segunda-feira, dezembro 31, 2018

Um dia para os refugiados


Todos os números demonstram que de ano para ano chegam menos refugiados à Europa. De 2015 em diante, os números são claramente mais baixos. E no entanto ainda são pretexto para discursos inflamados de ódio e publicações em páginas manhosas de autores não identificados nas redes sociais (ou de oportunismos descarados pela barricada adversária, aquela que escreve "refugiados bem vindos, turistas vão-se embora").  

Este ano o Prémio Nobel da Paz coube, e muito justamente, a Denis Mukwege, um médico congolês que ao longo dos anos tem tratado milhares de mulheres violadas nas terríveis e quase ignoradas guerras que assolam a região dos Grandes Lagos de África; e Nadia Murad, uma rapariga iraquiana yazidi que se viu escravizada e vítimas das maiores sevícias pelos membros da seita conhecida como "Estado Islâmico", depois de ver a sua família massacrada pelos mesmos, e que conseguiu fugir do seu cativeiro para a Alemanha. Um médico tratando de mulheres refugiadas no seu próprio país (ou dos vizinhos mais pequenos) e uma refugiada vítima de uma das maiores pragas dos últimos anos. A distinção que lhes coube relembra como os refugiados nem sempre são "invasores" nem migrantes económicos, mas sim, na maior parte dos casos -  daí o estatuto que detêm - pessoas que fogem da guerra e da morte quase certa, sempre em condições dramáticas e difíceis de suportar para a maioria dos que vivem na Europa ocidental. Por vezes ficam e até se superam. Eles ou os descendentes. 
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No mesmo dia do anúncio dos prémios, a 6 de Outubro, decorriam as cerimónias fúnebres de Charles Aznavour, na catedral arménia em Paris, com honras de estado na presença das mais altas figuras de França e da Arménia. Aznavour era uma das grandes figuras da música francesa, um resistente e uma voz que parecia eterna, e também uma das grandes figuras da francofonia. Mas era igualmente filho de refugiados, que como milhares de outros arménios, se refugiaram em França fugidos do genocídio do povo arménio perpetrado pelos turcos durante e depois da I Guerra, designação ainda hoje negada no país. O cantor apoiava a diáspora dos arménios e as suas causas e entrou mesmo em filmes que recordavam a desdita de que foram alvo (em Ararat, por exemplo). 
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Assim, no mesmo dia em que o Nobel da Paz era atribuído a refugiados e seus protectores, assistiu-se à despedida de um filho de refugiados que se tornou num dos mais queridos artistas do país que acolheu os seus pais. Uma coincidência feliz e simbólica, que podia e devia ter sido mais realçada.
Um bom ano de 2019 para todos

sábado, dezembro 29, 2018

Nomes tradicionais


Ele há coisas esquisitíssimas: então não é que os nomes próprios mais atribuídos em 2018 foram João e Maria? As pessoas lembram-se de cada uma…

Mas felizmente ainda há pessoas normais. Segundo as últimas notícias, a filha recém-nascida da actriz Rita Pereira chama-se Lonô, nome de uma divindade havaiana. Haja quem preserve as boas e velhas tradições portuguesas.

quinta-feira, dezembro 13, 2018

E uma greve de chico-espertos?


Este ano a época natalícia confunde-se com a época grevista. Há dias, um noticiário começou falar das greves em curso e só aos vinte minutos é que mudou de assunto. Havia-as de enfermeiros, estivadores, guardas prisionais, oficiais de justiça, bombeiros, funcionários da RTP, transportes públicos (como não podia deixar de ser), etc, etc, etc. Para além desta vaga grevista toda ao mesmo tempo - depois da aprovação do Orçamento, note-se -  reparei que a maior parte era às sextas e segundas-feiras, e nalguns casos em dias de ponte. Caros grevistas, bem sei que esse é um direito que lhes assiste, mesmo que que por vezes abusem dele. Mas logo nesses dias? Isso já ultrapassa largamente a falta de vergonha. Para quando uma greve ao chico-espertismo?