sexta-feira, março 31, 2006

Semana Ivory


A Condessa Russa, primeiro. O "velhinho" A Room With a View, depois. A minha "semana James Ivory", entre fleuma, elegância britânica e charme decadente decorre com sucesso.

segunda-feira, março 27, 2006

O estado do Douro e o regresso de Martins da "Cunha"

Convido-os a ler dois artigos. O primeiro é de António Barreto, veio no Público do último Domingo, e é uma visão interessante sobre o estado do Douro, região da qual deve ter um conhecimento razoável, pelos vários anos que viveu em Vila Real. Tendo em conta o habitual cepticismo ( ou mesmo pessimismo, ainda que construtivo) do autor, são certamente notícias auspiciosas. Há no entanto manchas no desenvolvimento do Douro, exemplificadas na morte lenta do caminho de ferro. Como o texto do artigo não está linkável, deixo-lhes um pequeno trecho:

"Esta semana, o Governo e a CP anunciaram o fecho de três linhas de caminho-de-ferro do Douro (Corgo, Tua e Tâmega), assim como a redução drástica da Linha do douro, do Porto à Régua. Na preparação de uma eutanásia, as primeiras três já vinham a ser asfixiadas há vários anos. A última está nesta mesma situação e acabará morta dentro de pouco tempo. O que se passa com as linhas de comboio já nem sequer é um escândalo. É pura estupidez (...) condená-la, primeiro, fechá-la, depois, é um acto de ingorância e vandalismo. É simplesmente o interesse indiscutível de utilização de um recurso e de uma fonte de riqueza únicos."

Impossível deixar de concordar com Barreto. Se este crime de lesa-património for verdade, a prazo as tradicionais fotografias sobre o rio serão tiradas de vias férreas cobertas de tojo e silvas.


Clara Ferreira Alves, em quem há pouco tempo aqui zurzi, traz-nos agora um artigo esclarecedor sobre as patéticas declarações do patético Martins da Cruz, ex-MNE. E com razão: por muito menos, Freitas do Amaral ouviu os piores remoques e acusações. Mas esta regressada personagem parece passar quase incólume, apesar da sua quota-parte de irresponsabilidade em colocar Portugal como cúmplice da mais estúpida, inútil e desastrosa guerra dos últimos vinte anos. Talvez seja mesmo um caso de diferença de relevância.

Resta-me esperar, hoje, pelo jogo de logo e pela (esperada) vingança de Simão & Geovanni. Haja fé! E que se desbarate a defesa catalã.
Blues em Coimbra

Estava em Coimbra, na outra Sexta à noite, mas o imenso cansaço que sentia impediu-me de ver o concerto de Blues do Mississipi de Adolphus Bell e George Higgs, até ali uns desconhecidos para mim. Três horas de espectáculo para quem tinha de se levantar cedo eram empresa demasiado pesada. Se alguém conhece os artistas ou teve de os ouvir, é favor dizer se perdi um espectáculo irrecuperável ou se fiz bem em preservar corpo e mente.
De qualquer maneira, sempre se economizaram uns euros, que como compensação poderão servir de pé de meia para rever, dia 20 de Julho, aqueles respeitáveis senhores de Boston, tal como afirmei, há uns meses atrás, ao relatar o meu primeiro encontro com eles.

quinta-feira, março 23, 2006

OPA

O BCP anunciou a sua Operação Pública de Aquisição sobre o BPI. Santos Silva e Ulrich é que não se ficaram pelos ajustes, e o primeiro disse mesmo, em tom passionário e inflexível: "não passarão, e desta vez não passam mesmo". Já a opinião economicista anda eufórica. com os sinais de "dinamismo da economia".
Pode muito esta dinâmica ser importantíssima para o país. Eu por mim, por ser seu cliente, gostar dos seus serviços e simpatizar com a ideia de uma instituição bancária, sólida e fiável, estar radicada no Porto (como já houve tantas, entretanto engolidas), também estou contra a OPA. O meu lado da barricada é o do BPI. O Millenium não passará.

