sexta-feira, janeiro 26, 2007
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Flags of our Fathers, última obra de Clint Eastwood, não poderá ser rotulado de "obra-prima". No mesmo sentido vão as nomeações de óscares, que se viraram preferencialmente para o aguardado "Letters from Iwo Jima". Mas dificilmente outro realizador conseguiria tocar numa batalha tão sangrenta e tão decisiva como Eastwood, não se deixando enredar nem em triunfalismos patrióticos (e aí está o seu filme japonês para o provar), de que um exemplo eloquente será Pearl Harbor, nem em miserabilismos pacifistas, com sentimentos de culpa inculcadas em todas as células. O que se vê é o sangrento episódio, do qual o público da altura só reteve a foto em questão, as angústias próprias da frente de combate, um legítimo sentimento de patriotismo à vista do estandarte. E os sobreviventes do acto simbólico, transportados por toda a América, num cortejo triunfal que não desejavam, sendo heróis sem o sentirem. As consequências foram amargas: não passando de cobaias para a angariação de fundos e para exortar a nação, depressa foram esquecidos por quem os tinha posto no topo do mundo - ou do rochedo de esferovite que surge logo no início, no meio de uma multidão eufórica.
O filme, claro está, aconselha-se, por tudo isto e não só: os diversos flashes não cortam a sequência narrativa, o elenco (de desconhecidos, à parte Ryan Philippe e Barry Pepper) é muito aceitável, e a fotografia é belíssima. A primeira parte lembra muito O Resgate do Soldado Ryan, ou não fosse Spielberg o produtor.
Mas é curioso reparar que a simbologia da imagem não é assim tão original. Já havia imagens semelhantes em diferentes contextos. É que a fotografia da bandeira de Iwo Jima lembra-me muito a imagem do Padrão de Santo Agostinho a ser erguido pelos homens de Diogo Cão na foz do Zaire. Acredito que os norte-americanos não tivessem qualquer ideia de fazer uma cópia inspirada no padrão, mas o que é certo é que já muito antes tínhamos colocado as nossas armas nacionais em territórios inóspitos. As semelhanças são mais que evidentes, mas entre os dois acontecimentos há quatro séculos e meio de intervalo.
(Não conheço o autor do quadro; agradecia a quem puder esclarecer-me)
Mais uma vitória sofrida contra uma equipa do centro do país. Na segunda tivemos aquele brilhante jogo contra uma Académica à antiga, mas jogámos com o credo na boca até ao golo de Leo (até houve espaço para o humor, com aquela faixa a anunciar ao Luisão a Quima das Fitas, e os não menos hilariantes discursos científico-desportivos de Manuel Machado). Hoje, só com dois golos perto do fim, um deles do regressado Mantorras, é que conseguimos vencer a União de Leiria (ou Porto-b, como quiserem) e seguir em frente na Taça. Vá lá, continuamos invictos em casa, e além do mais este jogo trouxe-me uma recordação agradável: há três anos estivemos igualmente um jogo inteiro a atacar a baliza do Nacional e a perder, até marcarmos perto do fim dois golos em cinco minutos. Como é sabido, ganhámos mais tarde o caneco. Deus queira que a história se repita e conquistemos a 25ª.
sábado, janeiro 20, 2007
Muito pertinente, o reparo que Pedro Correia faz ao anúncio dos gastos do PSD. Um partido que não tem posição oficial sobre a despenalização do aborto vai gastar 500 mil Euros num "nim". Como? Colocando cartazes com slogans "apoiamos o não, mas também o sim", ou com Rui Rio e Marques Mendes, lado a lado, com balões ilustrando a sua posição oficial? Ou ainda outdoors diferentes em quantidades iguais? Ou outra coisa qualquer, mais enigmática ainda? Esclareçam-nos antes da campnha, senhores, ou arriscam-se a torná-la ainda mais confusa. Melhor, não façam qualquer campanha, que poupam dinheiro aos vossos cofres e a paciência ao torturado eleitor.
A pouca disponibilidade técnica para actualizar o blog faz com que aconteçam coisas destas. Não é que daí venha mal ao mundo, mas como gosto de relembrar estas coisas (eu e noventa por cento dos bloguistas) fiquei ligeiramente entristecido. Tudo porque há quatro dias atrás, quando escrevi as últimas linhas, não me lembrei que de que há exactamente três anos criei este espaço a que chamo A Ágora. É verdade, há estou ligado ao meio desde 16 de Janeio de 2004. E se escrevo pouco nos dias que passam, isso deve-se não a qualquer sentimento de fastio, que me tem assaltado noutras alturas, mas sim ao facto de nem sempre estar ligado à net. Daí também o lamentável esquecimento, comparável, dentro das devidas dimensões, a olvidar o dia de anos de casado (apesar de ser um estado civil cujo mistério ainda desconheço). Como todos os maridos embraçados, prometo igualmente tentar compensar o meu blogue da forma como merece, para minimizar estragos e prosseguir com esta ligação de três anos.
terça-feira, janeiro 16, 2007
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Actualmente tenho andado mais por Lisboa do que pelo Porto. As minhas obrigações passam agora perto de Alcântara, o que faz com que almoçe muitas vezes nas tascas, snacks e restaurantezinhos da zona, entre outros estranhos de serviço, como eu, e os locais, saudosos dos tempos em que não havia a Golden Gate lisboeta, das fábricas agora em decomposição, da faina portuária, dos jogos que enchiam a Tapadinha. Enfim, da altura em que Alcântara não tinha viadutos cruzados, mais actividade nocturna que diurna, mercê do Garage e das Docas, ou duplos cafés do Herman. Nem do Atlético, a jogar em divisões secundárias.
Mas no que toca à agremiação desportiva parece que ainda há momentos altos. Quando me contaram que o velho clube de Alcântara tinha levado de vencida a mui segura de si e "futuro bi-campaõ nacional" equipa do Porto, e logo no Dragão, julguei que estavam a brincar. Mas não. Era mesmo verdade: para o Porto, couberamas lembranças de uma tarde parecida, com o Toreense; para o Atlético, uma jornada de glória, que nem um penalty inventado no quinto minuto do prolongamento abalou; para os outros, alguns risos inesperados e um dia bem passado. Devo dizer que estava num local que exigia alguma solenidade, e as minhas exclamações ao saber da notícia foram muito pouco ortodoxas, mas verdade seja dita, não vi quaisquer recriminações.
Ao fim da tarde passei pela zona de Alcântara-terra: alguns carros apitavam, e os alcantarenses apinhavam-se à porta das cervejarias, de copo na mão e cachecol do Atlético ao pescoço, comentando o feito. A equipa, essa, comemorava na Bairrada (de onde uma das equipas tinha sido goleada na Luz também para esta competição), antes do regresso triunfal.
Andava a congeminar uma dia à Tapadinha um dia destes para ver um jogo do Atlético. Depois disto não há volta a dar-lhe. Tenho mesmo de assistir a uma partida dos amarelos de Alcântara. E até lá, continuarei a frequentar-lhes as tascas e a ler os jornais do clube, gratuitamente distribuídos nos balcões dos estabelecimentos. Parabéns, Atlético Clube de Portugal!
sexta-feira, janeiro 05, 2007
O que voto? Não. Falarei deste tema com mais calma, até porque nos próximos tempos vai estar em destaque aqui no rectângulo.