sexta-feira, novembro 23, 2007

Missão cumprida, Croácia

Não me vou pronunciar sobre a nossa passagem a uma fase final de um campeonato europeu pela 4ª vez consecutiva (o que é um feito, certamente). Um jogo decisivo que acaba a zero, toda a equipa a defender e com alguns nervos não merece muitas linhas. E sobretudo porque quase não vi o desafio, antes ouvi na rádio a 1ª parte, e depois, estando num jantar para o qual tinha sido convidado, apenas pedia para ver o resultado fina. Ao ver os jogadores abraçados com visível alívio percebi que a missão, pior ou melhor, tinha sido cumprida. Mas deu saudades daqueles jogos como o 3-0 sobre a Irlanda, e consequente satisfação e festejos nas ruas.
Mas pior, muito pior, estão os ingleses. Com o pássaro na mão, foram batidos em casa pela Croácia e não vão ao Europeu da Áustria-Suíça. Tanto melhor. Não teremos de aturar (tantos) hooligans, a sua ridícula mania de que são melhores, as suas tristes figuras e mais desempates por grande penalidade. E para mais devem estar arrependidíssimos de substituído Sven Goran Eriksson, o melhor técnico que tiveram na(s) última(s) década(s) e que tanto se esforçaram para mandar embora, com as suas críticas e insultos. E assim o correcto sueco viu, sem fazer por isso, uma qualquer mão invisível e justiceira aplicar uma bofetada de luva branca àqueles que se reclamam serem gentlemen e que tanto gostam de dar azo a uma pretensa superioridade civilizacional que só o Prof. Espada e quejandos conseguem divisar.
A resposta

Boa resposta a um artigo do Blasfémias, do inevitável Carlos Abreu Amorim, pondo os pontos nos "is". De reter também alguns factos e curiosidades relatados na caixa de comentários desse mesmo artigo do Blasfémias.
O que não se percebe é como é que alguém como Miguel Sousa Tavares comete um erro de palmatória como essa de escrever que os morgadios só tinham acabado com o 5 de Outubro! Quem faz tantas pesquisas históricas para evitar o tipo de críticas que caíram sobre Equador não pode cometer falhas dessas. Eu, que só folhei distraidamente Rio das Flores, dei logo pelo disparate. E contudo o jornalista nem mostra sentimentos contra a monarquia quando fala do assunto. Vá-se lá entender.
Projectos ferroviários portugueses esquecidos


Cortesia do Blog da Rua Nove

Este mapa das comunicações portuguesa, dos livros da 4ª classe dos anos 50 que descobri aqui, tem algumas particularidades curiosas, como alguns projectos de vias férreas nunca concretizados.
Vale a pena imaginar essa hipotética realidade ferroviária. E olhando atentamente, descobrimos uma linha do Lima, que iria até Ponte da Barca e inflectiria para Braga e Guimarães, assim como uma espécie de circular ferroviária do Minho. Dessa linha sairia outra até ao terminal da do Tâmega, Arco da Baúlhe, e daí ligaria à do Corgo, nas Pedras Salgadas.
Mais abaixo vê-se o traçado da linha do Varosa, que partia da Régua e atravessava o douro. Embora nunca tenho tido funcionamento, ainda se construíram algumas estruturas destinadas a suportá-la, como a grande e inútil ponte de ferro na Régua e alguns viadutos no caminho para Lamego. Mas a coisa nunca se chegou a fazer. É pena, porque dessa cidade ainda iria para sudeste e perto de Trancoso encontrar-se-ia com outra linha fictícia, que partiria de Viseu até ao Pocinho, fazendo a ligação com a linha do Tua, provavelmente para transportar os minérios de ferro explorados na serra de Reboredo, em Moncorvo. E já que estamos nessa zona, refira-se que também havia planos para se prolongar essa linha até Vimioso.
Mais para o centro observamos que se pretendia igualmente ligar o ramal da Lousã à já desaparecida linha do Dão, fazendo a ligação Serpins-Santa Comba. Outra circular fechada, desta vez no coração da Beira.
De Leiria também se queria fazer uma linha que passasse pela Batalha até à Nazaré. Estranho que não abrangesse Alcobaça, segundo parece, mas pela imagem não se percebe completamente.
Outra ideia nunca concretizada era ligar Peniche ao Cartaxo e, com mais envergadura, Alcochete a Ponte de Sôr, numa travessia por uma zona quase deserta e pelo norte do Alentejo. E ao que julgo, também nunca se chegou a ligar Portalegre a Sousel e Alcácer do Sal a Évora, e muito menos Lagos a Aljezur.
Já sobre os campos de aviação não me pronuncio, porque francamente as cores que os distinguem não ajudam.
No caso dos comboios, tenho bastante pena que não se tenham levado avante estes projectos. Mas será bom lembrar que caso tivessem sido construídas, estas linhas provavelmente já não existiriam, com a total falta de visão e de capacidade de defesa do património das empresas ferroviárias e do Estado, da concorrência das estradas e do sector rodoviário, que liquidaram tantos trajectos únicos e se propõem a acabar com mais um, insubstituível: a linha do Tua.