segunda-feira, março 20, 2006

Quizz

Como se chama a mistura de hip-hop e reggae com judaísmo religioso? Até agora só teve um nome: Matisyahu. O resultado, podem ver aqui. O rapaz nascido em Brooklin, seguidor da corrente hassídica(que teve origem na Ucrânia, utiliza preferencialmente a língua iídiche), faz a devida comparação entre rastafarianismo e judaísmo. Se a moda pega, ainda vamos ver mullahs xiitas a dedicar-se ao Nu-metal, ou monges budistas a cantarem música Axê.

sábado, março 18, 2006

Outros links, agora mais específicos. O Rodrigo Moita de Deus voltou em grande aos posts sobre liberais, com o "Liberalómetro", um quiz só para liberais da sua autoria. Absolutamente imperdível.

Já tem uns tempos, mas a Memória Inventada(perdão, Força de Boqueio) analisou e dissecou as partes eróticas do best-seller de José Rodrigues dos Santos, o que lhe permitiu criar algumas opções - ou elementos - alternativas que só enriquecem o texto. Chamou-lhe "Gerador de Grandes Momentos de Literatura Erótica".
A ler usando simultaneamente a maior criatividade possível. O próprio escritor/jornalista/pivot do Telejornal não perderia nada se o lesse.

Com um novo blogue, Eduardo Nogueira Pinto chama a atenção para um DVD intitulado Mobutu, Roi du Congo. A ascensão e queda do "Grande Leopardo", um dos mais corruptos e traiçoeiros ditadores africanos dos século XX, seguidos passo a passo. Um perfeito exemplo dos megalómanos líderes que alcançaram o poder nos anos 60 em África, através de movimentos e ideias anti-coloniais por um lado, e sobrevivendo graças aos antigos colonizadores, por outro.

quarta-feira, março 15, 2006

Actualização de blogues - regressos e despedidas

Uns caiem, outros regressam. O Sinédrio cessou actividades. Mais estranho é o caso do Espectro, que depois de uma entrada retumbante da Constança Cunha e Sá e Vasco Pulido Valente no meio (por vezes com artigos repetidos da imprensa), atingindo mesmo o nº 1 do share, resolve terminar de forma inesperada. Será que VPV se aborreceu com o modelo e quis continuar a ser um exclusivo da imprensa? Estará este fim de alguma forma relaccionado com a entrada de CCS no Público, como parece indicar a sua crónica de sábado passado? Aborreceram-se com a interminável caixa de comentários (onde se deparava com tudo, desde o insulto mais an
onimo até ao elogio mais terno, sem falar nas discussões que nada tinham que ver com o post em causa)? Ou já tinham tudo planeado desde o início e estão a rebolar-se de riso com todas as suposições dramáticas que a sua despedida provocou entre toda blogoesfera? Têm aqui minúsculas contribuições para algumas teorias conspirativas.

Regressos: o Avesso do Avesso, de Filipe Moura, ex BdE. E Os Canhões de Navarone, de Rui Ângelo Araújo, ex-director da Periférica (e do seu blog), aquela cosmopolita revista transmontana de literatura e não só, que findou no mês de Fevereiro. Acreditem que tive como um dos prazeres do meu último Carnaval poder ler o excelente último número da revista à lareira, com temperatura lá fora abaixo de zero, na própria localidade de onde (a publicação)era proveniente. Mas sobre o último entrudo falarei mais lá para a frente.

terça-feira, março 14, 2006

O esclarecimento que faltava


quinta-feira, março 09, 2006

Lindo!


Fantástico, maravilhoso, histórico, épico! Não há palavras para descrever o triunfo de ontem à noite. Pela primeira vez, uma equipa portuguesa ganhou no temível anfiteatro de Anfield Road, frente à infernal bancada Kop. E logo por dois secos, perante o próprio campeão europeu em título, outro feito inédito de equipas lusas. Em duas jornadas europeias, vencemos os reds de Merseyside por três a zero. Consuma-se assim a vingança das derrotas que Ian Rush, Graeme Souness & Cia nos impuseram entre os anos setenta e oitenta.
Resumindo: talvez a maior vitória de um clube português no campo do adversário. Uma noite histórica, a fazer recordar os longínquos anos sessenta, e que prova que o Benfica definitivamente acordou. Entre os vários momentos da partida - o estrondoso golo de Simão (agora vale 20 milhões, meus caros), os falhanços dos avançados hispano-ingleses, os cânticos das duas falanges de apoio, o fair-play do público - há um de que não mais me esquecerei: o pontapé de bicicleta de Micolli, a passe de Beto (!!!), e a sua comemoração junto dos adeptos benfiquistas. Foi a consagração da vitória e a certeza de que ela não mais nos escaparia.

