Vai por aí grande escândalo por causa das declarações do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, sobre qual deveria ser o futuro d Partido Socialista francês. Valls apenas se militou a repetir-se a si mesmo coisas que já antes lhe tinham dado alcunhas como "socialista neoliberal". Agora, por dizer que "é preciso acabar com a esquerda antiquada" e que a sua esquerda é "pragmática, reformista e republicana", apanhou com fortes críticas dos sectores mais jacobinos e esquerdistas do partido, que embora no poder, anda pelas ruas da amargura em popularidade e apoio. Mas o que ele disse nem sequer é original nem mesmo recente. Já em 1993 Michel Rocard afirmava que o PSF era uma instituição a prazo e apelava para a formação de um novo movimento de centro esquerda, o célebre "Big-Bang da política francesa", juntando socialistas, ecologistas, defensores dos direitos humanos, centristas, etc. De certa maneira o que fariam mais tarde os italianos, com o Partido Democrático, ou a direita gaullista e liberal, com a UMP. Mas em França, com o regresso do PSF ao poder, fizeram ouvidos de mercador a Rocard e nunca mais se pensou no "big-bang". Agora, com a sangria de eleitores a rumar directamente para a Frente Nacional, continuam com bizantinismos ideológicos, mas cada vez mais exíguos. E no entanto, a vida partidária em França não é assim tão estática. O próprio PSF resultou de uma aglutinação promovida por François Mitterrand da velha SFIO com algumas formações menores de esquerda, nos anos setenta. Se Valls consegue retomar a ideia do "big-bang" e reformar o vetusto partido de Miterrand, Delors e Jospin (e assim travar um pouco a FN) antes que se torne uma formação menor será um dos desafios mais interessantes da vida política francesa, cuja vertente esquerda, que tal como o país, é pouco permeável a reformas.
segunda-feira, novembro 03, 2014
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