domingo, novembro 18, 2007

A árvore de Natal

Depois da exposição no Terreiro do Paço, a Árvore de Natal de 76 metros patrocinada pelo Millenium/BCP aterrou nos Aliados. Parece que houve alguma euforia pelo feito, mas desconfio que com o passar do tempo ela vai esmorecer e transformar-se em resmungo. Já vi o enorme enfeite natalício em Lisboa, no ano passado. De noite, e à primeira vista, aquilo tem o seu encanto, principalmente a meia distância, quando aparece sem se anunciar.Mas depois de uma ou outra olhadela, aquilo já cansa. De dia, então, fica lá um trambolho inútil e esmagador, que tapa o tímido sol de inverno.
E depois, no Terreiro do Paço sempre estava mais à larga, podia estender à sua vontade os ramos de metal. Nos Aliados, mais comprida, com edifícios mais altos, aquilo tem um não-sei-quê de desproporcionado, esconde a Câmara para quem está lá em baixo e as Cardosas (mais o que está atrás) a quem está no alto da avenida. Não, esteticamente só mesmo à noite. E o preço a pagar por estar ali de dia é demasiado. Já que a coisa é do BCP, podiam tê-la deixado na vizinha D. João I, onde fica a sede social do banco, no Palácio Atlântico. Aí ainda ficava mais apertada, mas o que se perdia era propriedade do patrocinador. Mas parece que as empresas já não correm riscos como antigamente.
Pequena sugestão: a árvore fica este ano pelo Porto, e para o ano, evitando-se o efeito mais do mesmo, transmuta-se para outra cidade; todos os anos uma diferente localidade podia dar guarida ao monte de ferro com luzes - em 20012 pode ser Guimarães, como mais uma atracção da futura Capital Europeia da Cultura - até aquilo enferrujar; se o metal resistir à passagem do tempo, repetem-se alguns lugares, e lá para 2124 teremos a nossa árvore de novo. Resta saber quem é que nessa altura a vai patrocinar.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Ainda Arroja

Ainda sobre Pedro Arroja e as suas disserações sobre "os judeus": é curiosíssimo como alguém que tece apreciações tão críticas sobre os projectos colectivistas , considerando-os mesmo a sua "bête noire", tenha ideias tão colectivistas sobre um povo e uma cultura. Terá Arroja desistido do seu ideal individualista? Ou o seu pensamento, como muitos adivinham, de tão singular e "politicamente correcto" que é, se tornou num paradoxo sem saída?
Contrastes sazonais

O tempo está a mudar. Não, não é o aquecimento global. Está mesmo a mudar para o que seria normal nesta época: temperastura máxima abaixo dos vinte graus e acima dos doze. Até agora tínhamos tido um Verão prolongado, desforra talvez de um Estio fraco e fresquinho. As coisas compõem-se, enfim.
Talvez no litoral se pense isso, porque no interior a coisa já tinha baixado para níveis que exigem aquecedor ligado. Assim, na semana passada, entre a Linha do Estoril e Trás-os-Montes, tive oportunidade de:
- gozar uma hora e tal de praia na zona da Parede e dar uns mergulhos no mar, como se estivesse em pleno Agosto, e ir jogar numas máquinas do Casino Estoril quase porta com porta com Almodôvar e o novo Festival de Cinema
- apanhar umas temperaturas pouco acima dos zero graus no fim de semana, tendo com pena minha, e por causa de descombinações à última da hora, perdido uma festa com castanhas e vinho em S. Martinho de Anta, ao ar livre, à noite (imagina-se a frialdade); salvou-se a serão de leitura frente à lareira.