quarta-feira, março 08, 2006

Saudades de Billy

Continuando com o tema "Óscares", em especial o último parágrafo, é verdade que Jon Stewart esteve benzinho, melhor, em todo o caso, que Chris Rock (era este, não era? Às vezes confundo-o com o Chris Tucker). Mas nada consegue fazer esquecer Billy Crystal e as suas hilariantes montagens parodiando com os vários candidatos. Foram anos de alegria, que ("ó vós que sois crédulos, perdei toda a esperança") não mais se repetirão. Já no ano passado Crystal não compareceu por estar a interpretar na Broadway o seu monólogo teatral "700 Sundays".

Essa era pelo menos a razão oficial. Mas há outras causas. É que este vosso humilde blogger, há coisa de um ano e um mês, na sua fria deslocação a Manhattan, apanhou o conhecido actor à saída de mais uma sessão. Como ele estava com paciência e os que o esperavam não eram mais de meia dúzia, deu para cumprimentar o protagonista de When Harry Meet Sally e perguntar-lhe porque é que não apresentava os Óscares daquele ano. Disse-me que estava mais interessado na peça e que estava farto depois de anos como mestre de cerimónias. "I did It all my life", foi a resposta, seguida de uma francesa "J´ai fait ça toute ma vie". É verdade, o actor julgou que eu fosse francês, pela minha pronúnica e aspecto, antes de eu o esclarecer acerca da minha real proveniência.
Fiquei assim ciente das causas reais do desaparecimento de Billy das cerimónias de Hollywood: além da carreira nos palcos, está farto da trabalheira que lhe davam os Academy Awards. Quem sabe um dia, se as saudades lhe baterem à porta, ele não volta com a boa disposição do costume.


A prova: Billy Crystal apanhado à saída do teatro, em Fevereiro de 2005

terça-feira, março 07, 2006

Óscares 2006



Não sei porquê, mas este ano não senti tanto a emoção dos Óscares. Talvez porque não tivesse conhecimento profundo da maioria dos filmes em concurso. Ou porque as minhas expectativas quanto aos candidatos também não se revestissem de favoritismos extremos. Por isso, distraí-me e não apanhei as vitórias daqueles por quem eu mais torcia: George Clooney e Rachel Weisz, pois claro. O óscar de melhor actor para Seymour Hoffman (parabéns a Pedro Mexia) era esperado e fica em boas mãos, mesmo com boa concorrência. Talvez o merecedor do Óscar fosse antes um não nomeado (isso mesmo: Ralph Fiennes). Já tenho mais dúvidas quanto a Reese Witerspoon, mas a verdade é que também não vi Walk the Line. Estou é habituado a vê-la em papeis mais leves, e, como acho que o respeitinho é muito bonito e nestas coisas gosto de premiar as carreiras, preferia que tivesse ganho Dame Judi Dench. Veremos é se Reese se aguenta frente à famosa maldição das oscarizadas. Em todo o caso, Charlize Theron parece que conseguiu ultrapassar bem essa fase.

Ang Lee como melhor realizador...bom, pela carreira que já tem e pelo objecto que tinha em mãos, acho que é merecido. Em relação ao resto, parece-me que a Academia preferiu ser salomónica e conciliadora, dividindo o mal pelas aldeias, e assim furtar-se a dar o prémio de melhor filme a uma obra como Brockeback Mountain. Crash, um filme de um realizador estreante que já por aqui andou durante o Verão, e que aborda igualmente temas "nobres", acabou por ser a única surpresa da noite - eu pelo menos não contava nada. Assim, a fita dos "caubois larilas" ficou aquém das expectativas e King Kong e Memoirs of a Gueisha acabaram por ser recuperados. Parece-me porém que depois deste ano, em que aparecem num sem-número de filmes, Jack Gyllenhall e Heath Ledger (lembram-se dos Irmãos Grimm?) têm a carreira definitivamente lançada. No futuro não lhes faltarão certamente novas nomeações.

