Há vinte anos, por esta altura, chegou ao Porto a primeira campanha do Banco Alimentar. Os espaços e armazéns eram bem mais pequenos, e os sócios, ainda que em boa quantidade para aquela estreia, menos numerosos. Participei logo nela, numa enevoada manhã de Sábado, distribuindo saquinhos e informação à porta do Jumbo da Maia (onde nunca tinha estado antes), perante a indiferença, enfado ou compreensão dos transeuntes. Mas lá se conseguiu fazer uma muito razoável campanha, e a partir daí, sempre em crescendo. Continuei durante vários anos a fazer campanha à porta dos supermercados, passando daí para o trabalho administrativo fora e dentro das campanhas (registar voluntários, por exemplo) e para os trabalhos mais pesados, de carregar e descarregar separar e acondicionar alimentos, no armazém propriamente dito, em especial no domingo à noite, quando chega o grosso dos donativos e há menos gente disponível, sobretudo nesta época pré-natalícia. É bastante cansativo e os músculos ressentem-se no dia seguinte, mas é compensador pela causa e pela alegria e entusiasmo no trabalho que não se vê em mais parte nenhuma. E nestes vinte anos deu para ver a crescente generosidade das pessoas, que aumenta ainda mais em tempos de crise. O Banco Alimentar passou da desconfiança ao reconhecimento total, mesmo com alguns escolhos pelo meio.
Vinte anos depois desses sábados de manhã nos hipermercados, o trabalho é diferente (mas não menos exigente), mas a causa é a mesma e as necessidades maiores. Neste fim de semana podemos ajudar uma quantidade de pessoas cujas necessidades podem não ser visíveis, mas existem e não são poucas. Dar uma ajuda ou um contributo no voluntariado pode não custar muito para quem dá, mas mas pode fazer a diferença para quem recebe.