domingo, maio 27, 2007

Uma solução para os Balcãs?
Interessante, este post no Combustões, sobre as monarquias balcânicas, a forma como acabaram e a necessidade e oportunidade do seu regresso.
Foram cometidos alguns erros, é certo, como a excessiva permissividade de Mihai I em relação ao Marechal Antonescu, antes de o depôr em 1944, já demasiado tarde, ou as excessivas divergências entre as dinastias da Sérvia, que não facilitaram certamente a vida dos seus monarcas. Mas as alianças com o Eixo, decididas por ditadores governativos sem escrúpulos, e a consequente submissão perante o ocupante soviético ditaram o fim da maioria das monarquias balcânicas. No sul, o Montenegro já tinha sido incorporado na Jugoslávia através de um processo pouco claro, em que se depôs a Monarquia sob a acusação de pactuar com o inimigo austro-húngaro. A Albânia também viu o Rei Zog perder o trono com a invasão italiana e a posterior instalação do regime de Enver Hoxha. Na Grécia caíu o Rei Constantino II, deposto primeiro pela famigerada junta dos coroneis, e a definitivamente destronado, mais tarde, por um referendo de imparcialidade duvidosa. E se se puder juntar ao rol, em Itália, os Sabóias foram igualmente afastados e exilados por um ecrutínio manipulado e quase fraudulento.
Mas apesar da hostilidade dos soviéticos, da incompreensão dos americanos e da indiferença dos europeus das gerações seguintes, há sinais de mudança nos Balcãs. Simeão II, recorde-se, tornou-se primeiro-ministro da Bulgária cinquenta anos depois da sua deposição. Alexandre Karađorđević, pretendente ao trono sérvio, tem um grande apoio entre o povo, a avaliar por algumas manifestações que lhe foram dirigidas desde o seu regresso definitivo.
Quem sabe se não será o regresso das monarquias a colocar definitivamente o Leste a par do resto da Europa, a enterrar velhos ódios e a devolver a confiança aos seus cidadãos.

quarta-feira, maio 23, 2007

 
Reedição da final dos campeões de há dois anos. O mítico Liverpool e o poderoso AC Milan voltam a encontrar-se dois anos após a mais excitante final desta prova desde que o Benfica venceu o Real Madrid por 5-3. Não deixa de ser estranho que na prova dos "campeões dos campeões" surjam dois clubes que não ganharam os troféus domésticos na ano passado. Coisas do futebol moderno, virado para as pay-per-view e para remessas. Preferia sem dúvida que o vencedor fosse um qualquer virgem na conquista da prova, como o Chelsea de Mourinho, o ascendente Lyon ou a Roma, infeliz finalista em 1984, precisamente frente ao Liverpool. Não podendo ser o Benfica, claro está.

Mas já que os deuses do futebol ditaram este reencontro, então que a Taça volte aos Reds. Que dois anos depois da surpresa em Istambul, Gerard ou Hyypia sejam de novo campeões em Atenas, berço da ágora e vítima ancestral dos anfitriões de há dois anos. Porque é a minha equipa inglesa preferida. Porque se assim for, poderemos dizer que em três anos de competições europeias só uma equipa a terá eliminado: o Benfica.


E também porque não gosto do Milan, das suas finais com mais facilidade do que seria justo, de já nos terem tirado dois canecos, do seu presidente, o patético Berlusconi. E este ano com motivos acrescidos: nem sequer deviam ter ido às competições europeias, depois do escândalo Calciocaos. Mas autoridades foram brandas com os rossoneri, com um castigozinho em que lhes tiraram uns pontitos, enquanto lhes passavam as maõs pelo pêlo, ao contrário do que aconteceu com a Juventus. Os adeptos sérvios do Estrela Vermelha de Belgrado é que os toparam na eliminatória para aceder a esta prova, escarrapachando o nome em frente aos Berlusconi boys.


