sexta-feira, abril 28, 2006

Velhos hábitos

Por vezes temos uma necessidade premente de regressar a alguns velhos hábitos. Pode ser por qualquer causa inexplicável, ou por qualquer motivo facilmente compreensível. Essa segunda hipótese preencheu os requisitos que me levaram à prática de um acto esquecido: fui ao cinema, num Domingo à tarde, sozinho, a uma sessão que durava mais de três horas. Só é pena (até por causa da duração completamente proibitiva nos tempos que correm) que não houvesse intervalo e tempo para um café. Mas já não há Nun Álvares como antigamente, e o espaço não tinha a nobreza de antanho.

O filme que me levou a esconder-me de uma tarde de sol para ficar frente a frente à tela? Uma coisa antiga, que resolveram repôr, chamada Il Gatopardo, ou em português, o Leopardo. Como ainda não o tinha visto, resolvi pôr a cinefilia em dia. Merece as suas quatro ou cinco estrelas, claro está.

domingo, abril 23, 2006

O seu a seu dono

Para demonstrar o meu fair-play e para não dizerem que não sei reconhecer o mérito alheio, dou os parabéns ao FC Porto pela conquista do campeonato que agora termina, por ter sido a equipa mais regular, com a melhor defesa e o melhor ataque, mesmo que sem grande rasgo. Isto apesar de o ter conseguido num jogo ganho com um penalti duvidoso e com uma invasão de campo feita pelos meliantes do costume.

Ainda assim, repito, parabéns pelo título deste ano.


quinta-feira, abril 20, 2006

O que retive destes dias de Páscoa

- Dez anos depois, o Benfica voltou a ganhar em casa do Boavista. Por azar das datas, não estava no Porto, e não pude ir ver o Glorioso ao Bessa, como faço habitualmente. Ainda me lembro da última vitória antes do interregno, há dez anos: apertado entre os No Name Boys e os Diabos Vermelhos, pude ver uma exibição fabulosa de João Vieira Pinto (agora na equipa adversária), que à sua conta marcou dois golos, num grande jogo, com um público esfuziante, em bancadas sem cadeiras e sem cobertura. Parece que este ano se viu um desafio mal disputado, com muitos erros arbitrais para os dois lados, e pouco público entre frias e modernas bancadas. Salvou-se a vitória e os três pontos.

- a vergonhosa ausência dos deputados, que não permitiu inclusivé a votação de umas quantas propostas, é exactamente isso: uma vergonha, por muito que Vasco Pulido Valente o negue. Sabendo-se que a popularidade dos componentes do orgão legislativo já anda pela hora da morte, é de perguntar o que é que estes indivíduos terão na cabeça, e se não perceberão a triste figura dada por aqueles que deveriam ser os mais resposnáveis dos cidadãos.

- Recomendo a todos uma incursão por terras de Moncorvo e de Freixo de Espada- à -Cinta, que ainda não conhecia. O ideal seria fazer o percurso da extinta linha do Sabor, até ao planalto mirandês. Se a questão fôr conhecer os percursos ferroviários transmontanos, aconselho as linhas do Corgo e do Tua, antes que também essas fechem. Fiquei mas é com uma vontade imensa de conhecer a Terra Quente, com menos pressa e mais detalhe. Um percurso a repetir e a prolongar.

Memória de um dia negro

Quem acha que a literatura infanto-juvenil não ensina nada engana-se redondamente. A colecção Uma Aventura, da autoria de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, marcou a minha geração como Os Cinco (que também li) tinham marcado a anterior. E ao que parece, continua a marcar pontos, com novas histórias constantemente a saír e até uma série na televisão. As mesmas autoras criraram igualmente as Viagens no Tempo, em que um cientista, acompanhado por um casal de jovens irmãos, viajava para o passado numa máquina do tempo. No fim das referidas aventuras havia sempre numerosos dados e aspectos relativos à época da acção do livro. Tomei por aí conhecimento de um conjunto de factos da história portuguesa, alguns pouco divulgados nos bancos das escolas.
Só por aí é que conhecia o massacre dos cristãos-novos em Lisboa, faz hoje 500 anos. Um acontecimentos trágico, na senda da expulsão dos judeus e muçulmanos e da sua conversão forçada ao cristinaismo, em tempos de fome e peste. Algo permitido pela tibieza e afastamento de um D. Manuel I que não se coibiu depois de punir os autores da matança, mas cujos efeitos prosseguiriram com a criação da Inquisição, no reinado seguinte. Tudo isto lembrado pela Rua da Judiaria, na sua busca da memória, e secundado por muitos mais. Não moro em Lisboa nem tenho grande disponibilidade para manifestações a relembrar o nosso pequeno holocausto, mas tentarei ao máximo não esquecer, sobretudo hoje, que também na nossa terra de brandos costumes o ódio e a intolerância provocaram vítimas indiscriminadas. E que só a memória pode evitar que irracionalidades semelhantes se repitam.