O Stewart de serviço, pareceu-me razoavel, cáustico quando devia ser, mas o momento de que mais gostei talvez tenha sido o prémio de carreira a Robert Altman (apesar do discurso interminável), atribuído pelas fabulosas Meryl Streep e Lily Tomlin. E é sempre bom ver caras conhecidas, como as citadas senhoras, Jack Nicholson (a sua expressão final valeu por meio espectáculo) ou William Hurt. Pouco mais houve. Só mesmo a passadeira vermelha do costume.

segunda-feira, março 06, 2006

Uma lamentável ignorância

Esclareçam-me se estiver enganado (e por isso a ser injusto). Mas contaram-me que no último Eixo do Mal, os comentadores fizeram menções pouco abonatórias à nova ERC e principalmente ao seu presidente, Azeredo Lopes. Ao que parece, "ninguém conhece o senhor Azeredo".
Pois bem, eu que o conheço e o tive duas vezes por professor, em áreas jurídico-internacionais, esclareço que se trata de um conhecido especialista em direito internacional, ex-comentador residente na RTP nessa área e actual director da área de Direito da Universidade Católica do Porto; e que até há bem pouco tempo intervinha no debate "Choque Ideológico", da RTP-N.

Poderão ainda assim os residentes do Eixo afirmar que não o conhecem? Da parte do burlesco José Júdice, com o seu ar entediantemente snob, é bem provável; Daniel Oliveira também gosta muito de falar sem ter conhecimento de caso; Luís Pedro Nunes também parece gostar muito de discorrer sobre qualquer assunto, e Nuno Artur Silva dá ideia de andar na maior parte das vezes aos papeis.
Mas Clara Ferreira Alves, que tanto gosta de ser a grande educadora do país, e a digna representante da inteligentzia de entre Campo de Ourique e o Chiado, ou tem fraca memória ou então finge que não conhece: é que há coisa de um mês, na mesma Universidade Católica onde Azeredo Lopes ocupa um cargo de responsabilidade, a cronista esteve deu uma espécie de conferência em tom intimista e familiar, intitulada "estórias da minha vida"; verdade seja dita, teve bastante interesse e revelou-nos coisas como a sua amizade com David Gilmour, na Londres dos anos oitenta, imaginando que o vocalista dos Pink Floyd era apenas um modesto músico com o fundo dos bolsos furados. Mas na tal "conferência", que não abarrotava propriamente de público, estava, na primeira fila, o novo presidente da ERC, um dos autores do convite à oradora, em conjunto com outros professores da casa. No fim, Clara Ferreira Alves ficou em larga conversa com o pequeno grupo de docentes, alguns dos quais eram, segundo me disseram, seus amigos. Por isso, não me cabe na cabeça que ignore quem é Azeredo Lopes, ou que tenha tido um lapso momentâneo de memória: sabia perfeitamente de quem falava mas quis passar por distraída. Melhor faria se, em lugar de querer provar que as pessoas que conhecidas vivem todas entre Vila Franca de Xira e Cascais, dissesse alguma coisa, ainda que pouco abonatória, sobre a pessoa em questão. É que mais depressa se apanha um(a) fingidor(a) do que um coxo.

PS: escrevi este post antes de ter tido conhecimento, via Acidental, de um texto de pura maledicência de Vasco Pulido Valente. Um ataque pessoal ridículo e despropositado, escrito provavelmente entre dois Jonnhy Walker´s, num momento ainda mais verrinoso do que o costume para o espectral bloguista.

sábado, março 04, 2006

À lista de filmes que referia dois posts abaixo, acrescentem lá Good Night and Good Luck, outro que se arrisca a ser um dos filmes do ano (embora alguns bloggers "liberais"de serviço, admiradores do senador Mc Carthy, devam fugir dele como o diabo da cruz).



E a propósito: parece que mais um Fantas está a chegar ao fim. Outro ano em que ficarei a murmurar: "para o ano é que lá vou".