Que nos trará esta noite: Istambul 2005 ou Atenas 94, quando os milaneses, com Maldini também na equipa, goleram o favorito Barcelona por impensáveis 4-0?

terça-feira, maio 22, 2007

Parabéns, Hergé















Há cem anos nascia Georges Prosper Remi, mundialmente conhecido como Hergé. Todos o relembram, mas não é demais fazer a homenagem ao criador de Tintin, Quim e Filipe e Jo, Zette e Jocko. Se só acompanhei artificialmente os segundos e terceiros, já o herói da poupa e das calças de golfe é para mim, desde pequeno, uma companhia indispensável. Nunca me esqueço de que folheava os álbuns na América e em África quando ainda nem sabia ler; a primeva aventura no País dos Sovietes que me ofereceram na minha Profissão de Fé, álbum maldito, a traço grosseiro, nunca reeditado a cores, que me incutiu definitivamente o gosto pela BD; os de pura aventura em terras longínquas ("Les Cigarres du Pharaon", "Le Lotus Bleu", "L ´Oreille Cassée", "L´Affaire Tournesol", "Coke en Stock"), com fugas de Meca, invasões japonesas - a história também entra aqui - golpes de estado em repúblicas das bananas, submarinos no mar vermelho e espiões balcânicos. O universo Tintin é riquíssimo tanto na narrativa, como nas comparações temporais e espaciais da sua época ou na espantosa galeria de personagens.

Além da sagacidade e coragem do repórter, e do voluntarismo do simpático Milou, temos as fúrias, emoções e insultos para todos os gostos e imensos "mille sabords" e "Tonerres de Brest" do capitão Haddock; o génio, a distracção e a hilariante surdez do Professor Tournesol; a incompetência e a redundância dos incríveis Dupondt, que deram origem a expressões variadas; a maldade burlesca de Rastapoupoulos e Sponsz, ou a mais trágica de Mitsuhirato ou de Jorgen; a amizade e perseverança de Tchang; o massacre Serafim Lampião; o solícito e fleumático Nestor; as diabruras de Abdallah; as dores de cabeça dos chefes de estado (Ben Kalish Ezab, Muskar XII, Alcazar ou Tapioca), e , claro, as excentricidades da Prima Dona Bianca Castafiore, tiranizando maternalmente os submissos Irma e Wagner.
Simultaneamente, como sátira da época e como fonte de imaginação, Hergé criou mesmo países fictícios, como a Sildávia (inspirada na Roménia, mas pela sua localização e tamanho, parecida com o Montenegro ou a Albânia) ou a sua ameaçadora vizinha, a Bordúria, presidida pelo ditador Plekszy Gladz e os seus bigodes, misto de ditadura fascista com o bloco soviético. E ainda San Teodoros, ao lado de Nuevo Rico, abalada pelos golpes de estado constantes entre os citados Alcazar e Tapioca, e os milhares de coroneis.

Claro que no centenário haverá sempre quem lembre as ligações do autor ao padre integrista Norbert Wallez, seu director, e mesmo a Leon Dégrelle, líder do rexismo belga; ou as suas inclinações jovens para a extrema-direita, o seu empedernido anticomunismo, colonialismo e antiamericanismo, que teriam ficado expressos nos primeiros álbuns, e até antisemitismo (dando como exemplo o banqueiro de nariz adunco em "A Estrela Misteriosa", ou a primeira versão, depois alterada, de "no páis do ouro Negro"). Tudo isto podia ser verdade. Mas mesmo que seja, é bom não esquecer que estava dentro do espírito comum da época, de que grande parte dos artistas se não distanciava; e que nem isso ensombra o fabuloso universo iniciado em 1928 com umas toscas pranchas do escuteiro Totor. Rémi iniciou e de asas à fabulosa BD da Bélgica, verdadeira indústria e referência cultural daquele país artificial.
Parabéns, Hergé!
Já agora, fiquem com um pequeno glossário, em francês, dos insultos do Capitão Haddock. E saibam que o Castelo de Moulinsart existe mesmo, só que com outro nome.
Quiz de Cascata

A começar o fim de semana, na Sexta à noite, estreei-me nas lides de um desporto muito popular em Lisboa: o Quiz de Cascata, ali para os lados da Ajuda. Interessante, divertido e instrutivo, embora entre pela madrugada dentro. Ainda por cima, a coisa correu-nos com sucesso evidente e até nos pagaram por isso. A repetir, claro está.

segunda-feira, maio 21, 2007

Fim de semana e novas desportivas

Fim de semana marcado pelo convívio familiar, almoços ao sol, visitas de nocturnas de museus (que me permitiram enfim colmatar a enorme lacuna de nunca ter visto ao vivo os Paineis de S. Vicente) regresso da chuva e o fim da época futebolística, com Derlei a marcar finalmente um golo que entrou devagar, devagarinho... Num ventos fim de tarde na Luz, valeu isso, o outro golo de Mantorras, e os aplausos do público às geniais jogadas de Rui Costa e de Karagounis (um deve ficar, o outro, infelizmente, é pouco provável), aos golos - o segundo de Mantorras - e à saída de Micolli, que muito dificilmente envergará o Manto Sagrado depois de Maio.