Como se pode ver, o Verão prolongado era só para alguns; se se percorresse algumas centenas de quilómetros, dava para juntar duas ou três estações e fazer um fim de semana diversificado, com uma panóplia de actividades e alguma imaginação, coisa que não está disponível todos os anos.
Esperemos agora pelo tempo frio e seco e uns meses de seca. O fantasma de 2005 aí está.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Golos e contas saldadas

Grande fim de semana no campeonato. E de ajustes de contas. O Benfica deu 6-1 ao desamparado Boavista, e ainda falhou um penalti por Bergessio. Rui costa, Nuno Gomes e os sul-americanos foram inexcedíveis. Ricardo silva também, mas a competir com o Bynia do jogo contra o Celtic.
O Sporting de Braga também saldou contas com o de Lisboa. No ano passado perderam por 3-0 em Alvalade, com dois autogolos incríveis e outro mal assinalado. Agora responderam na mesma moeda, e bem.
O Porto, confiante na sua superioridade, descansou à sombra da Reboleira com dois golos marcados, quando o seu sector recuado resolveu mostrar-se, e em dois enormes disparates deixou-se empatar. Sim, o Estrela não conseguiu empatar, o Porto é que conseguiu não ganhar.
Venham mais jornadas assim que o público agradece.
Da superioridade das monarquias constitucionais sobre as repúblicas das bananas travestidas de democracias

Juan Carlos I, Rei de Espanha, mandou calar o patético e cada vez mais ditatorial Hugo Chavez. Zapatero replicava de forma elegante e pausada ao venezuelano que chamou "fascista" a Aznar. O Rei, de súbito, disse o que milhões de venezuelanos silenciados certamente gostariam de dizer ao primário que se diz seu presidente. E o que a maioria dos outros participantes na cimeira pensavam mas não podiam dizer.

Claro que em tempos dos Habsburgos e dos anteriores Bourbons um mestiço que tentasse falar de frente contra o Rei não teria um final feliz. Felizmente que hoje isso já não acontece. E que ainda há alguém com autoridade suficiente para mandar calar as azémolas, mesmo quando elas são especialmente bravas.
Mais um georgiano queimado

Incrível como na Geórgia a história recente se repete de tempos a tempos, sempre nos mesmos moldes. Vejamos: em 1991 elegeu-se Zviad Gamsakhurdia, um dissidente e oposicionista dos soviéticos, para a chefia de estado; seria mais tarde morto, em Dezembro de 93, alegadamente por uma milícia inimiga, mas a sua morte ainda envolve grande mistério.
Depois veio o antigo MNE soviético, Eduard Shevardnadze, através de um golpe de estado primeiro, e mais tarde por eleições. Tornou-se um aliado dos EUA na região e uma pedra no sapato da Rússia, sobretudo por causa da questão tchetchena (e da Abcásia e Ossétia do Sul) .Em 2003, com enormes manifestações dos seus opositores, que clamavam contra fraudes eleitorais e a corrupção do regime, resignou ao cargo de presidente. As eleições que se seguiram foram ganhas por Mikhail Saakashvili, um advogado com estudos feitos nos Estados Unidos e ideias liberais e pró-NATO.
Agora, Saakashvili enfrenta a oposição nas ruas e acusações de prisões políticas e silenciamento de orgãos de comunicação social. Para as enfrentar, declarou o estado de emergência e antecipou as eleições presidenciais, mas prevê-se que não permaneça muito mais tempo na chefia de estado.
Como se verifica, todos os candidatos são populares e pró-ocidente (pouco apreciados pelos russos), mas criam descontentamento geral poucos anos volvidos são depostos por movimentos populares.
Os mais cínicos dirão que há o dedo russo por trás de todas essas mudanças subjectivas. É possível. Talvez se um candidato vencedor se afirmar pró-Rússia, o que é improvável desde Estaline, tenha mais sucesso. Mas tendo em conta o passado do poderoso vizinho no estado caucasiano, tenho as minhas dúvidas.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Parece que finalmente o pensamento lunático de Pedro Arroja está a ser tratado pela maioria da blogoesfera como merece. Já não era sem tempo. Mas olhem que estavam avisados. Tivessem dado ouvidos antes e não havia estes pequenos aborrecimentos
A luta dos "anti-fascistas"
Sobre a petição da URAF conta o museu Salazar, só tenho uma coisa a dizer: faça-se o Museu. Garanto que os militantes do PC... membros da resistência não terão de resistir muito mais contra o fascismo (que como se sabe, é o regime que vigora em Portugal) do que o fazem agora.
De qualquer forma, se uma data de beirões afectos a Salazar fizesse uma excursão ao Barreiro para protestar contra a Avenida das Nacionalizações, surgiria no local alguma "União dos Resistentes Anti-comunistas"? Ou havia mas é cenas de pancada entre os locais e os "invasores" de ocasião?