quarta-feira, abril 12, 2006

Depois do fim da Quaresma, prometo colocar uns posts sobre o defunto CPE francÊs e outras considerações internacionais. Abrir-se-à também um novo capítulo dedicado a viagens, uma vez que o clima está a melhorar consideravelmente.

Até lá, não se desiludam com Basic Instinct II (já ficam avisados contra expectativas excessivas), tenham atenção relativamente a V de Vendetta ( e sobretudo a Natalie Portman, mas a chamada também é desnecessário) e aproveitem o sol de Abril. Cumprindo estritamente a Quaresma, claro. Bom, estritamente, estritamente, é complicado para o comum dos mortais, mesmo os que sofrem de fé cristã. Talvez seja bom relembrar que comer peixe à Sexta-Feira é a menor - e a mais fútil - regra da época.

Uma boa Páscoa para todos.

segunda-feira, abril 10, 2006

Desmemoriação vermelha

Nos cartazes e panfletos do PCP pode-se ler "Nem Bolonha, nem propinas", ou "Não a Bolonha". Que estranha ironia das coisas. É que Bolonha era precisamente conhecida como "La Rossa", por causa da enorme força que o maior partido comunista da Europa ocidental aí tinha. E mesmo agora, é uma cidade que continua com uma ampla tendência para votar à esquerda. Que extrema ingratidão, a do nosso PC. Ou serão talvez os sinais dos tempos.



PS: ao que parece, Berlusconi terá mesmo perdido as eleições. É um autêntico alívio ver o fim de um dos mais patéticos governos europeus, com os seus aliados separatistas e de ideias duvidosas. Vamos ver agora como se governará Prodi com a sua coligação-amálgama de democratas-cristãos, socialistas, republicanos, radicais, verdes, comunistas e tutti quanti.

domingo, abril 09, 2006

O dia em que o Acidental completa dois anos é também o da sua despedida. É o fim de um blogue de referência, mas a aventura parece ter continuação com a nova Atlântico. Com as leituras do costume, espera-se.
Igualmente fechado está o excelente Aforismos e Afins. Se a blogoesfera não acabou, como previam os Acidentais, está em reestruturação profunda. Mas como já provaram alguns suspeitos do costume, nesta área os criminosos voltam sempre ao local do crime, ou pelo menos ao teclado.

quarta-feira, abril 05, 2006

Nervos

O nervoso miudinho já percorre o corpo. Daqui a pouco vai dar-se o grande confronto entre o SLBenfica e a filial catalã do FC Basel suíço (vulgo "Barça"). Depois de um trepidante 0-0 na Catedral, pedem-se golos (nas redes culés, pois claro) e nova jornada gloriosa. Se não puder ser, alguma paciência forçada. Não percebo é a aparente tranquilidade de alguns boletins do clube de Barcelona camuflados em jornais desportivos da cidade condal. É que os blogues dedicados ao clube parecem-me bem menos temerários.

Força, Grande Benfica


domingo, abril 02, 2006

Sequela

É sabido que a actual indústria cinematográfica atribui a qualquer êxito a respectiva sequela (como se verá com o novo filme de Mrs Sharon Stone). Mesmo nos casos mais improváveis. Assim, depois de surpreender na bilheteira e entre a crítica (e de desiludir nos óscares), o famoso Western que revolucionou o gênero terá direito a uma continuidade paralela, segundo informação transmitida pelo Amor e Ócio


Ah, se estivéssemos noutro dia...