Ao que parece, o Porto ganhou o campeonato. Soube-o porque passei no Marquês de Pombal, em Lisboa, depois do jogo, e vi três carros de cachecol azul em riste, a apitar enquanto continuavam a circular à volta da estátua do Conde de Oeiras. Na televisão, mostraram ainda os adeptos portistas que "enchiam" a dita rotunda e as comemorações nos Aliados, em que bandos de jagunços da conhecida associação que dá pelo nome de Super Dragões se divertiam a espancar-se e a esfaquear-se entre si. Já não é preciso os benfiquistas irem para lá quando ganham títulos: são os próprios que se encarregam de fazer com que o Porto, pelos idos de Maio, se pareça com Karachi.

sábado, maio 19, 2007

Doçaria Regional

Em resposta a este pequeno desafio sobre doçaria regional, deixo a minha pequena contribuição, esperando que possa beneficiar quem se deslocar aos respectivos locais e aos que derem com os estabelecimentos abaixo referidos:

- Cristas de galo do Lapão, em Vila Real.

- Eclairs da leitaria da Quinta do Paço, no Porto

- Caminhenses da Docelândia (ou da Riviera), em Caminha.

- As cornucópias da Alcôa, em frente ao Mosteiro de Alcobaça.

Os bolos do Ao Bom Doce, junto ao cais de Vila do Conde e à capela de Nossa Senhora do Socorro, apropriadamente com forma de suspiro. Qualquer um deles. Uma coisa inimaginável (apesar da má cara de quem está por trás do balcão), única, de comer e chorar por mais.

quinta-feira, maio 17, 2007

Subidas

Um esquecimento fatal, que já data do último fim de semana. As duas vagas de subida à primeira divisão foram já preenchidas pelo vitória de Guimarães e pelo Leixões, dada a queda vertiginosa do Rio Ave. Os vimaranenses conseguiram um regresso já anunciado desde o ano passado, mesmo que tenham estado em maus lençóis a dada altura do campeonato. Mas as minhas felicitações vão directas para o Leixões, o velho clube matosinhense, que já deu mesmo azo a estudos sociológicos. Dezoito anos entre a Honra e a 2ª B, com uma final da Taça a meio, acabaram no último domingo, em Moscavide, e prosseguiram em grande festança na terra de Passos Manuel e Siza Vieira. Conheço bem o entusiasmo dos seus muitos adeptos, pelo jogos que vi e pelos meus tempos de liceu em Matosinhos. Que tenham êxito na divisão maior (menos contra o Benfica), e que ajudem a aumentar, no velho Estádio do Mar - algo distante do oceano - a pobre média de público dos estádios deste país.

PS: vi agora que o Leixões comemora este ano o seu centenário. Melhor celebração e acontecimento mais feliz não podia haver, certamente. Serviu até para se reactivar para passageiros, e não apenas para mercadorias, a antiga gare de Matosinhos, que esteve por uma tarde ligada ao Oriente.

quarta-feira, maio 16, 2007

Jacques Chirac
Há dias, vi um documentário sobre a vida e a carreira política de Jacques Chirac. As características que mais se lhe apontam estavam todas lá: o oportunismo, o charme pessoal, o interesse pelas civilizações do médio-oriente, a mudança de convicções de uma década para a outra, a devoção ao Gaullismo. Além dos traços pessoais, tem ainda os comuns aos principais políticos franceses: décadas a andar na ribalta, com maior ou menor sucesso, e sucessivas tentativas de alcançar o mais alto cargo nacional.