sábado, novembro 03, 2007

A rasquice das jotas, aqui e além fronteiras
Em Espanha, a jota socialista local lançou este "belíssimo" vídeo para publicitar a "educação cívica". Num concurso, uma jovem doutrinalmente competente e com a lição bem estudada, responde com acerto a todas as perguntas da "disciplina". O seu opositor, um imberbe do PP, apatetado e falsamente pretensioso, erra cada uma das questões que incidem no politicamente correcto reduzido ao seu mais restrito lugar-comum. A educação cívica, para estes jotinhas, consiste no ensino das suas ideias fracturantes e pós-modernas, e pelo caminho humilham os seus adversários, encarados como uns betinhos lorpas e fora do ar do tempo.
(Agradecimentos à Rititi)

Por cá, os homólogos da JS parecem apostar na mesma agenda "fracturante". Mas a palma da hipocrisia cabe à JSD: aqueles cartazes colados em Lisboa, do "Zé-que-faz-falta-calado", mostram até que ponto aquela organização não tem, desde há muito, a menor ideia válida nem o menor pudor. Depois de anos a governar a capital de forma desastrosa, com uma profunda cratera orçamental e negócios obscuros em número indeterminado com construtoras civis e concessionárias de parques de estacionamento, resolvem fingir que nada se passou e mal Sá Fernandes se torna vereador do urbanismo da CML no executivo de António Costa,vá de acusá-lo de silêncios convenientes supostamente para silenciar outras vilanias. Nem o o homem teve tempo de mostrar o que vale e já o acusam de conivências e hipocrisias. Olha quem! Dificilmente se encontrará contra-publicidade mais repuganante na política portuguesa, onde aliás abundam. Se pensarmos na infame campanha que puseram em campo em 2005, confirmamos que o grupo oficial de jotinhas laranjas candidatos a futuras benesses não aprendeu absolutamente nada. O só aumenta as dúvidas do que vale o actual PSD.

sexta-feira, novembro 02, 2007

É assustador verificar como o estilo Santana Lopes faz escola e encontra tantos seguidores, mesmo entre altas personalidades mundiais.
A Haia
No nosso mundo, e em particular na Europa, poucas são as cidades referidas pelo artigo definidos. Entre nós, Além do Porto, existe o Marco, a Guarda, algumas cidades na Margem Sul do Tejo, e pouco mais. De tal forma que na estrenja normalmente ouvimos falar na cidade de Oporto.
Depois há casos como o Rio de Janeiro, o Cairo, as Cidades de tal, e outras tantas, mas a regra é usar-se o artigo indefinido. No continente europeu é raríssimo subverter-se a regra.
Talvez por isso se ouça falar de Haia e não na Haia. A sede de governo, da real morada holandesa (mas não capital, que essa ainda é Amsterdão), de um conjunto de tribunais internacionais e de inúmeras convenções costuma aparecer sem o artigo precedente que a define. Bem sei que as grafias modernas tendem a alterar algumas designações, mas não estou a ver agora aparecer a "cidade de (O)Porto". Por isso, e em atenção à importância institucional da cidade holandesa, era bom que se tomasse mais cuidado com a língua portuguesa e se escrevesse e dissesse sempre A Haia. Parece-me que não custa assim tanto.