pouco não evacuaram o hospital central, e as festas da Senhora da Agonia, habitualmente tão afamadas, foram ensombradas por uma sinistra nuvem de fumo que subia do monte de Santa Luzia, em labaredas.
A única névoa que se vê é precisamente a do "smog" incendiário: nem sinal de humidade no horizonte. Pelos media vejo que a situação não é melhor no centro e em Trás-os-Montes, onde numa aldeia cujo nome prefiro não divulgar a populção ficou embasbacada a olhar para os fogos dos vizinhos, antes de voltar para a sua festarola e para o respectivo lançamento de fogo de artifício - apesar da expressa proibição do governador civil, a quem ia dando um ataque. Depois, claro, a culpa é toda dos governantes e dos político, a quem se pedincha subsídios quando o mal está feito.
Acho que hoje completo mais um ano, mas sinceramente nem me lembro muito disso. E depois, o dia de hoje devia ser feriado, por razões evidentemente extra-pessoais : a lembrança da Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820, no Porto, célula embrionária do regime constitucional. Poucos se lembram disso, injustamente. É mais fácil lembrar um banal aniversário através de um telefonema ou de um sms. De qualquer maneira, fica uma pontinha de orgulho por ter nascido em tão importante efeméride.
A continuação do post anterior e das diversas localidades mediterrânicas continua em breve.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Um novo dia no Mediterraneo

O primeiro jornal que tiro da banca, La Gazzetto del Sport; anima-me logo o inicio do dia: segundo os transalpinos, a Juve quer mesmo Miguel, apesar dos disparates. Se isto se confirmasse é que era...
Falando ainda em futebol, a noticia desportiva aqui é mesmo a do regresso de Zizou à equipa francesa; escrevo sem todos os acentos porque estou precisamente na cidade que descobriu esse grande jogador para o futebol: Cannes. Mas como é evidente, as atracçoes aqui estao longe de se relaccionarem com o futebol. A Croisette, ladeada pelo Palàcio dos Festivais e as marcas digitais das estrelas de cinema, pelo Vieu Port e pelos Carltons e Hiltons da enseada, impressiona pelo requinte e beleza.
Por estranho que pareça, nem era minha intençao parar em Cannes, mas um incendio perto de Marselha cortou as comunicaçoes e obrigou-me a passar aqui a noite. Em boa hora. De qualquer forma, o problema parece resolvido, e seguirei ainda hoje para a Provença.
Resumindo, venho de Nice, e antes disso de Génova (proveniente de Milao). Tem sido um percurso interessante ao longo da Riviera e da Cote d Azur, apesar do sol impiedoso. Sigo agora para Oeste, e tentarei dar noticias sempre que possivel.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Adeus?

A pior notícia possível para a imprensa portuguesa tornou-se realidade: O Comércio do Porto (o mais antigo periódico ibérico, nascido em 1854) e A Capital fecharam as portas.
Como repararam, não coloquei os respectivos links. Não vale a pena. É que as edições online já não estão disponíveis. Infelizmente, as contigências de um mercado que se desinteressa da diversidade jornalística e da longa história e tradição de autênticas instituições levam a resultados destes.
Não era leitor assíduo de nehum dos dois, mas lembro-me bem de ver o Comércio em cima da mesa metálica da sala do meu avô, um sólido e empedernido portuense (apesar de bastante conservador e pouco republicano), que não o dispensava por nada, e que, julgo eu, terá passado até por um dos seus orgãos de direcção. A Capital conhecia-o menos, talvez por se restringir mais à área de Lisboa, mas lembro-me de ler e reler um número especial sobre o festival de Vilar de Mouros de 1996, e de descobrir com emoção o relato dos concertos a que eu também tinha assistido (os meus primeiros).
Um texto do Barnabé já com uns meses largos tinha um carácter vagamente premonitório. Querem ver que daqui a pouco é o Primeiro de Janeiro? Ao menos, deixem-nos ficar com as ruas (para quem não sabe, há na cidade do Porto ruas com o nome dos três jornais: a do Comércio fica atrás da Bolsa, a do Primeiro é onde está o Bessa, e a do JN, ao contrário do que muitos pensam, fica em Aldoar).
Esperemos é que estas abruptas interrupções sejam apenas um intervalo e que as duas publicações voltem às impressoras.

PS: amanhã parto para férias, para um destino ainda nebuloso antes dos costumeiros dias de praia numa conhecida localidade do Alto Minho. Tentarei escrever dentro do possível, mas sempre com irregularidade. Boas férias, a quem as gozar agora.