O percurso político de Chirac já data dos anos sessenta. Começou no gabinete de Pompidou, do qual se tornou homem de confiança, tendo sido deputado, secretário de estado e ministro de várias pastas. Depois da morte do dinamizador do museu do Beaubourg, resolveu apoiar Valéry Giscard d ´Estaing nas presidenciais de 1974. Acabou por ser decisivo, e tal empenho valeu-lhe o cargo de primeiro-ministro, aos 42 anos. Mas a rivalidade entre os dois homens acabou por ditar a saída de Chirac, por "falta de condições", em 1976. Logo a seguir, fundou o RPR, o novo grande partido gaullista da direita francesa, aproveitando os movimentos já existentes no terreno, nomeadamente a UDR, candidatou-se à câmara de Paris e tornou-se o todo poderoso Maire da capital francesa, derrotando a candidatura suportada por Raymond Barre, seu sucessor na chefia do governo e homem de confiança de Giscard. Tentou sem êxito as presidenciais de 1981, ganhas por Miterrand, mas viria a ser de novo primeiro-ministro em 1986, impondo uma política de austeridade, em coabitação com o velho presidente socialista. Que o derrotaria de novo em 88. O maire de Paris, eurocéptico e soberanista, tornou-se um entusiasta da União Europeia no início dos anos noventa, mesmo a calhar para vencer à justa o referendo sobre o Tratado de Maastricht. Em 93, a RPR teve um êxito retumbante nas legislativas, e Balladur tornou-se chefe de governo. Dois anos depois, para as presidenciais, o RPR dividiu-se entre o primeiro-ministro (que teve o apoio de Sarkozy) e o Maire de Paris, que acabou por ganhar a contenda, ir à segunda volta conquistar o lugar que sempre ambicionara: a Presidência da França.

No primeiro mandato teve de suportar uma coabitação com Jospin e o conflito no Kosovo, e viu a França sagrar-se campeã mundial de futebol. No segundo, ganhou com mais de 80% dos votos contra Le Pen, foi mais atribulado: a crise no Iraque (que o tornou impopular a nível externo, mas que acabaria por lhe dar razão), apesar do apoio anterior à guerra no Afeganistão, a derrota do projecto da Constituição Europeia, a fundação da UMP, as diatribes com Sarko e o envolvimento nos casos de desvios de fundos entre a Mairie e o RPR.

É esta a longa carreira do homem que se despediu ontem da presidência, dando lugar a Sarkozy. "L ´escroc", para os inimigos, ou o homem que assumiu a liderança do mito gaullista e que estabeleceu laços entre o ocidente e a África e o Médio Oriente, para os admiradores. O seu principal legado terá mesmo sido esta influência francesa nesses territórios, e a sua larga popularidade, à qual potências como os EUA têm muitas vezes de recorrer. De negativo, fica como símbolo de uma classe política arrivista, burocrática, intriguista e de honestidade duvidosa, à qual se tenta pôr cobro no ciclo que agora se inicia.

segunda-feira, maio 14, 2007

A irrelevância do PCF


Voltando às eleições francesas, e à sua primeira volta, houve um resultado que não deixou de surpreender quem sobre ele se debruçou, já que a maioria dos eleitores e analistas estava mais virada para a segunda volta. A candidata e líder do Partido Comunista Francês (PCF), Marie-George Buffet, teve a irrisória votação de 1,93% dos votos, bastante abaixo, por exemplo, do candidato da Liga Comunista Revolucionária.

A queda do PCF tem-se vinda a acentuar ao longo dos anos, mas nunca os comunistas tinham tido um resultado tão humilhante. Se tormarmos em conta que o PCF já conseguiu ser o partido mais votado e esteve em mais do que um governo, o facto é ainda mais espantoso. O velho partido nasceu em 1920, em Tours, de uma cisão da SFIO (Section Française de L´Internationale Ouvrière). Apoiou, com socialistas e radicais, o governo da Frente Popular de Leon Blum, em que pela primeira vez se introduziu o sistema de férias pagas. Teve um importante papel na resistência à ocupação nazi. Depois da Guerra, tornou-se o partido mais votado, voltando a fazer parte de sucessivos governos. Mas com o apoio à invasão da Hungria, em 1956, perdeu inúmeros militantes e muita da intelectualidade que o compunha, e que progressivamente se afastava da URSS. Não soube aproveitar o Maio de 1968, que apanhou o partido desprevenido. Nos anos 70, chefiado por George Marchais, rompe com a URSS e abraça o Eurocomunismo. Em 1981, voltará ao governo, com a vitória de Miterrand nas presidenciais, mas sairá em 84, em ruptura com os socialistas. O declínio do partido é bem visível, e eleição após eleição, os votos diminuem, até à irrelevante soma atingida agora.

Diga-se ainda que uma imprensa regional e local muito extensa, e o seu órgão oficial, l'Humanité, fundado por Jean Jaurés, teve e tem ainda uma importante massa de fieis leitores. O PCF ainda tem um número interessante de militantes, embora longe de outros tempos. A sua sede nacional é um edifício dos anos 60/70 concebido por Óscar Niemeyer. E ao lado do "nosso" PCP, até é um partido renovado e com alguma abertura, e menos complexos estalinistas. Mas a intelectualidade e os artistas desapareceram, e parte do eleitorado das "classes operárias" mudou o seu sentido de voto e a sua confiança para outros movimentos de esquerda radical ou para a extrema-direita, alimentando o crescimento contínuo da Frente Nacional. Assim, o outrora pujante PCF é apenas uma sombra do partido que era peça importante de vários governos. A desintegração, a não adaptação aos novos tempos, a queda do bloco comunista (ainda que já tivesse havido um importante afastamento) e o afastamento dos intelectuais foram duros golpes, cujos resultados estão bem expostos na votação quase escondida de Marie-Georges Buffet.

quarta-feira, maio 09, 2007

Sem qualquer Monumentalidade

«Com o calor a despertar, é altura de começar a pensar em aproveitar o lado doce da vida. É esse mesmo o apelo do renovado Monumental, no Saldanha, em Lisboa, que passou a chamar-se Centro Comercial Dolce Vita Monumental. Ganhou mais luz e cores, que o tornam mais amplo, numa obra orçada em 1,3 milhões de euros."



Pena que não tenham pensado no tal "lado bom da vida" quando construíram o neo-Monumental, antes de ser Dolce vita. Um monstro de vidro e aço em lugar do cineteatro Monumental, o autêntico, vulto grandioso do modernismo, derrubado em tempos de Abecassis, nos anos oitenta, apesar de todas as ilegalidades administrativas de que se revestiu (consta que aquando da decisão do Supremo Tribunal Administrativo de a proibir, a demolição já ia a meio). Um autêntico crime urbanístico na Praça do Sadanha, em pleno centro de Lisboa. Nem a "luz e cores" lhe dão mais encanto.






terça-feira, maio 08, 2007

A nossa Segolène

Pensando bem , também temos a nossa Segolène, mas numa família política diferente. Teresa Almeida Garrett (Lucas Pires), jurista, ex-eurodeputada pelo PSD, ex-candidata à câmara municipal de Viana do Castelo. As semelhanças são bem visíveis, e o tailleur, ou costureiro deve seguir o mesmo modelo.



segunda-feira, maio 07, 2007

Pas de nouvelles
Também em França as surpresas foram escassas. As sondagens acertaram, os discursos não trouxeram novidades, a Concorde serviu de palco a manifestações de júbilo, a Bastilha a cenas de protesto e as banlieues a desacatos.

Sarko, o homem que correu metade da sua vida para chegar a este cargo, lá conseguiu, prometendo "a mudança". Desconfio que o homem que ajudou a incendiar os subúrbios franceses vai desiludir muitos dos seus entusiásticos apoiantes, lá como cá. A ideia do mérito e do trabalho depende mais da sociedade do que das forças políticas que a regem; a emigração ilegal não é coisa que se resolva com a ligeireza que ele assume; a "constituição simplificada" dependerá de outros estados; e a sua ideia velada de um directório não é propriamente animadora aqui para as bandas lusas - embora duvide que qualquer outro líder gaulês não fizesse o mesmo. Depois, as ideias proteccionistas do senhor colidem com muito do propalado liberalismo que anuncia. Contradições. Há vinte anos, Chirac era o campeão do liberalismo em França. Depois de umas breves medidas, tornou-se o defensor dos valores do Gaullismo. A ver vamos se Sarko não retoma a política do General de Colombey, contrariamente ao que apregoa agora.


Segolène acabou por desiludir, depois de quebrar a força dos anacrónicos elefantes da ex-SFIO. Pensava-se que surigiria com novas ideias, novas caras, novos rumos, mas acabou por repetir velhas fórmulas, propôr coisas inacreditáveis, como o salário mínimo europeu, a determinar por cada um dos países. É uma autêntica senhora gaulesa, elegante mas autoritária, que facilmente "reste en colère" quando a contrariam; lembrou-me muito as minhas professoras francesas da primária (mas sem a elegância). Terá de rever alguns conceitos e algumas estratégias. Talvez não lhe faça pior estudar um pouco as ideias de Strauss Khan em lugar de recuperar velhos jargões caros à esquerda amodorrada. Até porque as legislativas estão à porta. Não sendo necessariamente mais importantes do que as presidenciais, tendo em conta o sistema presidencialista do Hexágono, são relevantes e complementarão o acto eleitoral de Domingo. A neo-UDF, da Bayrou, terá também importantes palavras a dizer.


Os dois principais candidatos, como já se disse, respresentaram uma lufada de ar fresco na geriátrica classe política francesa. Serão eles, e mais um punhado, a dominar o panorama no mais politizado país europeu. Se não houver razões de força maior ou grandes choques pelo meio, as eleições presidenciais terão com certeza os mesmos protagonistas. Basta que se conserve uma qualidade fundamental dos que se candidatam a este cargo: a persistência. Sem ela, jamais Miterrand ou Chirac lá teriam chegado.
No Jardim do Atlântico

O soba ganhou, com votação esmagadora (mas não impressionante). A vitimização, a quase irreverência dos adversários, o não querer separar-se da massa enviado do "contenente", as inaugurações e outros meios públicos ao dispôr foram os obreiros destas eleições, como o foram sempre. Espero é que não tenham servido para nada e que o espírito das alterações à lei das finanças regionais se mantenha irredutível. Se assim acontecer, o sucesso do Dr. Jardim só lhe terá trazido mais oportunidades de beber umas ponchas.

quinta-feira, maio 03, 2007

O Soba do Atlântico tem admiradores continentais

É inacreditável como ainda se consegue defender Alberto João Jardim. Não falo dos seus apaniguados da Madeira, sempre à espera das festas do todo-poderoso, dos subsídios inesgotáveis e do discurso "anti-colonialista". Aludo, sim, aos estranhos defensores cá do "contenente", indignados com a maneira como o Soba atlântico cá é tratado. Já percebi que as razões têm sobretudo a ver com diferenças entre o rosa e o laranja, tanto lhes se lhes dando que Jardim use e abuse dos fundos que recebe, controle a imprensa local, insulte tudo e todos conforme a quantidade de álcool ou condicione a campanha eleitoral a seu bel-prazer, saíndo de uma inauguração para um comício e vice-versa. Porquê? Porque "desenvolveu realmente a Madeira" (com aquela massa toda, quem é que faria pior?), combate o "colonialismo" e "é a única oposição visível ao poder socialista". Óptimo. Mas porque não se preocupam também com a oposição a Jardim? Fidelidade partidária oblige?


Apesar de tudo, Manuel Monteiro teve mais coragem do que todos os outros juntos, ao deslocar-se à ilha e acusar o cacique de "estalinista", a propósito da rábula de Manuel Bexiga. Exagerado, certamente, mas aos abusos jardinistas (que chamou "fascistas" ao mesmo Monteiro e a Louçã) responde-se à altura. Como os meios estão todos nas mãos de quem governa há trinta anos, as campanhas também serão desiguais, e os resultados eleitorais não poderão ser muito diferentes do normal. Tudo igual como sempre, na terra do último soba do território português.

quarta-feira, maio 02, 2007

Uns chegam e outros partem

Ambitious Outsiders é um novo blogue, mantido por um ilustre advogado do Porto, dedicado em especial à pop dos anos 80. Smiths e Morrissey, New Order, Peter Murphy, e outros, com algumas biografias e os seus videoclips mais carismáticos à mistura, são temas frequentes deste blog. Que não se debruça somente sobre o revivalismo musical: não faltam fotografias do Porto e de variadas paisagens europeias, séries dos anos 80 (como O Polvo, em reposição no Canal Memória), literatura de terror, agendas de concertos, etc. Uma ligação a seguir com assiduidade.

Para grande infelicidade minha e dos vimaranenses, o 4800 Guimarães parece estar a dar as últimas. As tronitruantes discussões entre os seus mentores, todos vimaranenses integrais, frequentadores assíduos do Toural e da Oliveira, e com estudos académicos de relevo, assim o determinaram, ou não estivéssemos em terras do nosso estouvado primeiro rei (que me perdoem Coimbra e Viseu). Deixamos de conhecer os projectos grandiosos da cidade-berço, a eterna rivalidade inter-Minho, os pensamentos profundos da intelectualidade vimaranense e as pormenorizadas descrições das Nicolinas e Gualterianas. Deixo aí o seu genial logótipo, como recordação dos tempos em que se discutia o pensamento e a condição da Vimaranensidade.